sexta-feira, 11 de maio de 2012
As reações de um jornalista ao se assistir na TV
Quando estava na faculdade e fazia as aulas de telejornalismo, tinha de gravar boletins e pequenos pilotos de programas. Para fazer as avaliações, todos da turma assistiam juntos ao resultado final das gravações, sob o olhar atento de nossos professores.
A primeira reação de qualquer pessoa, ao se observar no vídeo, é de estranheza. Na verdade, a imagem que fazemos de nós mesmos quase nunca coincide com aquela que vemos em fotos e vídeos. Prova irrefutável de que o ser humano idealiza até a si próprio.
A sensação inicial é a de que não somos daquele jeito, de que nossa imagem não é assim e nossa voz é bem melhor do que a que estamos ouvindo no vídeo. Isso também acontece porque a imagem que a câmera capta não é igual à que vemos no espelho. É exatamente o contrário. Por isso, leva um certo tempo para que o jornalista acostume com sua imagem na telinha. Depois da sensação de estranheza, o profissional da comunicação realiza o segundo passo.
Ele começa a se assistir e fazer anotações para que possa aperfeiçoar o trabalho e começar a eliminar possíveis falhas. Tem gente que não gosta de se assistir. Mas, para um jornalista, isso é fundamental. Só com muito treino é que o jornalista consegue identificar problemas e evoluir profissionalmente.
Quando você se vê na televisão, passa a notar que poderia se vestir diferente, melhorar o pentado, gesticular mais ou menos, falar mais ritmado ou mais pausadamente, melhorar a entonação e a impostação da voz.
A terceira fase é a avaliação do programa como um todo. Assim que adquire confiança e credibilidade no trabalho, o jornalista assiste a atração da qual participa para saber se sua imagem não está sendo prejudicada pelo todo. Por exemplo, não adianta nada ter um ótimo jornalista em um péssimo programa (e vice-versa).
Ao chegar a esse patamar, o profissional da comunicação já está experiente. É a hora então de divulgar o trabalho e ir em busca de seus objetivos profissionais, como trabalhar na emissora em que gostaria, reivindicar a apresentação de um programa ou então buscar o trabalho na editoria que mais aprecia.
Mas, bem no fundo, o jornalista nunca se acostuma com seu rosto no vídeo. Sempre há uma pequena pontinha de estranheza e, ao se assistir, internamente, ele se pergunta: "quem é esse cara aí"? Isso não só o jornalista, mas todos que aparecem no vídeo acabam fazendo. Tenho certeza de que até mesmo o Sílvio Santos faz. Um forte abraço!
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