sexta-feira, 29 de julho de 2011

Blog entrevista jornalista e escritor Elias Awad


Em tempos de debates acalorados sobre o fim da obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalista, tem gente que vai na contramão e mostra que gosta de estudar. Elias Awad tem duas faculdades no currículo. Além de Jornalismo, é formado em Administração de Empresas. Não contente, ainda faz pós-graduação em Liderança e Gestão de Pessoas e Equipes.

O estudo mantém o jornalista atualizado. Com 22 anos de carreira, hoje o paulistano é escritor (biógrafo) e apresenta o programa "Biografias" na rádio Estadão/ESPN. São pequenas pílulas de cinco minutos diluídas diariamente na programação e condensadas aos domingos, em meia hora de conhecimento e cultura. Entre seus biografados, estão Samuel Klein, proprietário das Casas Bahia, e Mr. Fisk, dono da Fisk escola de idiomas.

Elias Awad é apaixonado pelo que faz. Destacou-se nacionalmente na TV Bandeirantes, quando fazia reportagens esportivas leves e recheadas de bom humor. O jornalista nunca ficou no lugar comum. Seus textos criativos sempre foram muito elogiados.

No bate-papo, Elias revela que jogou tudo para o alto quando tinha estabilidade em uma empresa renomada. O motivo: estava cansado e infeliz. Queria mudar de profissão e fazer o que tanto gostava: trabalhar no esporte. Foi ousado. A audácia foi recompensada com muito brilho e sucesso. O jornalista é o exemplo vivo de que o ser humano deve sempre ir busca do que quer e daquilo em que acredita. Não importa a idade. Segundo ele, a realização de sonhos passa por isso. Acompanhe a conversa.

Leandro Martins - O que achou do curso de graduação quando estudou jornalismo?
Elias Awad - Muito bom. Tive uma visão provavelmente diferente da maioria, pois, já era profissional de rádio e TV. Acredito que sempre estimular a prática no curso seja importante.

LM - Você acredita que a faculdade prepara bem uma pessoa para o mercado de trabalho?
EA - Acredito que muitas vezes há uma confusão de conceitos. A Faculdade passa os conceitos e as fórmulas. Se eles irão se aplicar ou não no dia-a-dia, só mesmo vivenciando é que podemos saber. O ambiente profissional é completamente diferente daquele encontrado nas salas de aula.

LM - Em quais empresas de mídia já trabalhou?
EA - TV: Band, SBT e SporTV. Rádios: Estadão/ESPN e Gazeta

LM - Como é sua rotina hoje?
EA - Já há alguns anos saí do dia-a-dia do jornalismo. Tornei-me escritor, especializado em biografias empresariais. Minha agenda não tem rotina. Começo a escrever a hora que quero e sinto estar pronto para isso. Faço também entrevistas para o meu programa na rádio Estadão/ESPN, o "Biografias", e dou aulas às segundas-feiras na Universidade São Judas.

LM - Quando estava no esporte, já foi setorista de um clube?
EA - Nunca... Ainda bem...rsrsrs. Imagino que deva ser um trabalho chato, repetitivo, mas também de grande importância para o dia-a-dia do esporte. Mas preferi sempre estar cada dia em um canto, embora mesmo repetindo os locais, seja possível variar o tema e o olhar das matérias.

LM - Quando decidiu que ia trabalhar com mídia? Como foi que tudo aconteceu?
EA - Eu trabalhava na Votorantim e me senti cansado daquilo tudo. Decidi então iniciar em algo que eu sempre amei, o esporte. Foi uma atitude difícil, de jogar tudo para o alto e ir em busca da felicidade. E quando isso acontece, por mais difícil que seja, tudo flui maravilhosamente bem.

LM - Como foi seu início de carreira? Quais as principais dificuldades e obstáculos encontrados?
EA - Eu comecei no jornalismo aos 28 anos de idade, e talvez essa tenha sido a maior barreira a enfrentar, pois o mercado estava repleto de pessoas da minha idade com já quase uma década de experiência. Tive que ter uma enorme entrega para enfrentar e vencer as dificuldades.

LM - Como avalia o mercado de trabalho na mídia hoje?
EA - A mídia hoje: muitas vagas, e também muitas pessoas querendo entrar. Talvez o fim do diploma tenha inibido aqueles que estavam indecisos. Os decididos, farão jornalismo, independentemente de reconhecimento ou não do diploma. Isso foi uma agressão aos jornalistas. O "gênio" que provocou isso acha que jornalismo é somente dom...

LM - Alguns jornalistas tornam-se amigos de fontes pela convivência. Você acredita que o jornalista ser amigo da fonte ajuda ou atrapalha o trabalho? Em que sentido?
EA - Particularmente, nunca gostei de ter contato muito próximo com as fontes. Sempre tive uma relação amistosa e respeitosa. É difícil avaliar o que é certo. Posso dizer o que eu sempre busquei fazer dentro dos meus conceitos profissionais. Preferia ter uma boa relação a uma relação de profunda amizade.

LM - Você já se sentiu alvo de perseguição no meio? Ou já fizeram alguma "sacanagem" com você?
EA - De forma alguma. Isso porque toda vez que eu me senti infeliz em algum lugar, optei por mudar de emissora ou área. O ideal é ir sempre em busca do que é melhor para você, mas, para isso, é preciso gostar de mudanças. E eu gosto de mudar!

UMA DAS BIOGRAFIAS ESCRITAS POR AWAD:
SAMUEL KLEIN, DONO DAS CASAS BAHIA

LM - Como é cobrir um grande evento como a Copa do Mundo e as Olimpíadas? Dorme-se pouco e trabalha-se muito?
EA - Dormir??? Certamente, quem vai cobrir uma Copa ou Olimpíada, a última coisa que ele quer fazer é dormir. É um período maravilhoso, incrível. Estar ao lado dos principais atletas do mundo e poder levar o telespectador, ouvinte ou leitor àquele ambiente. Quem faz esse tipo de cobertura trabalha muito mesmo.

LM - Quantas edições de cada uma você já cobriu?
EA - 4 Copas e 4 Olimpíadas.

LM - Qual foi a maior emoção da sua carreira até hoje?
EA - Difícil dizer uma... Entrevistei os maiores e principais atletas e jogadores mundiais. Estive nas grandes coberturas... Biografei e entrevisto os principais empresários do Brasil... Tudo é especial. Talvez a minha maior emoção seja estar ao lado dessas pessoas e aprender com elas.

LM - Cobrir outros esportes que não o futebol é mais fácil ou mais difícil?
EA - É muito mais difícil, pois você precisa entender do esperte que o atleta pratica, conhecer a carreira dele e buscar perguntas mais aprofundadas, mais elaboradas. Um Oscar Schmidt, por exemplo, fala vários idiomas, jogou em vários continentes... tem que aproveitar isso tudo na entrevsita.

LM - O que faz para preservar a voz?
EA - Certamente, o melhor caminho é entregá-la aos profissionais que cuidam disso.

LM - Como vê a disputa pela transmissão do futebol brasileiro em 2012? Acha certo um regime monopolista?
EA - Sou contrário ao monopólio. Mas o que sempre pesa em favor da TV Globo é a certeza da transmissão. Sabe o que vai passar na Globo em uma quarta-feira de novembro de 2025? Certamente futebol! E na Record, Band, SBT, Rede TV!? Dá para garantir isso??? Certamente, não.

LM - Para os estudantes de jornalismo ou jornalistas recém-formados que pensam que o jornalismo é só televisão e que vão ficar famosos, o que tem a dizer? E o que falaria para aqueles que pensam que não vão trabalhar muito e nem aos finais de semana?
EA - Começando pela segunda parte: quem quer trablahar pouco no jornalismo, está no caminho errado. Se quer trabalhar pouco, terá também pouco retorno e prestígio! No jornalismo há muito trabalho, e não emprego! Quanto à fama que a TV traz, é bom lembrar que ela vem acompanhada do desgaste da imagem. A TV desgasta muito o profissional. Para evitar isso, faça sempre da notícia a sua melhor mensagem ao invés de usar a sua imagem para isso. Você é o elo entre a notícia e o telespectador.

LM - O que gostaria de fazer na carreira e ainda não conseguiu realizar?
EA - Certamente biografar algumas pessoas que avalio como grandes referências nacionais. Prefiro não citá-las, mas elas estão entre as minhas metas profissionais.

LM - Você acha que um jornalista esportivo deve assumir seu time de coração?
EA - Sou Corintiano, mas acredito que o jornalista não deva assumir. O torcedor não entende isso e avalia como algo partidário. Eu cobri grandes finais como repórter do Palmeiras ou São Paulo, em partidas contra o Corinthians, e certamente foquei meu trabalho no "meu time" daquele dia. Não há tempo para torcida quando você é profissional de jornalismo esportivo.

LM - É muito difícil trabalhar num jogo do seu time e ter de controlar as emoções? Tem uma técnica para ensinar aos jovens que estão começando na profissão?
EA - Sempre trabalhei isso facilmente. Qual é a sua pauta? O São Paulo? Então, faça dela o melhor possível. O melhor é concentrar-se naquilo que você precisa fazer.

ELIAS AWAD TAMBÉM DÁ PALESTRAS "NAS HORAS VAGAS"

LM - Quem são os jornalistas e/ou profissionais da comunicação que mais admira?
EA - Tem tanta gente dentro e fora do esporte... Admiro todo aquele que pratica o jornalismo com ética e seriedade. E tem muita gente fazendo isso da forma correta.

LM - Tem alguma história curiosa ou engraçada da profissão?
EA - Sim. Um dia antes da final da Copa da França (1998), fui fazer a matéria da seleção francesa no CT deles. Eu fiz várias matérias para entrar nos mais variados programas da Band. Fui um dos últimos a sair. Eu gravei uma passagem (momento da reportagem em que o repórter aparece no vídeo) e havia uma moça brasileira que, ao final, perguntou: "Poxa... Que difícil fazer isso, não?". Achei estranha a pergunta, percebi que ela não tinha credencial. Perguntei sobre isso, e ela respondeu: "Sou brasileira e atriz. Moro na França há alguns anos. Eu não tenho credencial, mas trouxe um alicate e cortei a grade de proteção que circunda a área. Entrei por entre algumas árvores". Achei aquilo incrível... Ela furou o bloqueio e assistiu ao último treino da França. Fiz uma matéria e levei ela até o local onde havia cortado a grade para fazer as imagens. Foi divertido e deu uma grande repercussão.

LM - É possível conciliar família e trabalho?
EA - Sou casado e tenho 2 filhas. Ainda viajo e trabalho muito!!! Conciliar é difícil. Você tem que escolher o que quer para a sua vida: qualidade ou intensidade e sucesso. Nem sempre esses caminhos estão próximos.

LM - Deixe uma mensagem para quem pensa em seguir carreira, principalmente no jornalismo esportivo.
EA - Siga e viva intensamente o jornalismo, principalmente o esportivo. É maravilhoso!!! Por várias vezes me vi em locais onde um enorme número de pessoas queriam estar também!!! Atuar em jornalismo esportivo é maravilhoso, um sonho! Sigam isso que não irão se arrepender. E trabalhem com seriedade e ética. Não há sucesso que resista há 10 anos de trabalho sério, criativo e de qualidade! Sucesso na carreira.

Elias é dessas figuras simpaticíssimas do jornalismo. Uma pessoa dócil, atenciosa, mesmo com todo o sucesso alcançado. Fui aluno dele em um curso de jornalismo esportivo, na faculdade Cásper Líbero. Aprendi muito. Pessoa de grande caráter. Para quem quiser mais informações sobre o jornalista, pode acessar o site www.eliasawad.com.br ou segui-lo no Twitter: @Elias_Awad. Para quem quiser me seguir, meu perfil é @leandropress. Um forte abraço.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Atualização de portifólio - 27/07 - Um jornalista deve estar preparado para imprevistos durante a pauta

A EQUIPE DE GRAVAÇÃO E A ATRIZ NANA GOUVÊA

Imprevistos durante a pauta acontecem. Saímos da redação imaginando uma coisa e, não raras vezes, chegamos ao local da reportagem e encontramos um cenário completamente diferente do que o que tínhamos idealizado.

Um jornalista deve saber lidar com contratempos. Imagine que você foi cobrir um evento em que determinada personalidade estaria presente para dar entrevista à imprensa. Uma hora depois que você já está no local da pauta, o assessor da pessoa liga e informa que ela não virá, devido a um imprevisto. O que você faz? Derruba a pauta? Continua no evento?

Pois bem. A equipe de reportagem chega antes ao local justamente para captar imagens e algumas outras entrevistas para a matéria. Mas, se o entrevistado principal não vem, o repórter deve ligar para a redação e perguntar ao chefe de reportagem qual deve ser o procedimento a ser seguido. Ficar no local ou voltar para a sede do veículo.

Há casos em que o chefe de reportagem não está na redação. Nesse instante, a decisão cabe ao repórter. Eu não derrubaria a pauta. Se a equipe já coletou material para contar uma boa história, melhor ir em frente. Afinal, os envolvidos já gastaram tempo e energia indo e ficando no local, entrevistando pessoas, etc. O que dá para fazer é dizer na reportagem que determinada pessoa era esperada e não compareceu.

EU E A EX-BBB 11, JANAÍNA

Além da falta do entrevistado, outros imprevistos podem acontecer como as instalações serem inadequadas para o trabalho da imprensa ou ainda o atraso de envolvidos na matéria. Na quarta-feira, dia 20 de julho, fui gravar um jogo de futebol beneficente em Guarulhos, chamado FutMulatas.

O evento estava previsto para começar às 20h, mas a atriz Nana Gouvêa, convidada especial, perdeu o voo do Rio de Janeiro para Guarulhos. Pegou um outro voo mais tarde e acabou descendo em Congonhas - São Paulo. Resumo da ópera: ela chegou ao local às 21h15 e o jogo só foi começar às 22h.

Acontece. Tem jornalista que perde a paciência. Eu não. Como diria Vicente Mateus, lendário ex-presidente do Corinthians, "quem está na chuva é para se queimar". Então, o jeito é relaxar, ter paciência e encarar que esse é o trabalho do repórter. Cobrir o evento até o final.

Chegamos na produtora por volta da meia-noite. Exaustos. Mas valeu a pena cada gota de suor. Os envolvidos adoraram a reportagem. E ainda tinha um churrasquinho gostoso para ajudar. Moral da história: imprevistos acontecem. E o jornalista deve entender que fazem parte do trabalho. Portanto, nada de estresse por causa disso. Relaxe e faça a melhor reportagem de sua vida. O retorno do público será sua maior recompensa. Acompanhe a reportagem do FutMulatas. Um forte abraço.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Fotos do programa Esporte na Rede, com Napoleone Júnior

O Esporte na Rede de ontem recebeu o presidente da Associação Nacional dos Jogadores e Treinadores Profissionais de Futebol, a ANJOBOL. Um bate-papo leve, rápido e descontraído.

Veja abaixo as fotos da atração. Lembre-se: o ER vai ao ar toda segunda-feira, às 18h45, ao vivo, na UPTV (www.uptv.com.br). Para mais informações, siga-me no Twitter: @leandropress. Um forte abraço.






segunda-feira, 25 de julho de 2011

Quando a transmissão de um evento extrapola o bom senso


Estava assistindo ontem ao jogo Fluminense X Palmeiras, pelo Campeonato Brasileiro de Futebol quando, de repente, deparei-me com uma cena bizarra na TV Globo. Em dado momento, a bola estava no campo de ataque do Fluminense. O diretor de imagem "cortou" para uma das câmeras que estavam no campo, para mostrar o jogo no nível do gramado.

A partida se desenrolava no estádio Raulino de Oliveira, em Volta Redonda, no Rio de Janeiro. O local é acanhado, com pouco espaço entre o gramado e os torcedores. Ou seja, a faixa que sobra fora do campo de jogo é muito estreita.

Pois bem, lá estava o cinegrafista da TV Globo. Espremido fora do campo. No tal lance em que a bola estava no ataque do time carioca, ele passou à frente do árbitro auxiliar, o bandeirinha. Atrapalhou a visão do assistente que, para desviar do câmera, invadiu o campo. Não contente, o rapaz deu a volta por trás do juiz de linha para enquadrar melhor o lance.

E o diretor de imagem continuava cortando para a tomada do câmera. Até que a bola saiu para a lateral em favor do Tricolor das Laranjeiras. O jogador pegou a bola para cobrar e, pá! Deu de cara com o "intrépido" cinegrafista, que invadiu o gramado e passou à frente do jogador, para registrar o lance em "detalhe".

No momento em que o diretor de imagem cortou para a câmera do cinegrafista, que passava em frente ao jogador, este estava com expressão irritada e deu pra ouvi-lo dizendo um palavrão: "sai daí, p..." (montagem ilustrativa e irônica que abre o post).

Não bastasse o monopólio que a Globo tem sobre a transmissão do futebol no país, a emissora ainda conseguiu atrapalhar o andamento do jogo nesse lance. Interferiu diretamente dentro de campo. Bizarro!

O registro da imprensa nos vários eventos é importante. Mas não pode atrapalhar o andamento do que quer que seja. Não pode prejudicar a parte técnica ou plástica dos artistas. É o que também acontece em algumas transmissões de shows. O câmera sobe no palco, fica à frente do artista (cantor, ator) e limita seus movimentos.

No futebol, são muitas as cenas em que jogadores arrastam os cabos atrás do campo para poderem cobrar em paz um escanteio (tiro de canto). Nos shows, artistas chegam a tropeçar nos tais cabos. Esse tipo de interferência da mídia é danosa a qualquer espetáculo.

Por mais que uma bela imagem provoque no telespectador a sensação de que ele esteja ao vivo no local do evento, ela tem de ser captada com cautela. Caso contrário, pode compremeter a parte técnica do espetáculo. E o telespectador, com certeza, jamais faria isso. Vale para shows, esportes, peças de teatro, entregas de prêmio, etc. Um forte abraço.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Blog entrevista jornalista José Nello Marques, da Rádio Tupi AM


José Nello Marques é jornalista reconhecido e conceituado. Tem 41 anos de estrada. É um dos fundadores da rádio CBN, emissora 100% voltada para jornalismo e informação. Você, amigo leitor, vai notar que a larga experiência de Zé Nello o permite escrever o que pensa.

Ele não se preocupou em medir palavras e foi muito honesto e franco em suas respostas. Alguns profissionais preferem fugir de polêmicas ou evitam colocar o dedo na ferida. Não foi o caso do jornalista e advogado, entrevistado de hoje do blog.

Escrevi pequenos comentários meus entre parênteses, em algumas respostas que considero importantes e que devem balizar estudantes da área e aqueles que ainda não escolheram a carreira, mas têm vontade de cursar jornalismo. Confira o bate-papo.

Leandro Martins - O que achou do curso de graduação quando estudou jornalismo?
José Nello Marques - Foi muito legal porque tínhamos pouco tempo de instalação dos cursos no Brasil. Valeu pelo aprendizado teórico e humanista, mas a prática é que vai dar embasamento. (ele é formado pela FIAM, em 1978)

LM - Você acredita que a faculdade prepara bem uma pessoa para o mercado de trabalho?
JNM - Temos as boas e as ruins. Mas não é a faculdade que faz o aluno. É o aluno que faz a faculdade.

LM - É a favor do diploma para garantir reserva de mercado?
JNM - Sim, sou a favor.

LM - Em quais empresas de mídia já trabalhou?
JNM - Rádios: Jovem Pan, Globo, Capital, Bandeirantes, Record e Tupi AM. Televisões: Manchete, Record, Bandeirantes, Canal 21 e Jovem Pan TV.

LM - Como é sua rotina hoje?
JNM - Trabalho na Rádio Tupi AM, 1150 khz. Chego as 5h30 da manhã, pego o microfone às 7h e vou até às 9h. Saio por volta de 10h.

LM - De que área do jornalismo gosta mais? Em quais já trabalhou?
JNM - Já trabalhei em todas. O que mais gosto é Geral, sem focar nenhuma em especial.

LM - Quando decidiu que ia trabalhar com mídia? Como foi que tudo aconteceu?
JNM - Foi no interior, em Garça, 1970, quando comecei a trabalhar como sonoplasta, depois locutor, repórter, apresentador...

LM - Como foi seu início de carreira? Quais as principais dificuldades e obstáculos encontrados?
JNM - A dificuldade da época era aceitação da sociedade. Radialista e jornalista não eram bem conceituados.

LM - Como avalia o mercado de trabalho na mídia hoje?
JNM - Considero o mercado hoje absolutamente prostituído e violentado de todas as formas. Poucas vagas, tecnolgia imperando e falta de competência. (Boa!)

LM - É verdade que é preciso o tal do "Quem Indica" ou isso é lenda? E o tal "teste do sofá"?
JNM - Existe de tudo. Entra ou deita quem quer. (Ótima!)

LM - Você acredita que o jornalista ser amigo da fonte ajuda ou atrapalha o trabalho? Em que sentido?
JNM - Acho que não atrapalha, desde que os dois saibam diferenciar quando é notícia e quando é amizade.

LM - Em algumas empresas de diversos setores existe sempre uma puxada de tapete. Você já se sentiu alvo de perseguição no meio? Sentiu-se traído?
JNM - Várias vezes e todas elas por traição.


LM - Já cobriu grandes eventos?
JNM - Posses de presidentes internacionais e brasileiros, visitas do Papa, Copa do Mundo, Fórmula-1, crises econômicas, esportivas e sociais, grandes tragédias, como incêndios. E você sempre sai de uma dessas aprendendo mais.

LM - Você é um dos fundadores da rádio CBN. Na época da criação do veículo, você sentiu que o público queria rádios e TVs mais segmentadas?
JNM - O rádio foi se segmentando aos poucos e hoje é escancarado. Na época a CBN pensou apenas em notícias, sem se preocupar em esporte ou geral.. O povo quer sim ouvir falar do seu bairro, da sua tribo, pouco se importando se falta petróleo na Arábia ou se o preço do açúcar caiu em Cuba.

LM - Qual foi a maior emoção da sua carreira até hoje?
JNM - Tenho 41 anos de carreira e muitas emoções. A primeira reportagem, a primeira cobertura internacional, o primeiro grande incêndio (Edifício Joelma) e tantos outros...

LM - O que faz para preservar a voz?
JNM - Evito gelado e tomo muita, mas muita água, nada mais.

LM - Como vê a disputa pela transmissão do futebol brasileiro em 2012? Acha certo um regime monopolista?
JNM - É o mundo que estamos vivendo, o mundo do ‘ter’. Tenho dinheiro, compro o campeonato, acabou.

LM - Para os estudantes de jornalismo ou jornalistas recém-formados que pensam que o jornalismo é só televisão e que vão ficar famosos, o que tem a dizer? E o que falaria para aqueles que pensam que não vão trabalhar muito e nem aos finais de semana?
JNM - Primeiro que se alguém pensa em ser jornalista e não trabalhar em fim de semana está no caminho errado. Depois a melhor coisa hoje é sair de São Paulo. Existem outros estados, outras cidades, que oferecem condições boas de trabalho.

LM - O que gostaria de fazer na carreira e ainda não conseguiu realizar?
JNM - Alimento o grande sonho de não precisar mais trabalhar para viver (Sensacional!)

LM - Você acha que um jornalista de qualquer área deve assumir seu time de coração?
JNM - Sou palmeirense e acho hipócrita dizer que narrador ou comentarista não tem time. Mas para o bem de suas integridades, devem ficar sem revelar mesmo.

LM - Quem são os jornalistas e/ou profissionais da comunicação que mais admira?
JNM - Poderia citar vários, mas fico com Nilson Bastos Bento, Fernando Viera de Mello, José Paulo de Andrade e Salomão Esper.

DOIS PROFISSIONAIS QUE ZÉ NELLO ADMIRA:
ZÉ PAULO DE ANDRADE E FERNANDO VIEIRA DE MELLO

LM - É possível conciliar família e trabalho?
JNM - Tem que mesclar e saber que o parceiro ou parceira entenderá isso.

LM - Deixe uma mensagem para quem pensa em seguir carreira no jornalismo.
JNM - Vale para qualquer profissão. Apesar de tudo girar em nome do dinheiro e da mercantilização hoje em dia, vale a pena gostar do que faz, fazer por amor, por paixão e com gosto. Caso contrário, vai chegar a hora em que o trabalho não terá mais importância.

Para quem quiser seguir o jornalista no Twitter, basta procurar por @zenellomarques. Se quiser me seguir, digite @leandropress. Um forte abraço.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Sim, a morte de Sean Hoare é suspeita



O escândalo dos grampos telefônicos, que envolveu o tabloide britânico "News Of The World", que encerrou suas atividades no último dia 10, vai muito além das escutas ilegais e da espionagem a celebridades e pessoas públicas. O caso envolve corrupção, suborno e mortes.

Para entender toda a história, que é longa, leia o contexto neste link: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2011/07/jornalista-que-denunciou-escandalo-das-escutas-esta-morto-diz-jornal.html. Vou me ater aqui aos últimos fatos apenas, principalmente a uma morte e ao depoimento de Rupert Murdoch e seu filho James ao parlamento britânico.

A polícia ainda não confirma que a morte do jornalista Sean Hoare (foto que abre o post), primeiro a denunciar o caso das escutas ilegais, seja suspeita. O repórter foi encontrado morto em casa, dois dias atrás. Porém, os agentes estão em descrédito depois que casos de suborno a policiais e chefes da Scotland Yard vieram à tona como parte dessa mesma história suja.

Hoare sempre acusou Andy Coulson, então editor do tabloide, de saber e incentivar o uso dos grampos telefônicos. Coulson passou pelo jornal há algum tempo e, após sua saída, foi nomeado porta-voz do Primeiro Ministro britânico David Cameron. Ligando os fatos, uma coisa leva à outra.

Hoare deveria saber algo ainda mais escabroso sobre a política britânica, sobre o Primeiro Ministro e sobre o editor Coulson. Sim, sua morte é muito mais do que suspeita. É queima de arquivo. Qualquer semelhança com a morte de PC Farias, ex-tesoureiro da campanha e do governo de Fernando Collor, no Brasil, não é mera coincidência. "Apagaram" Sean Hoare.

E quem mandou fazer isso, está envolvido até o pescoço nessa história escabrosa e maquiavélica do tabloide do Reino Unido. Ninguém vai me convencer do contrário. A polícia não tem mais moral. O escândalo pode fazer o magnata Rupert Murdoch perder trilhões de dólares e colocar todo seu patrimônio sob suspeita.

Em depoimento ao parlamento britânico, Murdoch fez-se de vítima. Bom papel para um velhinho de fala mansa e trêmula como a dele. O trilhardário disse que o tabloide era apenas um por cento de sua renda (e vendia 3 milhões de cópias só aos domingos! Imagine a fortuna desse homem!).

Pior. Vitimizado, Murdoch teve a cara de pau de dizer que não sabia de nada sobre os grampos. Igualzinho a Lula, na questão do mensalão. Conta outra. Jura que ele quer que alguém acredite nisso? Essa é a estratégia de defesa para proteger o patrimônio e tentar resgatar um mínimo de credibilidade.

RUPERT MURDOCH E O FILHO JAMES,
EM DEPOIMENTO AO PARLAMENTO BRITÂNICO

Enquanto isso, as ações de suas empresas despencam. E tomara que a investigação séria continue. O que aconteceu no "News Of The World" é muito mais do que mal jornalismo. É crime! É enganar e lesar pessoas. É mexer com sentimentos, emoções, vidas. Nada devolverá às famílias prejudicadas a situação que tinham antes da exposição nas páginas do tabloide.

Simplesmente, tacanho. Que todos os envolvidos tenham a devida punição (o que duvido muito). Infelizmente, é mais um caso que entra para a má história do jornalismo. A boa história é sempre contada em sala de aula, nas universidades, pelos professores. E os episódios lamentáveis também. Assim como o caso Escola Base, esse será sempre um exemplo de atrocidade jornalística e midiática dado aos universitários. Uma pena. Um forte abraço.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Fotos do programa Esporte na Rede, com Léo Lucas

Fotos do programa Esporte na Rede, da UPTV, que recebeu ontem o jornalista Léo Lucas, um dos sócios da produtora L2M, que produz conteúdo para a TV Corinthians.

O Esporte na Rede vai ao ar toda segunda-feira, às 18h45, no site: www.uptv.com.br. Depois da exibição ao vivo, a atração fica armazenada no site da emissora. Sigam-me no Twitter: @leandropress. Um forte abraço!





segunda-feira, 18 de julho de 2011

Situações em que o jornalista acaba se envolvendo - a incorporação de problemas


Nós, jornalistas, costumamos nos julgar os reis da imparcialidade. Acabamos por nos denominar como simples contadores de histórias, que apenas relatam os fatos e jamais participam deles. Muita gente enche a boca para dizer que não se envolve com as vidas das fontes, por mais que elas contem particularidades brutais ou escabrosas de suas existências.

Pois bem. Quem faz jornalismo, faz ciências humanas. E todos os humanos, até que provem o contrário, possuem sentimentos. Logo, saiba que é impossível, uma vez ou outra, não se envolver com determinadas situações, histórias ou pessoas.

Foi o que aconteceu com a jornalista Mac McClelland (foto que abre o post). Ela vivenciou e ouviu muitas histórias de horror que eram praticadas contra mulheres no Haiti. Os relatos de atrocidades causaram um pânico interior na repórter, que passou a ter medo até de sair na rua.

McClelland incorporou as histórias ouvidas e somatizou os problemas das fontes que entrevistou. Resumindo: envolveu-se. E quando isso acontece, uma "limpeza" profunda é necessária para que o profissional volte a trabalhar sem traumas e consiga desenvolver suas atividades da forma correta, sem influências ou medos.

Depois de ouvir tantas horroridades, a jornalista passou a ter crises de choro, ânsia de vômito e pesadelos com estupro. Não aguentando mais o desespero, ela decidiu se libertar de uma forma pouco comum. Sua terapeuta sugeriu que ela efetivamente passasse pelo estresse que mais temia, justamente para se livrar dele. É o famoso conselho que nos dão para enfrentarmos nossos próprios medos.

A repórter então pediu que seu ex-namorado a estuprasse, numa situação de violência controlada. McClelland ficou famosa pelo caso, mas, depois de passar pela experiência, superou o trauma e voltou a trabalhar normalmente.

Assim como McClelland, muitos jornalistas acabam se envolvendo em algumas histórias. E passam a ter pesadelos com determinada situação ou desenvolvem a síndrome do pânico. Não adianta. Não somos imunes às histórias humanas. Não somos feitos de aço. E, não raras vezes, acabamos atingidos por alguns relatos que abalam as estruturas.

A diferença é que a jornalista procurou ajuda terapêutica e conseguiu solucionar o problema. Mas muitos não procuram e preferem carregar o trauma dentro de si, o que pode prejudicar o trabalho e a vida particular. A lição mais valiosa deste caso é essa. Você, jornalista, que algumas vezes anda com aquele nariz empinado e ar de arrogante, desça do pedestal.

Admita sua condição humana, sentimental e frágil. Permita-se pensar melhor na vida e procurar uma ajuda especializada para tentar acabar com seus problemas. Isso não é demérito para ninguém. Pelo contrário. O esforço para solucionar uma questão mal resolvida só mostra que o ser humano busca a melhora e a evolução. Um forte abraço.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Blog entrevista Sílvio Lancellotti, culinarista, comentarista e (pasme!) arquiteto

Tem gente que gosta de gastronomia. Tem gente que gosta de esportes. Sílvio Eduardo de Assis Pacheco Lancellotti (ou simplesmente Sílvio Lancellotti) uniu os dois e transformou seus hobbies e suas paixões em profissão.

Arquiteto (sim, ele formou-se em arquitetura no Mackenzie, em 1966) e pós-graduado em Planejamento Urbano, Lancellotti é profissional mais do que experiente. É das antigas, da velha guarda. No currículo, que dispensa apresentação, 43 anos de carreira bem vividos.

Sílvio carrega passagens por vários tipos de mídia. E alguns fatos marcaram não apenas sua carreira, mas também a história do jornalismo brasileiro. Em 1968, ele fez parte do grupo que fundou a Revista Veja.

O paulistano de voz rouca e raízes italianas é letrado. Estudou Psicologia da Comunicação nos Estados Unidos, na universidade de Stanford. Hoje, entre uma receita e outra, Lancellotti é comentarista dos canais ESPN. Nas transmissões das quais participa, sempre nos brinda com mais do que simples conhecimento futebolístico. Ao vermos na televisão um jogo comentado ou uma receita preparada por ele, recebemos também, gratuitamente, uma boa dose de cultura geral.

Ao contrário de muitos estudantes, que desde jovens almejam seguir efusivamente a carreira jornalística, Sílvio diz que, em sua vida, as coisas aconteceram por "acidente". O que não o impediu de se apaixonar pela profissão e alcançar grande sucesso. Confira o bate-papo com o comentarista esportivo, culinarista e grande ser humano.

Leandro Martins - Você acredita que a faculdade prepara bem uma pessoa para o mercado de trabalho?
Sílvio Lancellotti - Não estudei jornalismo aqui no brasil. Mas sou contra a Obrigatoriedade do diploma.

LM - Em quais empresas de mídia já trabalhou?
SL - Fui dos times que fundaram "Veja" e "Istoé". Dirigi as redações de "Vogue", "Senhor Vogue", "Gourmet" e "Penthouse". Também fui colaborador da "Folha", do "Estadão" e do "Diário de São Paulo". Na TV, dirigi programas musicais e de jornalismo na Bandeirantes. E fiz programas de gastronomia na Gazeta, na Record, na Manchete e na Bandeirantes. Paralelamente, comentei futebol e Jogos Olímpicos nas mesmas emissoras. Hoje, sou colaborador da "Folha", da revista "Viva SA" de Alphaville e faço programas de futebol nos canais espn. Na internet, mantenho um programa de entrevistas e de gastronomia, chamado 'A Dobradinha do Lancellotti", via internet, no Facebook e no Youtube.

LM - Como é sua rotina hoje?
SL - Não tenho uma rotina pré-determinada. Sigo a escala dos canais ESPN.

LM - Ainda está no esporte? O que já fez ou faz fora do esporte?
SL - Jamais abandonarei o esporte. Acredite, se quiser, mas fui um excelente jogador de futebol, meia-armador, quando a posição ainda existia.

LM - Já foi setorista de um clube? Como é essa experiência?
SL - Nunca fui setorista. Mas cobri a Seleção Brasileira de 1970 até 1986. E cobri a Seleção Italiana em 1990 e em 1994.

LM - Quando decidiu que ia trabalhar com mídia? Como foi que tudo aconteceu?
SL - Comecei por acidente. Estava na arquitetura e, numa viagem a Ubatuba, onde construía uma casa para um cliente, li um anúncio de revista da Abril. Respondi, passei por uma série de testes e, do nada, caí na Redação de "Veja" - que, aliás, nem exstia, ainda. Gostei do jornalismo, não saí mais.

LM - Quais as principais dificuldades e obstáculos encontrados?
SL - Tive muita sorte, grandes mestres, não passei por dificuldades...

LM - Você também é um excelente culinarista. Você acredita que o jornalista deve criar seu próprio espaço na mídia? Encontrar outros nichos de trabalho como a crítica gastronômica ou outros segmentos mais especializados?
SL - A minha carreira se fundamentou numa sucessão de acasos. Mas, sim, eu soube como desenvolver bem os meus hobbies, que se tornaram profissão.

LM - Como avalia o mercado de trabalho na mídia hoje?
SL - Sinceramente, se escreve muito mal, hoje. Basta dar uma espiada na internet.


SÍLVIO É COMENTARISTA DOS CANAIS ESPN

LM - Alguns jornalistas tornam-se amigos de fontes pela convivência. Você acredita isso ajuda ou atrapalha o trabalho? Em que sentido?
SL - Não me incomodo em me tornar, digamos, um tanto íntimo de algumas fontes. Mas, quando alguém quer me contar uma história em "off" eu deixo claro, imediatamente: "qualquer coisa que eu escute eu vou revelar".

LM - Você já se sentiu alvo de perseguição no meio?
SL - Nunca me senti traído por colegas.

LM - Como é cobrir um grande evento como a Copa do Mundo e as Olimpíadas? Dorme-se pouco e trabalha-se muito?
SL - Sim, dorme-se pouco e se trabalha muito. Na copa da Itália, em 90, eu inclusive emagreci uns dez quilos, por falta de tempo para as refeições decentes.

LM - Qual foi a maior emoção da sua carreira até hoje?
SL - Nos meus mais de 40 anos de carreira a maior emoção foi a primeira Copa. Fiquei praticamente dois meses no México, em 70, e o Brasil levantou a taça

LM - Cobrir outros esportes que não o futebol é mais fácil ou mais difícil?
SL - Nos jogos de Atlanta, em 1996, eu cobri até ginástica rítmica. Sem nenhum problema, pois sempre me preparei com o máximo de dedicação.

LM - O que faz para preservar a voz?
SL - Voz, que voz? A minha é patética. Apenas procuro falar com naturalidade. (nota do jornalista: falo minhas as palavras dele com relação à minha voz).

LM - Como vê a disputa pela transmissão do futebol brasileiro em 2012? Acha certo um regime monopolista?
SL - Sou contra qualquer gênero de monopólio.

LM - O que falaria para os estudantes ou jornalistas em início de carreira que pensam que não vão trabalhar muito e nem aos finais de semana?
SL - Jornalista não tem fim-de-semana, natal, ano novo, festa de aniversário...

LM - O que gostaria de fazer na carreira e ainda não conseguiu realizar?
SL - Honestamente eu me sinto um cara realizado. Sonho? Me manter lúcido e capaz de ler, como eu hoje faço, uns três livros por semana.

LM - Você acha que um jornalista esportivo deve assumir seu time de coração?
SL - Nunca me preocupei com isso. O mundo sabe que, no Brasil, eu torço pro Corinthians, e que, na Itália, eu torço pra Juventus de Turim.

LM - É muito difícil trabalhar num jogo do seu time e ter de controlar as emoções?
SL - Na minha idade, e com a minha experiência, a minha rodagem, as emoções não mais precisam de controle.

MINO CARTA E JOSÉ TRAJANO SÃO
ADMIRADOS POR SÍLVIO LANCELLOTTI

LM - Quem são os jornalistas e/ou profissionais da comunicação que mais admira?
SL - Mino Carta e José Trajano.

LM - Tem alguma história curiosa ou engraçada da profissão?
SL - Ah, são tantas...

LM - É possível conciliar família e trabalho?
SL - Sempre consegui conciliar família e trabalho. Tanto que tenho cinco filhos.

LM - Deixe uma mensagem para quem pensa em seguir carreira, principalmente no jornalismo esportivo.
SL - Qualquer jornalista, de qualquer especialidade, tem a obrigação de ler muito e sempre. Aliás, ler ao menos uma página de dicionário, ao acaso, por dia. (Não é à toa que somos sempre brindados com a cultura geral da qual falei, lá em cima).

Por hoje é isso. Quem quiser seguir este jornalista e blogueiro, procure por @leandropress. Um forte abraço.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Atualização de portifólio - 13/07

Um jornalista deve estar preparado para todo tipo de pauta e para entrevistar qualquer tipo de pessoa. Do cidadão mais simples ao Presidente da República. Particularmente, gosto muito de entrevistar os populares. De preferência, os mais carentes.

Como não têm nada a perder, sempre falam o que pensam, sem papas na língua. Na reportagem abaixo, entrevistei alguns. O vídeo mostra a distribuição de sopa grátis no Restaurante Popular Zilda Arns, em Guarulhos, toda terça-feira, até o fim do inverno.

O prato vem acompanhado de pão francês, música ao vivo, entrega de agasalhos e muita alegria. Os mais carentes são espontâneos. Dançam em frente à câmera sem cerimônia. Falam e riem abertamente. É um privilégio para o repórter, que pode conseguir captar um material muito rico. Acompanhe o vídeo. Um forte abraço.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Fotos do programa Esporte na Rede, com Graziele Crizol

Aqui estão as fotos do programa Esporte na Rede de ontem, que recebeu a auxiliar de arbitragem Graziele Crizol. O Esporte na Rede vai ao ar toda segunda-feira, AO VIVO, na UPTV (www.uptv.com.br), às 18h45. Veja o programa na íntegra acessando o site da emissora.

Em tempo, cabe um depoimento sobre a convidada de ontem. A Graziele é simpaticíssima. Figura extremamente agradável, simples e sociável. Acrescentou muito à atração e trouxe seu brilho a nossos estúdios. Muito obrigado pela presença. Um forte abraço.













segunda-feira, 11 de julho de 2011

As consequências da informação a qualquer preço



O magnata Rupert Murdoch, dono do famoso conglomerado de mídia News Corporation, decretou, na semana passada, o fechamento do jornal News of The World, veículo impresso de maior circulação aos domingos, no Reino Unido. Entre as empresas pertencentes ao grupo, estão o canal Fox e as companhias de TV por assinatura Sky e DirecTV, só para citar algumas.

O proprietário decidiu encerrar as operações do tabloide após a descoberta de grampos ilegais, pelos quais os jornalistas conseguiam informações confidenciais de celebridades, família real, políticos, etc. A última capa está na foto que abre o post.

Com o escândalo, os anunciantes deixaram o jornal por falta de credibilidade. Com razão. A questão nos leva à reflexão do custo da informação a qualquer preço. Todo jornalista gostaria de obter informações sigilosas e privilegiadas de personalidades. Mas não deve, jamais, fazer uso de recursos ilegais para isso.

O jornalismo é um trablaho árduo. Uma luta diária pela apuração e checagem da informação (pelo menos, deveria ser assim em todos os veículos de comunicação). Bob Woodward e Carl Bernstein que o digam. Eles receberam informações importantes e sigilosas (em off) da gestão do presidente Richard Nixon, dos Estados Unidos, quando do escândalo de Watergate. Mas em momento nenhum procuraram os meios ilegais. Fizeram apurações, checaram e cruzaram informações, além de contar com ajuda de uma fonte importante: Garganta Profunda.

O uso do grampo revela não só um desvio de caráter dos jornalistas do News of The World (ou de quem quer que tenha autorizado a instalação dos grampos, jornalista ou não). Revela, também, a briga e a competitividade na selva de pedra da mídia, na qual o furo é mais importante do que um texto bem redigido ou uma análise bem feita. Ainda mais na Grã-Bretanha, onde o sensacionalismo impera. É a luta pela informação a qualquer preço.

A tecnologia possibilita cada vez mais que o jornalista se torne "preguiçoso". Hoje, ele pode acessar a internet apenas e deixar de ligar para a fonte ou mesmo de se encontrar ao vivo com ela. Nas conversas tête-a-tête é que muitas coisas se revelam. Inclusive boas informações em off das quais o jornalista pode fazer uso.

Os funcionários tiveram ânsia imensa em obter informações importantes. Mas usaram de um expediente incorreto. A prática custou-lhes a cabeça. O preço que se pagou pelos grampos ilegais foi alto. Demissão em massa e a empresa toda foi fechada.

Simples assim. E é bem possível que muitos funcionários que lá trabalhavam não tinham conhecimento dos tais grampos e entraram de gaiatos na canoa, que virou e deixou todos sem emprego. E agora, para conseguir outro, com um escândalo deste no currículo?

Murdoch acertou em fechar a empresa. Confiança se leva anos para construir e segundos para perder. Sem confiança, não há credibilidade. Não havia porque apostar em um veículo que iria falir normalmente. Moral da história: competitividade e briga para conseguir um furo de reportagem é algo sadio. Praticar a ilegalidade e levar com você outras pessoas para o fundo do oceano quando o barco naufraga, não. Um forte abraço.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Blog entrevista jornalista Gustavo Villani, da Rádio Estadão-ESPN



Ele é uma das vibrantes vozes que ecoam nas ondas da Rádio Estadão-ESPN. Gustavo Villani já passou por várias emissoras de rádio e TV de grande porte. Agora, empresta suas cordas vocais e sua experiência a esse recém-criado veículo de comunicação, que conta com um time de primeira.

Formado pela Faculdade Cásper Líbero, em 2005, o jornalista chegou a estudar um ano e meio de pós-graduação em Madri: Master Periodismo do jornal El Mundo, em parceria com a faculdade San Pablo CEU.

Nascido em Marília, terra de um dos nomes mais importantes do rádio (o Garotinho e Pai da Matéria, Osmar Santos), Guga Villani ainda espera cobrir, in loco, sua primeira Olimpíada. A competição é tida como um dos grandes prêmios que um jornalista esportivo pode ter na carreira, juntamente com a Copa do Mundo. Confira o bate-papo.

Leandro Martins - O que achou do curso de graduação quando estudou jornalismo?
Gustavo Villani - Achei bom. A Faculdade Cásper Líbero, ainda que na época desse mais atenção e espaco à formação de profissionais de imprensa escrita, foi muito útil para minha profissionalização.

LM - Você acredita que a faculdade prepara bem uma pessoa para o mercado de trabalho?
GV - Eu acho que a faculdade cumpre com uma parte importante da profissionalização, que é a introdução às teorias, pensadores, conceitos éticos e morais da profissão. A prática tambem e importante.

LM - Em quais empresas de mídia já trabalhou?
GV - A Gazeta Esportiva, Rádio Transamérica, Rádio Globo, Rádio e TV Record e canais ESPN. Já contribuí para a revista Placar, revista Trivela e blog do Juca (Kfouri).

LM - Como é sua rotina hoje?
GV - Trabalho nos canais ESPN, mais especificamente para a Rádio Estadão-ESPN, ESPN e ESPN Brasil. De segunda a sexta, apresento, ao lado de Conrado Giulietti, o programa Esporte.Com, das 11h30 as 13h, na rádio. E fico à disposição das escalas para narrar jogos na TV e rádio, o que não me dá uma rotina fixa de horários.

LM - O que já fez ou faz fora do esporte?
GV - Já fiz cobertura de carnaval, trânsito nas estradas, eleição.

LM - Já foi setorista de um clube? Como é essa experiência?
GV - Sim, já fui estagiário, produtor, plantonista e repórter. Cobrir um clube exige atenção permanente, a todo instante, principalmente para cobertura de rádio. Ja cobri São Paulo, Corinthians e Palmeiras.

LM - Quando decidiu que ia trabalhar com mídia?
GV - Estava na Austrália, era intercambista, quando decidi fazer jornalismo. Cheguei a cogitar cursar Direito, mas decidi por Jornalismo. Ainda bem, não me arrependo. Sempre gostei de esportes. Imitava locutores esportivos desde pequeno.


LM - Como foi seu início de carreira? Quais as principais dificuldades e obstáculos encontrados?
GV - Meu início de carreira foi ótimo, essencial. Trabalhei de graça ou ganhando pouco porque sempre gostei do que faço, sabia que era um início e que o importante era prestar atenção em tudo e em todos, estar envolvido. As dificuldades foram naturais da minha pouca idade e inexperiência. Mas tudo valeu muito a pena.

LM - Como avalia o mercado de trabalho na mídia hoje?
GV - O Brasil cresce e a demanda por bons profissionais acompanha o ritmo. Eu sou da geração de cobertura ampla e diversificada dos meios de comunicação. A cada dia tem mais gente nos clubes, cobrindo futebol. Uma pena que as coberturas das outras modalidades não acompanham o esporte mais popular do Brasil.

LM - Alguns jornalistas tornam-se amigos de fontes pela convivência. Você acredita que o jornalista ser amigo da fonte ajuda ou atrapalha o trabalho?
GV - Atrapalha quem se deixa atrapalhar por essa proximidade. Isenção é um dever.

LM - Como é cobrir um grande evento como a Copa do Mundo e as Olimpíadas?
GV - O trabalho é exaustivo. É recompensador. É o que existe de melhor para se fazer, penso.

LM - Quantas edições de cada uma você já cobriu?
GV - Cobri a Olimpíada de Sidney, como estagiário de A Gazeta Esportiva. Em 2002, acompanhei a Copa do como produtor/repórter da Transamérica - altas madrugadas! Em 2006 estive na Alemanha pela Record (rádio e TV). Em 2010, narrei meus primeiros jogos de Mundial, pela Rádio Globo, mas fiquei no Brasil.

LM - Qual foi a maior emoção da sua carreira até hoje?
GV - Tenho onze anos de carreira. Um momento bacana foi entrevistar os pais do Cafu, ao vivo, no momento em que ele levantava a taça da Copa do Mundo em 2002, do outro lado do mundo.

LM - Cobrir outros esportes que não o futebol é mais fácil ou mais difícil? Quais exigem mais técnica?
GV - É igual. Exige conhecimento da modalidade, dedicação, atenção...

LM - O que faz para preservar a voz?
GV - Não como muito antes de entrar no ar, nem tomo gelado antes e durante as transmissões. Um aquecimento mínino de voz e exercícios para melhor dicção também ajudam. (como mascar chiclete, por exemplo)

LM - Como vê a disputa pela transmissão do futebol brasileiro em 2012? Acha certo um regime monopolista?
GV - Renderia um debate bem mais longo. Basicamente, acho que os direitos de quem paga por eles devem ser preservados. Penso, porém, que a abertura para diferentes empresas seria saudável ao público, aos times, a todos, no mais amplo sentido. Renderia mais, seria mais democrático. A concentração dos direitos nao me parece inteligente.

LM - O que gostaria de fazer na carreira e ainda não conseguiu realizar?
GV - Muitos! Quero cobrir in loco minha primeira Olimpíada, quero narrar finais de campeonatos, grandes eventos, enfim, tudo está apenas começando. Tenho muita ambição de progredir sempre.

LM - Você acha que um jornalista esportivo deve assumir seu time de coração?
GV - Respeito aos que divulgam o clube do coração. Mas eu não o faço porque não vibro mais como fazia quando era garoto. A minha paixão virou minha profissão. Há muitos torcedores que não entenderiam a minha preferência dos tempos de criança, portanto, não digo o time pelo qual torci. Hoje, torço para eu fazer um bom trabalho, onde estiver.

LM - É muito difícil trabalhar num jogo do seu time e ter de controlar as emoções? Tem uma técnica para ensinar aos jovens que estão começando na profissão?
GV - A técnica do bom senso aprendemos no exercício diário da reflexão. Meu desafio é tentar me entregar ao máximo a cada jogo, independentemente dos times em disputa.

LM - Quem são os jornalistas e/ou profissionais da comunicação que mais admira?
GV - Juca Kfouri, Cleber Machado, PVC, Milton Leite, Casagrande, Oscar Ulisses... certamente me esqueco de alguns mais.

OS ÍDOLOS DE GUSTAVO VILLANI

LM - Tem alguma história curiosa ou engraçada da profissão?
GV - Não sou bom contador de histórias! Às vezes, me lembro de alguns episódios engraçados. Mas assim, de repente...

LM - É possível conciliar família e trabalho?
GV - Sou casado com uma jornalista, que compreende todos os revezes da profissão. Tentamos conciliar nossa vida familiar, ainda sem filhos, com a profissão. E acho que conseguimos. Mas já tive de faltar a muitos compromissos familiares, faz parte.

LM - Deixe uma mensagem para quem pensa em seguir carreira, principalmente no jornalismo esportivo.
GV - Não sou muito de ditar regras e caminhos. Aos que se interessam pela profissão, desejo muita dedicação, carinho pelo ofício e sucesso. A faculdade é fundamental, elementar. A leitura também ajuda a construir vocabulário, senso crítico. Organiza as ideias. A prática, desde cedo, também tem importância, penso.

Para quem quiser seguir o jornalista no twitter, basta procurar por @gustavovillani. E quem quiser me seguir, @leandropress. Um forte abraço.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

O diploma faz falta...


O resultado da extinção do diploma de jornalismo, pode ser visto e sentido, principalmente em São Paulo. Segundo reportagem de Izabela Vasconcelos, publicada no site Comunique-se, 40% (pasme!) dos registros são concedidos a profissionais sem formação na área.

Uma pena. A bandalheira legalizada só faz piorar a qualidade da programação de emissoras de rádio e televisão. Pelo menos, nos jornais impressos e revistas, a qualidade não cai tanto, porque, obviamente, não é todo mundo que sabe escrever (bem).

Para escrever, é preciso ler muito. Ter dom, talento. Pesquisar, ser bem informado. Tudo que muita gente sem diploma não é. Principalmente quem faz maior uso do corpo (bunda e afins). É uma estatística pra lá de assustadora.

Segundo o site Comunique-se, no período de 1º de julho de 2010 a 29 de junho de 2011, "foram concedidos 11.877 registros, sendo, 7113 entregues mediante a apresentação do diploma de Ensino Superior e 4.764 por meio da Decisão/STF, a partir da ordem do Supremo Tribunal Federal, que em junho de 2009 extinguiu a obrigatoriedade da graduação específica em jornalismo para o exercício da profissão".

Ou seja a concorrÊncia pelas vagas no mercado de trabalho fica muito mais acirrada. Isso abre espaço para muitos aventureiros que se enveredam na comunicação por falta de coisa melhor para fazer. Fico indignado.

No estado de São Paulo a coisa é ainda pior. O número de não-diplomados com registro chega a quase 52%. Complicado. Não critico quem acaba desistindo da profissão. É muita podridão. Mas também exalto quem ainda tenta lutar com talento próprio para sobreviver na selva de pedra jornalística. Haja coragem! Um forte abraço.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Fotos do programa Esporte na Rede, com Júlio Santos

O Esporte na Rede desta segunda, 04/07, recebeu o zagueiro do São Caetano, Júlio Santos, ex-São Paulo, Vasco da Gama, Paysandu, Goiás e também com passagem pelo futebol francês.

Só neste ano, Júlio Santos junta-se a Capitão, José Renato Sátiro Santiago Júnior, Anderson Lima, Palhinha, Tom, da Kia e Juarez Corrêa como convidados do ER em 2011.

Para assistir ao Esporte na Rede desta semana, acesse o site da UPTV - www.uptv.com.br e, na tela da direita, ao lado do player de vídeo, clique no nome do programa. Confira as fotos. Um forte abraço.