sexta-feira, 23 de março de 2012

Programas de humor também fazem jornalismo?


Muita gente afirma que reportagens e transmissões esportivas não são produtos jornalísticos e sim ligados apenas ao entretenimento. Discordo! Para início de conversa, o termo correto é JORNALISMO ESPORTIVO! Porém, que ninguém se engane. O esporte é feito sim, de 50% de jornalismo e 50% de entretenimento.

Em muitos casos, isso também se aplica a alguns programas humorísticos. Muitos deles, além de fazer piadas e gracinhas, também informam os telespectadores e os contextualizam sobre as as notícias mais importantes do país.

Estou falando, é claro, de programas que fazem humor de uma forma inteligente. Um deles, atualmente muito reverenciado pelo público é o CQC (Custe o Que Custar), exibido pela TV Bandeirantes. O humor de seus integrantes é, quase sempre, sutil, sem apelos para mulheres seminuas, brincadeiras imbecis com comida ou baixarias (é claro que, vira e mexe, há excessos).

Com exceção de algumas declarações lamentáveis de Rafinha Bastos no ar, quando era integrante do grupo, o CQC ganhou reconhecimento nacional principalmente por fazer "humor político", sério e quadros de interesse público como o "Proteste Já".

Também é sabido que seus integrantes fazem muitas gravações no Congresso nacional, e no senado federal. Pois bem, na última quarta-feira, o site Comunique-se publicou uma reportagem na qual o deputado federal Luiz Couto (PT-PB) diz que o CQC "não é imprensa, não. Isso é querer usar o Parlamento para ganhar alguns pontos no Ibope. Estou encaminhando à Procuradoria da Casa ofício solicitando providências contra os repórteres do CQC".

Durante a gravação de uma pauta sobre doação de sangue, o deputado tomou o microfone das mãos do "repórter-comediante" Maurício Meirelles. Ainda segundo o deputado, "os profissionais do humorístico tratam com desrespeito o Parlamento e desqualificam o trabalho dos parlamentares".

Isso posto, vamos à análise. Todo humorista, às vezes, passa da medida em um ponto ou outro. Nesse caso específico envolvendo o deputado Luiz Couto e Maurício Meirelles, não acredito ter havido excesso da parte do repórter, mas sim do parlamentar. O argumento de Couto, de que os repórteres do CQC tratam os políticos com desrespeito, não é válido.

Até hoje, nunca vi um integrante do programa ser mal educado com uma autoridade política. Mas o contrário já vi diversas vezes. E outra. Se os parlamentares deste país são tratados com desdém (o que não significa desrespeito), é porque eles mesmos plantaram isso.

Afinal, não são os repórteres que enriquecem de uma hora para outra, aumentam o patrimônio milhares de vezes durante o ano e aumentam o próprio salário de maneira absurda, enquanto o piso salarial de um professor estadual, por exemplo, é de pouco mais de 1.400 reais. Aliás, se o jornalista pudesse aumentar o próprio salário, eu já estaria ganhando muito mais (hehehe).

Várias pesquisas apontam que a sociedade é que vê os políticos com desdém. Em diversas reportagens sobre instituições e pessoas confiáveis, os políticos ficam quase sempre em último lugar.

Para quem gosta de humor inteligente, percebe facilmente a pitada de jornalismo no CQC. E, obviamente, a ridicularização dos políticos mais chatos e mal preparados. Já os parlamentares que respondem corretamente às perguntas dos repórteres "quebram suas pernas" e destroçam suas piadas no nascedouro.

Conclusão: vira motivo de chacota quem permite que isso aconteça. Quem é mal preparado, quem parece que está ali apenas para levar vantagem, ganhar dinheiro (lícita e ilicitamente), empregar parentes e dar uma literal banana para o povo que os elegeu. Por isso, gosto do humor jornalístico (e também do jornalismo bem humorado). Há sim, muitos traços jornalísticos no humor inteligente. A fórmula me agrada. E a você? Um forte abraço.

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