quarta-feira, 29 de junho de 2011
Os efeitos da passagem produzida pelo repórter
Bom, para você, amigo leitor, que prestigia esse blog mas não entendeu patavina do título do post, explico. "Passagem" é o termo usado no jornalismo para caracterizar o momento em que o repórter aparece na TV, dentro da matéria, acrescentando alguma informação valiosa ao texto.
Geralmente, são feitas com números, estatísticas ou palavras difíceis de reprensentar com a cobertura de imagens. Como em TV é uma obrigação relacionar texto e imagem, existem muitas situações em que a passagem justifica sua existência. Em várias outras, não.
Nunca fui do tipo de repórter que faz passagem só para aparecer e marcar o rosto na telinha. Tremenda bobagem. Como já disse aqui, a única estrela do jornalismo é a informação e não o jornalista. No entanto, algumas empresas de comunicação exigem que toda reportagem tenha ao menos uma passagem. Nesse caso, o repórter não tem culpa.
A justificativa é que a passagem marca a presença da emissora ou produtora nos locais onde os fatos acontecem. É como dizer: "nossa matéria é verdadeira. O repórter viu, estava lá. As imagens provam". Até aí, ainda assim podem ser feitas muitas matérias distorcidas. Com passagem e tudo.
Tem outra linha de raciocínio que defende que, no jornalismo, nem deveria existir a tal passagem. Segundo alguns professores universitários, a passagem é responsável pelo deslumbramento de estudantes da área ou de pessoas que querem seguir carreira na mídia. Isso, justamente por acharem que vão estar na TV, serem famosos e virar celebridades (e jornalismo não é nada disso!).
Mas, além de dar uma informação relevante, marcar presença e servir de "gancho" para algumas colocações do texto, a passagem também pode ter um efeito lúdico, ilustrativo e bem humorado. Seria um aspecto interessante para atrair a atenção do público. Nessa linha, as passagens mais criativas estão no jornalismo esportivo. Até porque é uma área do jornalismo que permite o exercício maior da criatividade.
E para fazer passagens criativas, normalmente os repórteres devem produzi-las. Ou seja, combinar com elementos da matéria a criação ou realização de alguma situação diferente. Por exemplo, o repórter pode falar o texto e, numa certa deixa, contar com a colaboração da torcida para fazer algum gesto, movimento ou dizer alguma coisa.
Isso foi o que fiz na reportagem abaixo. Em matéria sobre a Olimpíada da Melhor Idade de Guarulhos, combinei com as torcedoras para fazerem um agito depois da minha deixa. Algo relacionado ao texto. O resultado foi razoável. E deu um toque de bom humor à matéria.
Fica a dica. A passagem deve ser muito bem produzida para que alcance o efeito desejado. Caso contrário, vai apenas tomar tempo do repórter e dos demais envolvidos na situação, o que não é nada bacana. Para isso, existem as passagens ditas mais "espontâneas". Por exemplo, com um jogo de fundo, que não é produzido e está acontecendo naquele momento. Eu poderia ter feito isso na mesma reportagem.
Mas, se bem feita, a passagem produzida pode trazer ótimos resultados à matéria e aumentar ainda mais a empatia do público com o repórter. Tanto de quem participa diretamente da reportagem, como de quem assiste pela televisão. Acaba, até, tornando-se um momento de grande expectativa, quando se sabe que determinado jornalista gosta de aparecer de forma positiva e criativa e não apenas para "encher linguiça". Acompanhe o vídeo. Um forte abraço.
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