segunda-feira, 20 de junho de 2011

Dois anos sem a obrigatoriedade do diploma



Na última sexta-feira, 17/06, a não obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalista completou dois anos. Segundo reportagem de Izabela Vasconcelos, no site Comunique-se, "o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS), autor da PEC 386/09, que pede a volta da exigência da graduação específica em jornalismo", diz que a própria imprensa não tem interesse na volta do diploma.

Ele argumenta, com certa razão, que os jornalistas não analisam suas próprias condições de trabalho e que não falam sobre si mesmos nesse tipo de debate. Pura verdade. Realizo entrevistas aqui neste blog e pouco vejo manifestações e colocações inteligentes sobre o mercado de trabalho.

Segundo o deputado, existe a pressão de empresas para que a situação permaneça como está, já que os grandes veículos de comunicação "vendem" informação como qualquer mercadoria. E o que faz certa mercadoria ser vendida? Um visual atraente.

E isso se consegue com gente famosa que, muitas vezes, só tem uma boa imagem, mas não tem inteligência, postura, talento, conteúdo, senso de apuração, não sabe escrever e, ainda, somente exibe o corpo (para não dizer apenas a bunda) como principal predicado.

Por isso que ex-jogador de futebol pode até ser comentarista esportivo (de qualidade absolutamente questionável), mas jamais será repórter. Repórter tem que fazer texto, contar a história de um jeito interessante. Tem que apurar bem. Esse tipo de coisa, gente dessa laia não sabe fazer.

Um dos requisitos para vender boa mercadoria (já que a informação tem sido uma), também deveria ser a qualidade. Normalmente, quem estuda e se prepara quatro anos para ser jornalista tem muito mais chance de dar certo do que quem não o faz. Existem sim, exceções.

Repito: prefiro um não-diplomado de QUALIDADE a um diplomado MEDÍOCRE. Mas, quando ambos se equivalerem em talento e aptidão para o jornalismo, a vaga deve ser do diplomado. Reserva de mercado e questão de coerência. Só que fica difícil esperar justiça e bom senso em um país dito da impunidade, em que políticos quase nunca vão presos e onde o Ministério da Educação ensina as pessoas a falarem e escreverem errado, numa atitude ridícula de desinformação.

Sinceramente, sempre que releio a entrevista com o jornalista Carlos Fernando, da Bandnews FM e do canal a cabo Bandsports, publicada aqui neste blog, constato o que já sabia e me bate uma angústia gigantesca. Nosso mercado não é sério. Nosso país também não.

Algumas poucas empresas sim, ainda primam pelo diploma, pela qualidade da informação que divulgam. A maioria não se pauta por aí. Pena. Lá se vão dois anos sem a obrigatoriedade do diploma. Não que tenha mudado muita coisa já que, mesmo com a obrigatoriedade, essa safadeza já existia. A não obrigatoriedade apenas legalizou a calhordice. Afinal, aqui só vai para o xilindró quem não interessa mesmo. Um forte abraço.

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