Alguns meios de comunicação sempre difundiram o pensamento de que o jornalismo só trazia prejuízos para as empresas do setor. Alegavam que pouca gente queria anunciar nos intervalos comerciais dos telejornais. Como os jornalistas normalmente não podem fazer merchandising, seria, em tese, pouco atraente para as empresas.
Além disso, sempre se vendeu a imagem de que o jornalismo é crítico demais. E ninguém quer pagar para correr o risco de, mais tarde, ser criticado por conta de determinada crise. Ou por, de repente, prejudicar a imagem de algo que a empresa patrocine. Enfim, seja qual fosse a argumentação, as empresas de comunicação sempre alegaram que o jornalismo dava prejuízo à arrecadação e ao departamento comercial.
Mentira deslavada. A reportagem de Anderson Scardoelli, publicada ontem no site Comunique-se, revela que o jornalismo pode faturar muito dinheiro para um veículo de comunicação. Sem divulgar números, ele revela que "o jornalismo e a dramaturgia são os núcleos que mais geram receita para a TV Globo".
A informação é do diretor geral da emissora, Octávio Florisbal. São as duas principais fontes de receita da casa. Ainda segundo a reportagem, "atrás do jornalismo e dos folhetins produzidos pela Globo, o departamento de esportes é o que mais arrecada. Os shows e outras atrações de entretenimento e variedades, incluindo seriados e programas esporádicos somam a quarta força de arrecadação do canal".
Ou seja, jornalismo só dá prejuízo para empresa picareta. Para empresa cuja direção é incompetente, que aposta em profissionais mal preparados, que enche a redação de estagiários e que não sabe vender, ou melhor, FAZER, um bom produto. Jornalismo feito com seriedade e credibilidade vende e fatura, como o próprio Florisbal confirmou.
Porém, jornalismo demanda investimento pesado. Fazer cobertura de notícias é dispendioso. Precisa ter bons equipamentos, montar grandes equipes de reportagem e, acima de tudo, contar com profissionais gabaritados, experientes e donos de excelente bagagem, reputação e imagem.
Quando se faz isso de modo sério, sem achar que um bando de estagiários vai resolver o problema de produtividade de determinada empresa, já é um passo para construir um produto de boa qualidade, que poderá ser comercializado com facilidade.
Scardoelli ainda escreve que, "dividido entre conteúdo local e nacional, a Globo dedica cerca de cinco horas diárias da sua programação para o jornalismo. Ao todo, nove noticiários são produzidos por dia pelas duas principais geradoras de conteúdo da rede: São Paulo e Rio de Janeiro".
Por isso, considero a TV Globo anos-luz de distância à frente da concorrência. Não tem a reputação totalmente imaculada, pois alguns fatos, como a "cobertura" das "Diretas Já" e o famigerado compacto do debate entre Collor e Lula, em 1989, exibido durante uma edição do Jornal Nacional, editado de forma suspeita, mancharam um pouco o jornalismo da emissora.
No entanto, foram fatos pontuais. Nada disso impediu que, hoje, a TV Globo tenha com o jornalismo o mesmo faturamento de suas tão renomadas e endeusadas novelas. Amigos empresários, dá para ter lucro com jornalismo e com o esporte. Não tenham medo. Invistam! Um forte abraço.
Facebook: Leandro Martins
Twitter: @leandropress
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