quinta-feira, 30 de junho de 2011

Blog entrevista jornalista Eduardo Monsanto, dos canais ESPN



Como amanhã não estarei perto do computador, resolvi antecipar a tradicional entrevista que publico aqui no blog, toda sexta-feira. Nascido em Petrópolis (RJ) e formado em 2001 pela Universidade Federal de Juiz de Fora (MG), Eduardo Monsanto tem quase 15 anos de carreira no jornalismo. Antes de se firmar no esporte, passou pelas editorias de geral e polícia. Hoje nos canais ESPN, apresenta o programa Pontapé Inicial das 10h às 11h30 e fica à disposição da emissora como narrador.

No currículo, carrega a cobertura de duas Copas do Mundo (uma in loco, na África do Sul-2010, e outra feita do Brasil, em 2006), uma Olimpíada (in loco, China) e um Pan (Rio de Janeiro-2007, in loco). Aqui, Dudu, como também é conhecido, compartilha um pouco de sua experiência na carreira. Foi sintético e objetivo nas respostas. Característica típica de quem sempre está correndo contra o tempo, na rotina maluca das redações. Acompanhe o bate-papo. Espero sua visita também em meu twitter: @leandropress. Um forte abraço.

Leandro Martins - Você acredita que a faculdade prepara bem uma pessoa para o mercado de trabalho?
Eduardo Monsanto - Existem faculdades de todos os tipos. Posso falar pela minha, a FACOM da UFJF. Me ajudou bastante.

LM - Em quais empresas de mídia já trabalhou?
EM - Rádio Solar AM – Juiz de Fora, TV Panorama – Afiliada Rede Globo Juiz de Fora, ESPN Brasil

LM - O que já fez fora do esporte?
EM - Fui repórter de geral e polícia, fazia o MGTV em Juiz de Fora

LM - Já foi setorista de um clube? Como é essa experiência?
EM - Acompanhei de perto o Tupi, viajando com o clube na segunda divisão de Minas e na Série C do Brasileiro. Foi importante para conhecer a realidade do jogador brasileiro que está longe dos times de ponta e dos contratos milionários. Não há nenhum glamour. É outro mundo.

LM - Como foi seu início de carreira? Quais as principais dificuldades e obstáculos encontrados?
EM - Meu pai trabalhava em rádio, comecei a acompanhá-lo no dia-a-dia desde criança, e acabei tomando gosto por comunicação. Comecei no Rádio AM, tendo o primeiro emprego registrado aos 18 anos. Fui plantão, repórter e depois narrador. As dificuldades nesse começo, onde a estrutura é mais amadora e os salários mais parecem ajuda de custo, são importantes para ver o quanto você realmente quer seguir carreira.

LM - Como avalia o mercado de trabalho na mídia hoje?
EM - As realidades são diferentes em cada segmento. Rádio uma coisa, internet outra, TV... Muita gente se formando, mas ainda acredito que os caras talentosos ainda conseguem encontrar lugar pra mostrar seu valor.

LM - Alguns jornalistas tornam-se amigos de fontes pela convivência. Você acredita que o jornalista ser amigo da fonte ajuda ou atrapalha o trabalho?
EM - Amizade nunca. Respeito e cordialidade são o ideal, já que muita proximidade pode acabar impedindo uma análise isenta.

LM - Você já se sentiu alvo de perseguição no meio? Sentiu-se traído?
EM - Nada diferente de outras profissões. Esse tipo de coisa não é própria do jornalismo, mas do ser humano.

LM - Como é cobrir um grande evento como a Copa do Mundo e as Olimpíadas?
EM - Em média, são no mínimo 16 horas de trabalho por dia. Às vezes um pouco mais. E a preparação, pelo menos pra mim, leva todo o ano anterior. Pesquisas, estudos... É muito sacrificante, mas vale cada segundo.

LM - Qual foi a maior emoção da sua carreira até hoje?
EM - Acho que foi cobrir os Jogos de Pequim. Foi minha primeira grande cobertura internacional, marcou profundamente.



LM - Cobrir outros esportes que não o futebol é mais fácil ou mais difícil para o locutor?
EM - A Olimpíada é um exemplo disso. Para narrar em Pequim, passei quase um ano estudando as regras de todas as modalidades, e cada uma tem suas peculiaridades. Seja taekwondo, vela, judô, ciclismo... Futebol, quase todo mundo faz.

LM - O que faz para preservar a voz?
EM - Nada...rs Só aquecimento, vez ou outra.

LM - Como vê a disputa pela transmissão do futebol brasileiro em 2012? Acha certo um regime monopolista?
EM - A articulação da Globo junto aos clubes este ano mostrou que ainda está longe o dia em que teremos concorrência justa.

LM - Para os estudantes de jornalismo ou jornalistas recém-formados que pensam que o jornalismo é só televisão e que vão ficar famosos, o que tem a dizer?
EM - Se a idéia é aparecer, é melhor fazer teatro. Jornalismo é trabalho duro, para gente que questiona, que desconfia, que não se conforma e que quer mudar o mundo, mesmo que seja guiado por uma utopia.

LM - O que gostaria de fazer na carreira e ainda não conseguiu realizar?
EM - Quando comecei, meu sonho era cobrir uma Copa do Mundo. Acabei indo antes pra Olimpíada, e ano passado cheguei lá. Meu próximo sonho é publicar meu livro de estréia, que está no forno e sai até o fim do ano.

LM - Você acha que um jornalista esportivo deve assumir seu time de coração?
EM - É algo particular. No meu caso, acho que não acrescenta nada falar pra quem torço.

LM - É muito difícil trabalhar num jogo do seu time e ter de controlar as emoções? Tem uma técnica para ensinar aos jovens que estão começando na profissão?
EM - Se o profissional sente diferença ao transmitir um jogo do time que torce, ele ainda não está preparado para narrar. É um ritual que pede distanciamento, você deve dar tratamento igual aos dois times. Fica muito feio fazer diferente disso, é amadorismo puro.

LM - Quem são os jornalistas e/ou profissionais da comunicação que mais admira?
EM - São muitos. Tenho a sorte de trabalhar com a maioria deles.

LM - Tem alguma história curiosa ou engraçada da profissão?
EM - Ih, várias. Tombos, ataques de riso, microfone dando choque... tudo o que você puder imaginar.

LM - É possível conciliar família e trabalho?
EM - É uma rotina que pede compreensão da família, não é todo mundo que entende.

LM - Deixe uma mensagem para quem pensa em seguir carreira, principalmente no jornalismo esportivo.
EM - No jornalismo, a editoria de esportes normalmente é vista como algo menor. Seria o local onde estariam os jornalistas mais “limitados”. Minha dica é que, mesmo que você seja apaixonado por esportes, não limite seu interesse. Abra a cabeça, leia, vá ver filmes, se interesse por outros assuntos. Não permita que se especializar em esporte o limite a saber falar apenas disso.

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