Ontem, lá pelas tantas, conversava com meu amigo e comentarista do programa Esporte na Rede, da UPTV, Alexandre Aníbal, sobre a transmissão de grandes eventos como os Jogos Pan-Americanos de 2011, em Guadalajara, no México. E o papo que tivemos motivou o conteúdo do post de hoje.
Em minha opinião, foi muito saudável que a TV Record tenha conseguido pagar pela transmissão do Pan e pelas Olimpíadas de Londres, no ano que vem. Isso tira um pouco o foco da TV Globo, que é líder incontestável de audiência no Brasil. O fato promove um outro olhar sobre o esporte e cria novas vagas aos profissionais da comunicação no (restrito) mercado de trabalho.
É louvável que uma rede de comunicação como a Record transmita o Pan. E para que o trabalho seja bem feito, é necessário dispor não apenas de recursos financeiros, mas também de profissionais preparados, com larga bagagem, boa cultura geral e gabaritados para levar ao público um evento de grandes proporções.
O segredo está no material humano. Claro que, na transmissão de um acontecimento como esses, as imagens, na maioria das vezes, falam por si sós. Mas cabe ao comunicador, locutor, jornalista, comentarista e repórter levarem ao público a informação de um modo compreensível. Isso é feito com palavras simples, muita informação e excelente conhecimento das regras dos esportes que são transmitidos.
Aníbal disse-me, com total razão, que, no Brasil, temos uma monocultura esportiva. Ou seja, aqui as pessoas só gostam, assistem, entendem e falam sobre futebol. É verdade. A grande massa brasileira é apaixonada pelo esporte bretão. Mais do que isso, é clubista. Torce só pelo time de coração, sem um sentimento nacional pela Seleção Brasileira (resposta, aliás, à atitude de muitos jogadores que vestem a "amarelinha", indiferentes ao povo brasileiro. Este tem usado a máxima: a recíproca é verdadeira).
Justamente por isso, muita gente acaba não gostando de futebol e valorizando os outros esportes que, aqui no Brasil, sofrem para conseguir apoiadores e dinheiro para se desenvolverem. Logo, quando esse público vê a transmissão dos outros esportes, não suporta ouvir termos futebolísticos.
Foi o que eu e Aníbal vimos ontem na transmissão do jogo de Handebol Masculino, entre Brasil e Venezuela, em Guadalajara. Reinaldo Gottino era o narrador. E usava termos do futebol como "na entrada da área", "dando de goleada", "golaço", "fulano fica na barreira". Não citava o nome de um jogador sequer, nem das jogadas específicas do handebol como a vaselina (lance em que o arremessador encobre o goleiro).
Pura e visível falta de preparo. Na sequência, vi uma repórter loira, alta, da qual não me lembro o nome, entrevistando as ginastas brasileiras. Falou sobre tudo, sobre a maquiagem, o cabelo, o uniforme. Tudo, menos sobre a competição, as adversárias, os movimentos. Gaguejava a cada cinco segundos. Um show de horrores.
A transmissão do Pan tem sofrido duras críticas por quem acompanha o jornalismo esportivo. E com razão. Não morro de amores pela TV Globo, nem tenho por que defendê-la mas, verdade seja dita: a emissora dos Marinho está anos-luz à frente das concorrentes em qualidade. Percebe as tendências (ou as cria) antes das outras. E nas transmissões, se não é um primor, pelo menos faz um trabalho bem aceitável.
Portanto, está mais do que claro que investimento em estrutura e modernos equipamentos não basta. A tecnologia de ponta deve ser sempre acompanhada de material humano qualificado. Gente inteligente, esforaçada, trabalhadora, talentosa. E isso ainda falta nas grandes transmissões de eventos. A Record é um bom exemplo. Um forte abraço.
Facebook: Leandro Martins
Twitter: @leandropress
Não vi muita coisa sobre o Pan , mas o pouco que vi gostei, acho que sempre temos em mente o padrão Globo de transmissão quer a Record quer copiar a todo instante. Vi muito a ginastica com os irmão Hypolito e gostei da transmissão e comentários.
ResponderExcluir