sexta-feira, 30 de março de 2012

Apostar em apenas uma área de programação pode dar certo na TV?


Com o surgimento e o crescimento das emissoras de TV por assinatura no Brasil, os telespectadores passaram a ter contato com canais que não conheciam até então: os segmentados. Estes, nada mais são do que canais específicos, que abordam apenas uma área (ou nicho, como dizemos no meio midiático) de programação.

Assim, hoje conhecemos canais somente esportivos, jornalísticos, de shows, de filmes, de entretenimento, de músicas e clipes, etc. Em termos de audiência, estas emissoras "abocanham" apenas a fatia do público para o qual direcionam a programação.

Em uma rede de televisão aberta e com audiência nacional, esse tipo de estratégia seria considerada loucura, suicídio. Poderia significar um verdadeiro desastre. A programação das emissoras abertas costuma ser diversificada, com a exibição de programas de todos os segmentos acima citados.

Tal estratégia faz com que as emissoras de TV aberta sejam concorrentes naturais entre si. Porém, existem casos extremos, em que uma rede deve parar, refletir e analisar as estratégias de programação. O debate que muita gente vem criando atualmente gira em torno da situação da RedeTV!.

A emissora passa por problemas financeiros. Os funcionários sofrem com constantes atrasos de salário. Para não sair do ar, muita gente aposta que a saída para a RedeTV! é mudar a programação e apostar em apenas um nicho para evitar a concorrência direta com as maiores e mais poderosas. Desse modo, a empresa conseguiria arrecadar recursos de patrocinadores novos e tentar se reerguer.

É o que diz também o experiente ex-diretor de programação da Rede Globo, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni. Para ele, "a RedeTV! deveria apostar em um único nicho de programação e não tentar concorrer diretamente com Globo e Record".

Na verdade, o caso da RedeTV! muito me entristece. Porque, à distância, parece ser esse o típico caso da má administração empresarial, o que pode levar a emissora ao encerramento das operações. Em tese, a RedeTV! deveria sim, concorrer com Globo, Record, Band, SBT, Cultura e Gazeta.

Chegar nesse estado deplorável de coisas é um sinal e tanto de derrota. Aqui no ABC Paulista onde moro, aconteceu algo similar com uma das mídias mais fortes da região: a TV+ (lê-se TV Mais). A emissora demitiu mais de 50 profissionais e encerrou sua grade de programação, ficando apenas com as vendas do varejo e alguns programas pagos.

Os salários também atrasaram e, aparentemente, a emissora ruiu. Vejo ambas as situações, da TV+ e da RedeTV!, com muito pesar. O mercado é bem cruel às vezes. Torço muito pelo reerguimento das duas emissoras. E que elas possam, sim, fazer uma programação diversificada. Para adotar tal estratégia de nicho de programação, só mesmo no desespero de um possível fechamento de portas. Fora isso, eu manteria a diversidade. E você? O que faria se fosse o presidente da emissora? Um forte abraço.

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Um comentário:

  1. Leandro também vejo isso com pesar, mas TV nas cidades da Grande São Paulo teêm este problema. São poucas cidades que tem identidade própria (leia-se Mogi das Cruzes e Suzano), as demais seguem o que a " CAPITAL " coloca em sua grade.
    Quando morei em S. André gostava dos programas da TV+, da Eco TV e também de alguns da Net Cidade (a cabo). Mas fazer Tv no ABC é mesmo pedir pra " tomar chapéu " , pouis audiência que é bom não terá e patrocinador ( aquele que traz o din-din) muito menos.

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