quarta-feira, 8 de junho de 2011

Não há nada mais abominável para um jornalista do que cometer plágio



Infelizmente, acontece. Muitas pessoas são adeptas da famosa filosofia de que, neste mundo, "nada se cria, tudo se copia". Uma pena. No caso do jornalismo, isso tem nome certo: plágio. Na faculdade, tive alguns professores que, ao lerem os trabalhos acadêmicos, constatavam plágios de colegas de sala. O velho "copia e cola" da internet.

Os educadores sublinhavam os trechos e ainda apontavam de quais sites haviam sido copiados (sem aspas ou sem que os devidos créditos fossem dados). No caso acadêmico, muitas vezes, isso é fruto de preguiça. De pesquisar, de ler e de pensar. Como punição, os professores davam nota zero ao trabalho. Com absoluta correção.

O problema é que a preguiça, que pode ser considerada um traço ruim da personalidade de qualquer ser humano, pode levar à falta de caráter e de ética profissional. Se, na faculdade, tal ato recebia uma nota zero, no mercado de trabalho pode render processo judicial (aí entram danos morais, materiais e até cadeia).

A sensação é horrível para a vítima, como um gosto amargo, de ter sua ideia roubada. Roubo de ideia ou de propriedade intelectual é algo muito triste e constrangedor. Para quem rouba e para quem é roubado. O lesado fica com raiva e pena de quem não têm criatividade, originalidade e inteligência próprias. O criminoso tem sua imagem comprometida para sempre.

Isso marca, mancha qualquer carreira. De jornalistas, artistas, escritores, roteiristas, qualquer pessoa. É como confessar: não sou inteligente, não tenho capacidade e me apoderei de uma obra alheia, colocando meu nome.

Eu jamais assinaria qualquer coisa que não tenha produzido (texto ou vídeo). No fundo, quem comete esse tipo de roubo, deve sentir-se mal. É estranhíssimo dar seu nome algo que está com as palavras e o estilo de outra pessoa. Não faz sentido. É descabido.

O site Comunique-se publicou, no dia 20 de abril deste ano, a notícia de que uma blogueira acusava outra jornalista de tê-la plagiado. Seguem os dois primeiros parágrafos da reportagem de Izabela Vasconcelos.

"A jornalista Leonor Macedo, que mantém o blog Eneaotil no site da revista TPM, acusa a blogueira Gabriela Yamada, editora do site EPTV Ribeirão Preto (afiliada da Globo), de copiar seus textos e publicar em seu blog pessoal, alterando apenas nomes dos personagens e alguns trechos. Gabriela nega o plágio e afirma que admira Leonor e que seus textos apenas serviram como fonte de inspiração.

Os textos são pessoais e tratam dos pais de Leonor e de seu filho. 'Isso é homenagem ou plágio?', ironiza Leonor. 'Se tivesse pedido desculpas, tudo bem, mas quando questionei ela apagou os dois textos', diz." Embora Gabriela tenha se defendido, o site mostra os textos das duas autoras, com trechos absolutamente iguais.

Não há como negar. Plágio! Até acredito que Gabriela Yamada, pela admiração que disse ter por Leonor Macedo, possa ter escrito o texto com a intenção de chegar perto da colega. Sentir-se um pouco ela. Às vezes queremos ser como nossos ídolos. Quem, quando criança, nunca imitou um artista ou brincou de ser determinado jogador de futebol? Isso é válido. Enquanto somos crianças!

Mas, também existe o outro lado da moeda. Já que Gabriela Yamada disse ser tão admiradora de Leonor Macedo, por que não a citar nominalmente no texto, fazendo efetivamente uma homenagem? Como jornalista que tenta escrever textos de maneiras originais, apenas faço um apelo: se não tiver criatividade para criar algo grandioso, faça um arroz com feijão que também dá certo. E não vai comprometer sua imagem. Nem custar-lhe um processo. Um forte abraço.

3 comentários:

  1. Pois é. Eu ja passei por isso. Na época enviei um e-mail bem irônico ao jornal que publicou o plágio que óbviamente, fingiu não ser com ele!

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  2. Interessante alguém postar isso, parabéns, Leandro, pelo texto!

    Penso que os casos de plágio são extremamente freqüentes em todas as áreas pela falta de punição. Atualmente, as pessoas não estão preocupadas com julgamento de caráter, pouco se importam se demonstram atestado de incompetência ou ainda se são apontadas como ladrões. Vide pessoas importantes do alto escalão de órgãos governamentais europeus que plagiaram teses de doutorado.

    Eu, Priscila, teria vergonha de plagiar. Mas, e o resto? Enquanto temos vergonha, somos plagiados e para não sentirmos injustiçados, temos de contar com a morosidade de nossa justiça...É difícil....Espero que, ao menos, possamos contar com a justiça divina....

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  3. Pois é... É uma situação muito desagradável. Mas, Priscila, tem uma coisa. A pessoa pode até não ter vergonha de plagiar, mas se ela não for boa, não vai se estabelecer nem se manter em qualquer cargo ou serviço que seja. Disso, realmente, Deus cuida!

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