quinta-feira, 30 de junho de 2011
Blog entrevista jornalista Eduardo Monsanto, dos canais ESPN
Como amanhã não estarei perto do computador, resolvi antecipar a tradicional entrevista que publico aqui no blog, toda sexta-feira. Nascido em Petrópolis (RJ) e formado em 2001 pela Universidade Federal de Juiz de Fora (MG), Eduardo Monsanto tem quase 15 anos de carreira no jornalismo. Antes de se firmar no esporte, passou pelas editorias de geral e polícia. Hoje nos canais ESPN, apresenta o programa Pontapé Inicial das 10h às 11h30 e fica à disposição da emissora como narrador.
No currículo, carrega a cobertura de duas Copas do Mundo (uma in loco, na África do Sul-2010, e outra feita do Brasil, em 2006), uma Olimpíada (in loco, China) e um Pan (Rio de Janeiro-2007, in loco). Aqui, Dudu, como também é conhecido, compartilha um pouco de sua experiência na carreira. Foi sintético e objetivo nas respostas. Característica típica de quem sempre está correndo contra o tempo, na rotina maluca das redações. Acompanhe o bate-papo. Espero sua visita também em meu twitter: @leandropress. Um forte abraço.
Leandro Martins - Você acredita que a faculdade prepara bem uma pessoa para o mercado de trabalho?
Eduardo Monsanto - Existem faculdades de todos os tipos. Posso falar pela minha, a FACOM da UFJF. Me ajudou bastante.
LM - Em quais empresas de mídia já trabalhou?
EM - Rádio Solar AM – Juiz de Fora, TV Panorama – Afiliada Rede Globo Juiz de Fora, ESPN Brasil
LM - O que já fez fora do esporte?
EM - Fui repórter de geral e polícia, fazia o MGTV em Juiz de Fora
LM - Já foi setorista de um clube? Como é essa experiência?
EM - Acompanhei de perto o Tupi, viajando com o clube na segunda divisão de Minas e na Série C do Brasileiro. Foi importante para conhecer a realidade do jogador brasileiro que está longe dos times de ponta e dos contratos milionários. Não há nenhum glamour. É outro mundo.
LM - Como foi seu início de carreira? Quais as principais dificuldades e obstáculos encontrados?
EM - Meu pai trabalhava em rádio, comecei a acompanhá-lo no dia-a-dia desde criança, e acabei tomando gosto por comunicação. Comecei no Rádio AM, tendo o primeiro emprego registrado aos 18 anos. Fui plantão, repórter e depois narrador. As dificuldades nesse começo, onde a estrutura é mais amadora e os salários mais parecem ajuda de custo, são importantes para ver o quanto você realmente quer seguir carreira.
LM - Como avalia o mercado de trabalho na mídia hoje?
EM - As realidades são diferentes em cada segmento. Rádio uma coisa, internet outra, TV... Muita gente se formando, mas ainda acredito que os caras talentosos ainda conseguem encontrar lugar pra mostrar seu valor.
LM - Alguns jornalistas tornam-se amigos de fontes pela convivência. Você acredita que o jornalista ser amigo da fonte ajuda ou atrapalha o trabalho?
EM - Amizade nunca. Respeito e cordialidade são o ideal, já que muita proximidade pode acabar impedindo uma análise isenta.
LM - Você já se sentiu alvo de perseguição no meio? Sentiu-se traído?
EM - Nada diferente de outras profissões. Esse tipo de coisa não é própria do jornalismo, mas do ser humano.
LM - Como é cobrir um grande evento como a Copa do Mundo e as Olimpíadas?
EM - Em média, são no mínimo 16 horas de trabalho por dia. Às vezes um pouco mais. E a preparação, pelo menos pra mim, leva todo o ano anterior. Pesquisas, estudos... É muito sacrificante, mas vale cada segundo.
LM - Qual foi a maior emoção da sua carreira até hoje?
EM - Acho que foi cobrir os Jogos de Pequim. Foi minha primeira grande cobertura internacional, marcou profundamente.
LM - Cobrir outros esportes que não o futebol é mais fácil ou mais difícil para o locutor?
EM - A Olimpíada é um exemplo disso. Para narrar em Pequim, passei quase um ano estudando as regras de todas as modalidades, e cada uma tem suas peculiaridades. Seja taekwondo, vela, judô, ciclismo... Futebol, quase todo mundo faz.
LM - O que faz para preservar a voz?
EM - Nada...rs Só aquecimento, vez ou outra.
LM - Como vê a disputa pela transmissão do futebol brasileiro em 2012? Acha certo um regime monopolista?
EM - A articulação da Globo junto aos clubes este ano mostrou que ainda está longe o dia em que teremos concorrência justa.
LM - Para os estudantes de jornalismo ou jornalistas recém-formados que pensam que o jornalismo é só televisão e que vão ficar famosos, o que tem a dizer?
EM - Se a idéia é aparecer, é melhor fazer teatro. Jornalismo é trabalho duro, para gente que questiona, que desconfia, que não se conforma e que quer mudar o mundo, mesmo que seja guiado por uma utopia.
LM - O que gostaria de fazer na carreira e ainda não conseguiu realizar?
EM - Quando comecei, meu sonho era cobrir uma Copa do Mundo. Acabei indo antes pra Olimpíada, e ano passado cheguei lá. Meu próximo sonho é publicar meu livro de estréia, que está no forno e sai até o fim do ano.
LM - Você acha que um jornalista esportivo deve assumir seu time de coração?
EM - É algo particular. No meu caso, acho que não acrescenta nada falar pra quem torço.
LM - É muito difícil trabalhar num jogo do seu time e ter de controlar as emoções? Tem uma técnica para ensinar aos jovens que estão começando na profissão?
EM - Se o profissional sente diferença ao transmitir um jogo do time que torce, ele ainda não está preparado para narrar. É um ritual que pede distanciamento, você deve dar tratamento igual aos dois times. Fica muito feio fazer diferente disso, é amadorismo puro.
LM - Quem são os jornalistas e/ou profissionais da comunicação que mais admira?
EM - São muitos. Tenho a sorte de trabalhar com a maioria deles.
LM - Tem alguma história curiosa ou engraçada da profissão?
EM - Ih, várias. Tombos, ataques de riso, microfone dando choque... tudo o que você puder imaginar.
LM - É possível conciliar família e trabalho?
EM - É uma rotina que pede compreensão da família, não é todo mundo que entende.
LM - Deixe uma mensagem para quem pensa em seguir carreira, principalmente no jornalismo esportivo.
EM - No jornalismo, a editoria de esportes normalmente é vista como algo menor. Seria o local onde estariam os jornalistas mais “limitados”. Minha dica é que, mesmo que você seja apaixonado por esportes, não limite seu interesse. Abra a cabeça, leia, vá ver filmes, se interesse por outros assuntos. Não permita que se especializar em esporte o limite a saber falar apenas disso.
quarta-feira, 29 de junho de 2011
Os efeitos da passagem produzida pelo repórter
Bom, para você, amigo leitor, que prestigia esse blog mas não entendeu patavina do título do post, explico. "Passagem" é o termo usado no jornalismo para caracterizar o momento em que o repórter aparece na TV, dentro da matéria, acrescentando alguma informação valiosa ao texto.
Geralmente, são feitas com números, estatísticas ou palavras difíceis de reprensentar com a cobertura de imagens. Como em TV é uma obrigação relacionar texto e imagem, existem muitas situações em que a passagem justifica sua existência. Em várias outras, não.
Nunca fui do tipo de repórter que faz passagem só para aparecer e marcar o rosto na telinha. Tremenda bobagem. Como já disse aqui, a única estrela do jornalismo é a informação e não o jornalista. No entanto, algumas empresas de comunicação exigem que toda reportagem tenha ao menos uma passagem. Nesse caso, o repórter não tem culpa.
A justificativa é que a passagem marca a presença da emissora ou produtora nos locais onde os fatos acontecem. É como dizer: "nossa matéria é verdadeira. O repórter viu, estava lá. As imagens provam". Até aí, ainda assim podem ser feitas muitas matérias distorcidas. Com passagem e tudo.
Tem outra linha de raciocínio que defende que, no jornalismo, nem deveria existir a tal passagem. Segundo alguns professores universitários, a passagem é responsável pelo deslumbramento de estudantes da área ou de pessoas que querem seguir carreira na mídia. Isso, justamente por acharem que vão estar na TV, serem famosos e virar celebridades (e jornalismo não é nada disso!).
Mas, além de dar uma informação relevante, marcar presença e servir de "gancho" para algumas colocações do texto, a passagem também pode ter um efeito lúdico, ilustrativo e bem humorado. Seria um aspecto interessante para atrair a atenção do público. Nessa linha, as passagens mais criativas estão no jornalismo esportivo. Até porque é uma área do jornalismo que permite o exercício maior da criatividade.
E para fazer passagens criativas, normalmente os repórteres devem produzi-las. Ou seja, combinar com elementos da matéria a criação ou realização de alguma situação diferente. Por exemplo, o repórter pode falar o texto e, numa certa deixa, contar com a colaboração da torcida para fazer algum gesto, movimento ou dizer alguma coisa.
Isso foi o que fiz na reportagem abaixo. Em matéria sobre a Olimpíada da Melhor Idade de Guarulhos, combinei com as torcedoras para fazerem um agito depois da minha deixa. Algo relacionado ao texto. O resultado foi razoável. E deu um toque de bom humor à matéria.
Fica a dica. A passagem deve ser muito bem produzida para que alcance o efeito desejado. Caso contrário, vai apenas tomar tempo do repórter e dos demais envolvidos na situação, o que não é nada bacana. Para isso, existem as passagens ditas mais "espontâneas". Por exemplo, com um jogo de fundo, que não é produzido e está acontecendo naquele momento. Eu poderia ter feito isso na mesma reportagem.
Mas, se bem feita, a passagem produzida pode trazer ótimos resultados à matéria e aumentar ainda mais a empatia do público com o repórter. Tanto de quem participa diretamente da reportagem, como de quem assiste pela televisão. Acaba, até, tornando-se um momento de grande expectativa, quando se sabe que determinado jornalista gosta de aparecer de forma positiva e criativa e não apenas para "encher linguiça". Acompanhe o vídeo. Um forte abraço.
terça-feira, 28 de junho de 2011
Fotos do programa Esporte na Rede, com Juarez Corrêa e Tom, da Kia
Esporte na Rede com dois convidados. O cartunista Juarez Corrêa e o empresário Tom, da Kia. o programa foi show de bola! Veja as imagens.
E não custa lembrar. O ER vai ao ar pela UPTV (www.uptv.com.br), toda segunda, ao vivo, às 18h45. Um forte abraço.
E não custa lembrar. O ER vai ao ar pela UPTV (www.uptv.com.br), toda segunda, ao vivo, às 18h45. Um forte abraço.
segunda-feira, 27 de junho de 2011
O jornalista e o merchandising
Essa é uma questão que sempre foi muito polêmica no meio midiático. Jornalista pode fazer merchandising ou não? E participar de comerciais? Conheço vários jornalistas com as mais diversas opiniões a respeito do assunto. Alguns são a favor, outros contra.
Na faculdade, normalmente se ensina que é errado e antiético o jornalista fazer o popular "merchan" e participar de comerciais. Isso porque sua imagem seria associada a determinado produto. E, quando se vende, se faz publicidade, propaganda e não jornalismo.
Afinal, e se a empresa que fabrica o tal produto não agir dentro da legalidade? E se forem descobertas falcatruas e surgirem escândalos? E se o produto for ruim (de má qualidade) ou causar algum tipo de vício (álcool) às pessoas? O jornalista que fez o merchan ou o comercial teria sua imagem e credibilidade manchadas?
Bom, vamos lá. Primeiramente, é importante que o amigo leitor saiba que existem vários lados nessa questão. Quando vende qualquer coisa, um garoto-propaganda efetivamente associa sua imagem ao produto. Por isso, tem jornalista que não faz "merchan" de cerveja ou produtos do gênero, mas topa fazer de outras mercadorias. Por outro lado, tem jornalistas que não fazem "merchan" nenhum.
Vamos então às duas linhas de pensamento predominantes quando a questão é o "merchan". Quem não faz, defende que o jornalista não é pago para isso. Quem deve cuidar dessa questão é o departamento comercial da empresa. O departamento seria também o encarregado de vender os anúncios no jornal, programa, revista e qualquer veículo em que o jornalista atue. Mais pela credibilidade e "audiência" que o veículo possui e menos pela associação da imagem do jornalista com o produto.
Um grande exemplo dessa linha de raciocínio é Juca Kfouri, conhecido por ser radicalmente contra o "merchan" e por fazer "propagandas" como "beba água da bica", "tome chá de cadeira" e outras. Jorge Kajuru também é adepto desta filosofia.
Já quem faz "merchan", alega que, com o dinheiro extra que o patrocinador investe, a empresa ganha mais e, assim, também ajuda a pagar o salário de companheiros de trabalho. Defendem essa linha Flávio Prado e Milton Neves. Este último, conhecido por ser o "rei dos merchans" (vende de tudo).
Essa segunda linha de raciocínio contém uma meia verdade. Quando o patrocinador investe e consegue que o jornalista faça "merchan", efetivamente injeta mais dinheiro na empresa de comunicação. Porém, se a empresa for grande, como emissoras de TV aberta, rádios populares, jornais e revistas de grande circulação, essa verba vai apenas para o jornalista que aceitou fazer o "merchan". Em nada ajuda os companheiros de trabalho.
Porém, em mídias pequenas, o dinheiro ajuda sim a todos. Esse considero ser o "merchan" que vale a pena. Exclusivamente nesse caso, eu faria, pois o bem maior seria ajudar aos colegas. Não estaria cometendo nenhum crime ou enganando qualquer pessoa. A ética é um valor pessoal. A minha não se feriria com isso. A credibilidade, a honestidade e a sinceridade se mantêm sempre intactas, pois são valores da pessoa e não do produto vendido.
O ideal mesmo seria que todas as empresas pagassem bem e em dia aos profissionais da comunicação. Mas a realidade é outra e isso, na verdade, é exceção e não regra. Hoje, a sociedade é melhor informada. E as pessoas de nível médio sabem diferenciar o que é propaganda e "merchan" do que é a notícia e a informação. E até respeitam isso.
O que não pode é o jornalista enganar o público e disfarçar ou travestir a propaganda como uma notícia. Aí sim, é agir de má fé. É ludibriar. Se fizer "merchan" e der a informação em separado, de forma que isso fique bem claro para o público, não vejo mal algum. Mas será sempre mais bem visto se ajudar os companheiros a sustentar a família. O exagero também é condenável. Jamais o "merchan" poderá tomar o espaço da informação ou truncar seu entendimento. É isso. Um forte abraço.
Na faculdade, normalmente se ensina que é errado e antiético o jornalista fazer o popular "merchan" e participar de comerciais. Isso porque sua imagem seria associada a determinado produto. E, quando se vende, se faz publicidade, propaganda e não jornalismo.
Afinal, e se a empresa que fabrica o tal produto não agir dentro da legalidade? E se forem descobertas falcatruas e surgirem escândalos? E se o produto for ruim (de má qualidade) ou causar algum tipo de vício (álcool) às pessoas? O jornalista que fez o merchan ou o comercial teria sua imagem e credibilidade manchadas?
Bom, vamos lá. Primeiramente, é importante que o amigo leitor saiba que existem vários lados nessa questão. Quando vende qualquer coisa, um garoto-propaganda efetivamente associa sua imagem ao produto. Por isso, tem jornalista que não faz "merchan" de cerveja ou produtos do gênero, mas topa fazer de outras mercadorias. Por outro lado, tem jornalistas que não fazem "merchan" nenhum.
Vamos então às duas linhas de pensamento predominantes quando a questão é o "merchan". Quem não faz, defende que o jornalista não é pago para isso. Quem deve cuidar dessa questão é o departamento comercial da empresa. O departamento seria também o encarregado de vender os anúncios no jornal, programa, revista e qualquer veículo em que o jornalista atue. Mais pela credibilidade e "audiência" que o veículo possui e menos pela associação da imagem do jornalista com o produto.
Um grande exemplo dessa linha de raciocínio é Juca Kfouri, conhecido por ser radicalmente contra o "merchan" e por fazer "propagandas" como "beba água da bica", "tome chá de cadeira" e outras. Jorge Kajuru também é adepto desta filosofia.
JUCA KFOURI E JORGE KAJURU: CONTRA O MERCHAN
Já quem faz "merchan", alega que, com o dinheiro extra que o patrocinador investe, a empresa ganha mais e, assim, também ajuda a pagar o salário de companheiros de trabalho. Defendem essa linha Flávio Prado e Milton Neves. Este último, conhecido por ser o "rei dos merchans" (vende de tudo).
MILTON NEVES E FLÁVIO PRADO: A FAVOR DO MERCHAN
Essa segunda linha de raciocínio contém uma meia verdade. Quando o patrocinador investe e consegue que o jornalista faça "merchan", efetivamente injeta mais dinheiro na empresa de comunicação. Porém, se a empresa for grande, como emissoras de TV aberta, rádios populares, jornais e revistas de grande circulação, essa verba vai apenas para o jornalista que aceitou fazer o "merchan". Em nada ajuda os companheiros de trabalho.
Porém, em mídias pequenas, o dinheiro ajuda sim a todos. Esse considero ser o "merchan" que vale a pena. Exclusivamente nesse caso, eu faria, pois o bem maior seria ajudar aos colegas. Não estaria cometendo nenhum crime ou enganando qualquer pessoa. A ética é um valor pessoal. A minha não se feriria com isso. A credibilidade, a honestidade e a sinceridade se mantêm sempre intactas, pois são valores da pessoa e não do produto vendido.
O ideal mesmo seria que todas as empresas pagassem bem e em dia aos profissionais da comunicação. Mas a realidade é outra e isso, na verdade, é exceção e não regra. Hoje, a sociedade é melhor informada. E as pessoas de nível médio sabem diferenciar o que é propaganda e "merchan" do que é a notícia e a informação. E até respeitam isso.
O que não pode é o jornalista enganar o público e disfarçar ou travestir a propaganda como uma notícia. Aí sim, é agir de má fé. É ludibriar. Se fizer "merchan" e der a informação em separado, de forma que isso fique bem claro para o público, não vejo mal algum. Mas será sempre mais bem visto se ajudar os companheiros a sustentar a família. O exagero também é condenável. Jamais o "merchan" poderá tomar o espaço da informação ou truncar seu entendimento. É isso. Um forte abraço.
domingo, 26 de junho de 2011
Fotos do programa Esporte na Rede, de 20/06
Depois de um feriado prolongado, nada melhor do que voltar a postar no blog, num domingo chuvoso e frio aqui no ABC Paulista. Minha intenção era ter publicado um post na quarta-feira, dia 23, mas o blogger teve um problema e não permitiu que se colocassem as imagens.
Por isso, voltei a postar somente hoje. Estava com saudades. Para começar bem a semana, coloco aqui as fotos do programa Esporte na Rede de segunda-feira passada. Nesta segunda, dia 27, tem mais ER, com a presença do cartunista Juarez Corrêa, desenhista de mais de 400 mascotes de times do futebol brasileiro.
Não perca! Nesta segunda, às 18h45, na UPTV (www.uptv.com.br). Siga-me também no twitter: @leandropress. Amanhã tem post polêmico! Um forte abraço.
Por isso, voltei a postar somente hoje. Estava com saudades. Para começar bem a semana, coloco aqui as fotos do programa Esporte na Rede de segunda-feira passada. Nesta segunda, dia 27, tem mais ER, com a presença do cartunista Juarez Corrêa, desenhista de mais de 400 mascotes de times do futebol brasileiro.
Não perca! Nesta segunda, às 18h45, na UPTV (www.uptv.com.br). Siga-me também no twitter: @leandropress. Amanhã tem post polêmico! Um forte abraço.
segunda-feira, 20 de junho de 2011
Dois anos sem a obrigatoriedade do diploma
Na última sexta-feira, 17/06, a não obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalista completou dois anos. Segundo reportagem de Izabela Vasconcelos, no site Comunique-se, "o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS), autor da PEC 386/09, que pede a volta da exigência da graduação específica em jornalismo", diz que a própria imprensa não tem interesse na volta do diploma.
Ele argumenta, com certa razão, que os jornalistas não analisam suas próprias condições de trabalho e que não falam sobre si mesmos nesse tipo de debate. Pura verdade. Realizo entrevistas aqui neste blog e pouco vejo manifestações e colocações inteligentes sobre o mercado de trabalho.
Segundo o deputado, existe a pressão de empresas para que a situação permaneça como está, já que os grandes veículos de comunicação "vendem" informação como qualquer mercadoria. E o que faz certa mercadoria ser vendida? Um visual atraente.
E isso se consegue com gente famosa que, muitas vezes, só tem uma boa imagem, mas não tem inteligência, postura, talento, conteúdo, senso de apuração, não sabe escrever e, ainda, somente exibe o corpo (para não dizer apenas a bunda) como principal predicado.
Por isso que ex-jogador de futebol pode até ser comentarista esportivo (de qualidade absolutamente questionável), mas jamais será repórter. Repórter tem que fazer texto, contar a história de um jeito interessante. Tem que apurar bem. Esse tipo de coisa, gente dessa laia não sabe fazer.
Um dos requisitos para vender boa mercadoria (já que a informação tem sido uma), também deveria ser a qualidade. Normalmente, quem estuda e se prepara quatro anos para ser jornalista tem muito mais chance de dar certo do que quem não o faz. Existem sim, exceções.
Repito: prefiro um não-diplomado de QUALIDADE a um diplomado MEDÍOCRE. Mas, quando ambos se equivalerem em talento e aptidão para o jornalismo, a vaga deve ser do diplomado. Reserva de mercado e questão de coerência. Só que fica difícil esperar justiça e bom senso em um país dito da impunidade, em que políticos quase nunca vão presos e onde o Ministério da Educação ensina as pessoas a falarem e escreverem errado, numa atitude ridícula de desinformação.
Sinceramente, sempre que releio a entrevista com o jornalista Carlos Fernando, da Bandnews FM e do canal a cabo Bandsports, publicada aqui neste blog, constato o que já sabia e me bate uma angústia gigantesca. Nosso mercado não é sério. Nosso país também não.
Algumas poucas empresas sim, ainda primam pelo diploma, pela qualidade da informação que divulgam. A maioria não se pauta por aí. Pena. Lá se vão dois anos sem a obrigatoriedade do diploma. Não que tenha mudado muita coisa já que, mesmo com a obrigatoriedade, essa safadeza já existia. A não obrigatoriedade apenas legalizou a calhordice. Afinal, aqui só vai para o xilindró quem não interessa mesmo. Um forte abraço.
sexta-feira, 17 de junho de 2011
Em busca de novas entrevistas
Se você é leitor assíduo deste blog, sabe que toda sexta-feira é dia de entrevista com um colega de profissão. No entanto, alguns jornalistas são muito ocupados e, naturalmente, demoram a responder. Algo perfeitamente compreensível.
Nenhum colega me respondeu essa semana. Então, vou aproveitar o espaço para recapitular quem eu já entrevistei e quem ainda me deve resposta. Já passaram por aqui: Cláudia Ramos, Cacá Fernando, Jota Júnior, Roberta Migliolo, Sylvio Montenegro, Fernando Vannucci, Eduardo Affonso e Octávio Muniz.
Estou esperando a resposta de: Fernando Gavini, Leonardo Bertozzi, Marco Aurélio Souza, Benjamin Back, Marcelo Di Lallo, Eduardo Savoia, Luciano Júnior, Frank Fortes, Raquel Rieckman e Bárbara Tellini.
Ainda vou solicitar a entrevista com outros colegas de profissão com os quais converso. São eles: Maércio Ramos, Cleonice Pavão, Elias Awad, Ronald Gimenez, Ricardo Capriotti, Silvia Garcia, Gustavo Villani, Adriano Dolph, José Nello Marques, Eduardo Monsanto, Emerson Tchalian, Márcio Moron e Sílvio Lancelotti.
Se você, leitor, tiver contatos interessantes, aceito sugestões. Publiquei este post em respeito a você, que todos os dias dá uma passadinha por aqui e merece meu carinho, meu respeito e uma explicação. Um forte abraço.
Nenhum colega me respondeu essa semana. Então, vou aproveitar o espaço para recapitular quem eu já entrevistei e quem ainda me deve resposta. Já passaram por aqui: Cláudia Ramos, Cacá Fernando, Jota Júnior, Roberta Migliolo, Sylvio Montenegro, Fernando Vannucci, Eduardo Affonso e Octávio Muniz.
Estou esperando a resposta de: Fernando Gavini, Leonardo Bertozzi, Marco Aurélio Souza, Benjamin Back, Marcelo Di Lallo, Eduardo Savoia, Luciano Júnior, Frank Fortes, Raquel Rieckman e Bárbara Tellini.
Ainda vou solicitar a entrevista com outros colegas de profissão com os quais converso. São eles: Maércio Ramos, Cleonice Pavão, Elias Awad, Ronald Gimenez, Ricardo Capriotti, Silvia Garcia, Gustavo Villani, Adriano Dolph, José Nello Marques, Eduardo Monsanto, Emerson Tchalian, Márcio Moron e Sílvio Lancelotti.
Se você, leitor, tiver contatos interessantes, aceito sugestões. Publiquei este post em respeito a você, que todos os dias dá uma passadinha por aqui e merece meu carinho, meu respeito e uma explicação. Um forte abraço.
quarta-feira, 15 de junho de 2011
Atualização de portifólio - 15/06 - Comparando reportagens com Globo e Rede TV!
No último domingo, 12 de junho, dia dos namorados, Guarulhos realizou um casamento comunitário inédito na cidade. Mais de 500 casais concretizaram o sonho de "subir ao altar" e trocar alianças, com as devidas bênçãos.
São pessoas de famílias carentes, que jamais conseguiriam realizar tais procedimentos por conta própria. A empresa de telefonia e banda larga GVT custeou as despesas com cartório e foi a principal patrocinadora deste momento de felicidade para os noivos.
Os vestidos foram cedidos por lojas da cidade e as outras despesas ficaram a cargo da Prefeitura, por meio do Fundo Social de Solidariedade. Presenciei o enlace de muitas histórias de amor nesse dia. E também, aproveitei para aprender mais sobre minha profissão.
Vários jornais da cidade estiveram presentes ao evento e também grandes emissoras de TV aberta como Globo (com a repórter Ananda Apple), Rede TV! (com a repórter Débora Aguillar) e o SBT.
Minha reportagem está postada abaixo. Antes dela, estão os links das reportagens de Globo e Rede TV! para comparação (a do SBT não achei até o momento). Assim, pude observar como cada emissora tratou o mesmo tema, a mesma pauta, de maneiras diferentes. Tudo depende de seu público-alvo e do veículo que divulga o conteúdo.
Minha reportagem foi ao ar pelo Canal Guarulhos e está disponível também no site da Prefeitura. A reportagem de Ananda Apple foi ao ar no Bom Dia São Paulo de segunda, 13/06 e a matéria de Débora Aguillar passou no programa Manhã Maior, da Rede TV!, na mesma data.
A Globo fez um vídeo mais geral, abrangendo o evento como um todo. Não fez muita menção a dia dos namorados nem a Santo Antonio (cujo dia é celebrado em 13/06). Achei bem "feijão-com-arroz". E na passagem, ela citou o atraso dos noivos. Não achei muito elegante.
Aqui também pode entrar um outro componente. Desde que me conheço por gente, a Ananda é repórter da Globo. Faz isso há muitos anos. E, às vezes, o cansaço, o estresse ou mesmo a falta de motivação podem fazer com que sua cabeça deixe de lado a criatividade para "ligar no automático".
Meu chefe sempre diz que nunca devemos deixar que nosso cérebro entre no automático. Temos, todos os dias, de tentar nos superar e fazer das pautas simples coisas legais. Lembre-se: é mais fácil transformar uma pauta boa em ruim do que o inverso. Por isso, tente sempre extrair o máximo daquilo que você faz.
A matéria da Rede TV! focou num casal de personagens, ex-moradores de rua, que conseguiram se casar. Também os entrevistei, mas eles apenas compuseram parte da minha história. Veja os vídeos abaixo e compare as reportagens. É interessante ver como cada veículo trata uma pauta. Espero aqui seu comentário, sua visão e sua opinião sobre os vídeos. Um forte abraço.
Globo - Bom Dia São Paulo: http://g1.globo.com/videos/sao-paulo/v/casamento-comunitario-reune-500-casais-em-guarulhos/1534948/
Rede TV! - Manhã Maior: http://www.redetv.com.br/Video.aspx?124,28,196634,entretenimento,manha-maior,casais-participam-do-casamento-comunitario
Prefeitura de Guarulhos - Canal Guarulhos (abaixo)
São pessoas de famílias carentes, que jamais conseguiriam realizar tais procedimentos por conta própria. A empresa de telefonia e banda larga GVT custeou as despesas com cartório e foi a principal patrocinadora deste momento de felicidade para os noivos.
Os vestidos foram cedidos por lojas da cidade e as outras despesas ficaram a cargo da Prefeitura, por meio do Fundo Social de Solidariedade. Presenciei o enlace de muitas histórias de amor nesse dia. E também, aproveitei para aprender mais sobre minha profissão.
Vários jornais da cidade estiveram presentes ao evento e também grandes emissoras de TV aberta como Globo (com a repórter Ananda Apple), Rede TV! (com a repórter Débora Aguillar) e o SBT.
Minha reportagem está postada abaixo. Antes dela, estão os links das reportagens de Globo e Rede TV! para comparação (a do SBT não achei até o momento). Assim, pude observar como cada emissora tratou o mesmo tema, a mesma pauta, de maneiras diferentes. Tudo depende de seu público-alvo e do veículo que divulga o conteúdo.
Minha reportagem foi ao ar pelo Canal Guarulhos e está disponível também no site da Prefeitura. A reportagem de Ananda Apple foi ao ar no Bom Dia São Paulo de segunda, 13/06 e a matéria de Débora Aguillar passou no programa Manhã Maior, da Rede TV!, na mesma data.
A Globo fez um vídeo mais geral, abrangendo o evento como um todo. Não fez muita menção a dia dos namorados nem a Santo Antonio (cujo dia é celebrado em 13/06). Achei bem "feijão-com-arroz". E na passagem, ela citou o atraso dos noivos. Não achei muito elegante.
Aqui também pode entrar um outro componente. Desde que me conheço por gente, a Ananda é repórter da Globo. Faz isso há muitos anos. E, às vezes, o cansaço, o estresse ou mesmo a falta de motivação podem fazer com que sua cabeça deixe de lado a criatividade para "ligar no automático".
Meu chefe sempre diz que nunca devemos deixar que nosso cérebro entre no automático. Temos, todos os dias, de tentar nos superar e fazer das pautas simples coisas legais. Lembre-se: é mais fácil transformar uma pauta boa em ruim do que o inverso. Por isso, tente sempre extrair o máximo daquilo que você faz.
A matéria da Rede TV! focou num casal de personagens, ex-moradores de rua, que conseguiram se casar. Também os entrevistei, mas eles apenas compuseram parte da minha história. Veja os vídeos abaixo e compare as reportagens. É interessante ver como cada veículo trata uma pauta. Espero aqui seu comentário, sua visão e sua opinião sobre os vídeos. Um forte abraço.
Globo - Bom Dia São Paulo: http://g1.globo.com/videos/sao-paulo/v/casamento-comunitario-reune-500-casais-em-guarulhos/1534948/
Rede TV! - Manhã Maior: http://www.redetv.com.br/Video.aspx?124,28,196634,entretenimento,manha-maior,casais-participam-do-casamento-comunitario
Prefeitura de Guarulhos - Canal Guarulhos (abaixo)
terça-feira, 14 de junho de 2011
Fotos do programa Esporte na Rede, com Palhinha
Nesta segunda-feira, o Esporte na Rede recebeu o ex-jogador de futebol Palhinha, Bicampeão Mundial com o São Paulo e tricampeão da Copa Libertadores (Bi com o São Paulo e uma vez com o Cruzeiro).
Assista ao programa no site www.uptv.com.br. A atração vai ao ar na internet, AO VIVO, toda segunda, às 18h45, só na UPTV! Confira as imagens!
Assista ao programa no site www.uptv.com.br. A atração vai ao ar na internet, AO VIVO, toda segunda, às 18h45, só na UPTV! Confira as imagens!
segunda-feira, 13 de junho de 2011
O polêmico projeto da Globo, "Parceiro do SP"
A TV Globo encerrou ontem as inscrições para um novo projeto chamado "Parceiro do SP". Segundo o site Comunique-se, a intenção do novo quadro é que 14 moradores de algumas zonas da capital paulista e outras cidades da Grande São Paulo (totalizando sete regiões) mostrem curiosidades e acontecimentos de seus bairros com pequenos vídeos feitos por eles mesmos.
Esses novos "repórteres" devem ser selecionados como qualquer pretendente a uma vaga de emprego. Com provas de raciocínio lógico, conhecimentos gerais, português, redação e as "velhas e boas" dinâmicas de grupo. Devem ser maiores de 18 anos e terem Ensino Médio completo. O que não impede que sejam diplomados em qualquer curso universitário.
Segundo a TV Globo, os candidatos serão avaliados por jornalistas, que também vão acompanhar os "repórteres" no processo de edição dos vídeos. Eles ainda devem fazer um curso de técnicas jornalísticas.
A polêmica surge no momento em que se debate o mercado de trabalho. Para alguns, é um meio de a emissora contratar mão-de-obra barata, com pouca qualificação, em vez de jornalistas diplomados. O projeto foi, inclusive, contestado pelo Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro e pela Associação Profissional dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos do Estado do Rio de Janeiro (Arfoc).
Na verdade, a TV Globo já faz uso deste expediente há algum tempo. Não é de agora que a emissora aproveita o trabalho de telespectadores. No próprio SPTV, o canal sempre exibiu vídeos amadores feitos por pessoas da comunidade para denunciar irregularidades no trânsito ou em ruas da capital. Valia até mesmo vídeo de celular.
Bem, existem aí dois lados. O do jornalista, enquanto reserva de mercado de trabalho (e muita gente sonha em trabalhar na Globo, o que também pode significar certa dor de cotovelo) e o da relação entre emissora e comunidade. Como sempre, sinto-me muito à vontade para falar da Globo, pois sempre elogio ou critico quando merece, sem radicalismos.
Primeiramente, é bom que as pessoas saibam que a TV Globo é a emissora aberta que mais produz jornalismo em sua grade de programação e investe pesado nela. É, de longe, a que faz isso com melhor qualidade técnica e plástica (o conteúdo sempre será discutível em qualquer emissora). Para mim, sempre esteve muito distante das rivais. Anos-luz à frente.
Outra coisa importante. Existe o padrão Globo de jornalismo e me recuso a crer que permitirão que materiais sem qualidade aceitável sejam veiculados no ar. Seria dar um tiro no pé da própria credibilidade, construída durante tantos anos.
Isso posto, não há como negar que essa relação entre emissora e telespectador ajuda as duas partes. O telespectador ganha voz para mostrar os problemas que acontecem na região onde mora, coisa que talvez não conseguisse de outra forma.
Quer queira, quer não, a imprensa é um meio importante para solucionar muitos problemas crônicos de forma rápida (vide quadro "Proteste Já", do programa CQC, da TV Bandeirantes). Nenhum político quer ter sua imagem manchada em épocas eleitorais. Ainda mais aparecendo na Globo. O problema é que os políticos deveriam resolver os entraves dos locais que gerem sem necessitar dessa cutucada. Isso não é mais do que a obrigação deles.
Para uma emissora que sempre considerei distante do povo, no sentido de permitir sua participação na programação, considero um avanço. O projeto é mais do que ligar para um zero oitocentos ou mandar mensagens para os jogos de futebol. Deixa a comunidade realmente mais próxima.
Desde que nenhum dos moradores seja contaminado por qualquer tipo de visão interna da emissora. E também que não sejam obrigados a escrever os textos exatamente da maneira que os editores querem.
Para a TV Globo, sem dúvida, é uma oportunidade de aumentar a cobertura nos noticiários usando sim, uma mão-de-obra mais barata. O salário é de R$ 1.120,00 mais benefícios para quatro horas. Ou seja, pouco menos do que o piso de um jornalista para a capital paulista, que é de R$ 1.593,00 para cinco horas (definitivamente, jornalista ganha muito mal!).
Proporcionalmente, é um pouco inferior. A emissora emitiu uma nota em que diz: “A TV Globo jamais usou mão de obra barata no lugar de jornalistas (...) Trata-se de dar voz à comunidades para que elas retratem o seu dia a dia, naquilo que consideram importante, com a supervisão de nossos jornalistas. E os jovens contratados não ocuparam vagas existentes na empresa e nem substituíram profissionais. Ao contrário, o projeto gerou novos postos de trabalho".
Se nenhum jornalista foi demitido, é um passo importante. Tem empresa muito mais picareta que demite jornalistas para colocar estagiários no lugar. Com este projeto, a Globo vai ganhar em cobertura, mas também vai trazer o benefício da visibilidade para os problemas de algumas comunidades. Se ajuda seres humanos a viver com mais dignidade, considero um bom projeto. Um forte abraço.
sexta-feira, 10 de junho de 2011
Lembra dela? Blog entrevista jornalista Cláudia Ramos
Você se lembra dela? Quem gosta de esportes e mora em São Paulo, logo vai associar a imagem da bela jornalista com o futebol. Pelo menos, foi o que aconteceu comigo. Com 25 anos de carreira, Cláudia Ramos já passou por várias emissoras de TV aberta. Na capital paulista, sua última casa foi a TV Gazeta, na qual fazia reportagens esportivas que iam ao ar nos programas "Mesa Redonda Futebol em Debate" e "Gazeta Esportiva".
Cláudia Ramos é formada pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso, na "Cidade Maravilhosa". Tem especialização em Marketing em Mídias Digitais. Hoje, escreve para algumas revistas femininas e faz trabalho de assessoria. Mas ela ainda tem vontade de voltar à telinha. E vive na ponte aérea entre sua terra natal e a "Terra da Garoa".
No bate-papo, a jornalista admite que o trabalho é árduo e que é difícil conciliar família e carreira. Entre os sonhos profissionais, está o de cobrir uma guerra! Algo que muitos jornalistas temem. Dona da própria rotina, ela já se emocionou na cobertura dos Jogos Olímpicos de Barcelona, em 1992. Quem não se emocionaria? Confira a entrevista.
Leandro Martins - O que achou do curso de graduação quando estudou jornalismo?
Cláudia Ramos - Muito bom, com ótimos professores. Tive aulas com Carlos Henrique Schreder, hoje diretor da TV Globo. Dá um bom embasamento teórico, mas o ideal é que a pessoa busque estágio imediatamente, porque o mercado é muito competitivo.
LM - Você acredita que a faculdade prepara bem uma pessoa para o mercado de trabalho?
CR - Não. Jornalismo depende de duas coisas: paixão pela notícia e experiência.
LM - Em quais empresas de mídia já trabalhou?
CR - Comecei no Jornal do Brasil (86-90), fui para a Folha de S. Paulo (90), depois voltei para o JB (cobri os Jogos Olímpicos de Barcelona - 92). Mais tarde, mudei-me para SP onde fiz minha estréia na TV Gazeta, no esporte. Fiquei até 2000, quando voltei para o Rio. Então trabalhei na Band (jornal local e de rede); Record (jornal de rede e Cidade Alerta) e SBT (jornal local e de rede). Paralelo a isso, escrevo para revista desde que comecei no jornalismo. Escrevi para a Capricho, NOVA, ELLE, MArie Claire e atualmente escrevo para CLAUDIA e RG (da Carta Editorial). Ganhei dois prêmios Abril de jornalismo.
LM - Onde está trabalhando hoje?
CR - Faço monitoramento de mídias sociais e marketing em mídias sociais. Continuo escrevendo para revistas femininas e sou repórter da TV interna do HSBC, além de ser assessora de imprensa da Sociedade Brasileira de Mastologia.
LM - Como é sua rotina? Que horas você entra? Tem hora pra sair?
CR - Tenho o privilégio de fazer a minha própria rotina.
LM - Ainda está no esporte? O que já fez fora do esporte?
CR - Não, não cubro mais esporte. Agora, só acompanho, até porque meu filho é fanático por futebol. Sabe tudo rs (é carma; bom, pelo menos é flamenguista)
LM - Já foi setorista de um clube? Como é essa experiência?
CR - Na Tv Gazeta não havia setorista, mas eu costumava cobrir mais o São Paulo e a Portuguesa. É interessante, mas, na época em que eu cobria ainda havia poucas repórteres e o preconceito era grande. E sendo jovem, era mais dificil conseguir fontes ou fazer com que os jogadores se abrissem. Mas consegui boas entrevistas exclusivas, uma delas foi com o Edmundo, em uma fase em que ele havia brigado com a mídia paulistana e ele topou dar uma exclusiva para mim. Foi bem bacana.
LM - Alguns jornalistas tornam-se amigos de fontes pela convivência. Você acredita que o jornalista ser amigo da fonte ajuda ou atrapalha o trabalho? Em que sentido?
CR - É complicado. Costumo dizer que jornalista não é amigo, por que qual a imparcialidade que ele vai ter ao saber de um furo que não seja positivo para o "amigo"? Ele vai publicar? Complicado. O ideal é ter um bom relacionamento, mas sem intimidade. Pode-se muito bem conseguir bons furos sem 'misturar' os canais; basta ter credibilidade e trabalho.
LM - Você já se sentiu alvo de perseguição no meio? Sentiu-se traída?
CR - Não, todos sempre me trataram super bem. O mais bacana é que eu pedia ajuda aos "meninos" que cobriam futebol para que meu texto ficasse masculino rs porque falar de futebol para homens não é fácil. E todos, sem exceção, sempre me ajudaram muito.
LM - Como é cobrir um grande evento como a Copa do Mundo e as Olimpíadas?
CR - Nunca cobri Copa, mas cobri uma Olimpíada (em 92/Barcelona) e outras na redação. Eu pensava que entendia de esporte até cobrir uma Olimpíada. Eram tantos atletas, tantas modalidades... fantástico! Estava lá quando o Aurélio Miguel ganhou a medalha - apesar de eu não ter feito a matéria - e foi lindo demais. Ver um brasileiro subir no pódio e o hino tocar. Chorei que nem criança de emoção. (Nota do blog: Aurélio Miguel é ex-judoca e hoje vereador por São Paulo pelo PR. Ganhou ouro nas Olimpíadas de Seul em 1988 e foi bronze em Barcelona, em 1992.)
LM - Como vê a guerra pela transmissão do futebol brasileiro em 2012? Acha certo um regime monopolista?
CR - Claro que não! Todos deveriam ter o direito de transmissão com parcelas proporcionais.
LM - Para os estudantes de jornalismo ou jornalistas recém-formados que pensam que o jornalismo é só televisão, o que tem a dizer? E o que falaria para aqueles que pensam que não vão trabalhar muito e nem aos finais de semana?
CR - Engraçado porque quando dava palestras em faculdade, todos vinham me perguntar de TV - de apresentação. Eu dizia: mas antes de ser apresentador, é importante ter passado pela escuta, pela apuração, pauta, enfim, ali nasce a notícia. Um bom repórter tem que ser um bom apurador, tem que ter a noção do que é importante para o jornalismo e ter jogo de cintura para arranjar personagens - quantas vezes são os próprios repórteres quem arranjam os personagens. Outro dia, em um curso de mídia digital, ouvi um rapaz dizendo que tinha desistido do jornalismo porque 'não aguentava mais trabalhar nos finais de semana e não ter horário para nada'. Eu me virei crente que ia me deparar com um veterano do jornalismo e, para meu espanto, era um garoto!!! Não devia nem ter 30 anos! Jornalismo é paixão, tem que estar na veia, porque paga-se mal, explora-se muito, mas é apaixonante demais.
LM - O que gostaria de fazer na carreira e ainda não conseguiu realizar? Que sonhos profissionais ainda alimenta?
CR - Adoraria cobrir uma guerra - já cobri as 'guerras' urbanas do Rio - peguei o auge dos tiroteios na cidade, inclusive participei como repórter de várias daquelas cenas retratadas no filme Tropa de Elite 2 (a invasão de Bangu, a guerra das milícias, Rio das Pedras, aqueles programas sensacionalistas... rs)
LM - Você acha que um jornalista esportivo deve assumir seu time de coração?
CR - Sou Flamengo, nunca escondi. Sou apaixonada pelo meu time, agora menos, mas sempre fui de ir a Maracanã (década de 80 com Carpegiani). O jornalista até pode dizer seu time, mas não deve nunca dar opinião, reforçar a paixão em público porque grande parte da torcida não entende. Já vi vários casos de jornalistas serem discriminados por isso (e até ameaçados de agressão).
TINO MARCOS E MAURO NAVES,
DOIS ÍDOLOS DE CLÁUDIA RAMOS
LM - Quem são os jornalistas e/ou profissionais da comunicação que mais admira?
CR - No esporte: Tino Marcos e Mauro Naves/ João Máximo (foi meu editor de esporte; é um dos melhores textos do jornalismo). Em revista: Lucy Dias e Deborah de Paula Souza (Lucy foi minha "mestra") Em polícia: Monica Puga
LM - Tem alguma história curiosa ou engraçada da profissão?
CR - Tenho algumas. Pelo SBT: houve um acidente grave de trem na zona norte do Rio, com mortes. Chegamos no local e a área estava toda cercada; um monte de jornalistas. Daí, tivemos a idéia de ir mais adiante e entrar na via para ver se conseguíamos chegar no trem. Bom, conseguimos e entramos em um trem parado. Fomos andando, andando até que... era o trem do acidente!!! Pegamos com exclusividade imagens chocantes, fizemos tudo. Quando nos descobriram, nos tiraram de lá e ao sairmos demos de cara com um monte de repórteres (devia ter uns 3 da Globo) pasmos. Foi hilário!
Ainda pelo SBT: no segundo dia da pior guerra do Conjunto de Favelas do Alemão, fomos mandados para saber como estava a situação no local. Percorremos a avenida (o complexo fica ao longo da avenida, no morro) e nada de jornalistas e nem de polícia, até que encontramos uma equipe do Bope. Paramos ao lado deles e... começou o maior tiroteio. Era uma guerra!!! Fizemos tudo, inclusive, fomos a única equipe a filmar a morte de um policial do bope do nosso lado, muito triste.
LM - É possível conciliar família e trabalho? De que forma?
CR - Xiiii, dá para pular essa? rs Tenho um filho de 11 anos lindo. É dificil aguentar a carreira. O cara tem que ser muito paciente e flexível com o fato de não termos horários, nem feriados, enfim, de não termos todas aquelas coisas de gente 'normal'.
LM - Deixe uma mensagem para quem pensa em seguir carreira, principalmente no jornalismo esportivo.
CR - Entre de cabeça, dedique-se bastante e faça com paixão. Jornalismo sem paixão não existe.
Cláudia é uma pessoa amável, simpática e atenciosa. Atendeu minha solicitação para entrevista com rapidez e prestatividade, bem diferente de alguns colegas famosos. Torçam para que ela venha trabalhar em São Paulo e possa vir ao Esporte na Rede, programa que apresento na web TV. Ela já prometeu que vem! Promessa é dívida, hein Cláudia! Quem quiser seguir a jornalista no twitter, basta procurar por @claudiaramosrj. Sigam-me também no Twitter: @leandropress. E no Facebook: Leandro Martins. Um forte abraço.
AGRADECIMENTO PELA ENTREVISTA
PROGRAMA ESPORTE NA REDE
SEQUÊNCIA DE MATÉRIAS
PROGRAMA MESA REDONDA - TV GAZETA
CLÁUDIA RAMOS APARECE NA REPORTAGEM FINAL
quarta-feira, 8 de junho de 2011
Não há nada mais abominável para um jornalista do que cometer plágio
Infelizmente, acontece. Muitas pessoas são adeptas da famosa filosofia de que, neste mundo, "nada se cria, tudo se copia". Uma pena. No caso do jornalismo, isso tem nome certo: plágio. Na faculdade, tive alguns professores que, ao lerem os trabalhos acadêmicos, constatavam plágios de colegas de sala. O velho "copia e cola" da internet.
Os educadores sublinhavam os trechos e ainda apontavam de quais sites haviam sido copiados (sem aspas ou sem que os devidos créditos fossem dados). No caso acadêmico, muitas vezes, isso é fruto de preguiça. De pesquisar, de ler e de pensar. Como punição, os professores davam nota zero ao trabalho. Com absoluta correção.
O problema é que a preguiça, que pode ser considerada um traço ruim da personalidade de qualquer ser humano, pode levar à falta de caráter e de ética profissional. Se, na faculdade, tal ato recebia uma nota zero, no mercado de trabalho pode render processo judicial (aí entram danos morais, materiais e até cadeia).
A sensação é horrível para a vítima, como um gosto amargo, de ter sua ideia roubada. Roubo de ideia ou de propriedade intelectual é algo muito triste e constrangedor. Para quem rouba e para quem é roubado. O lesado fica com raiva e pena de quem não têm criatividade, originalidade e inteligência próprias. O criminoso tem sua imagem comprometida para sempre.
Isso marca, mancha qualquer carreira. De jornalistas, artistas, escritores, roteiristas, qualquer pessoa. É como confessar: não sou inteligente, não tenho capacidade e me apoderei de uma obra alheia, colocando meu nome.
Eu jamais assinaria qualquer coisa que não tenha produzido (texto ou vídeo). No fundo, quem comete esse tipo de roubo, deve sentir-se mal. É estranhíssimo dar seu nome algo que está com as palavras e o estilo de outra pessoa. Não faz sentido. É descabido.
O site Comunique-se publicou, no dia 20 de abril deste ano, a notícia de que uma blogueira acusava outra jornalista de tê-la plagiado. Seguem os dois primeiros parágrafos da reportagem de Izabela Vasconcelos.
"A jornalista Leonor Macedo, que mantém o blog Eneaotil no site da revista TPM, acusa a blogueira Gabriela Yamada, editora do site EPTV Ribeirão Preto (afiliada da Globo), de copiar seus textos e publicar em seu blog pessoal, alterando apenas nomes dos personagens e alguns trechos. Gabriela nega o plágio e afirma que admira Leonor e que seus textos apenas serviram como fonte de inspiração.
Os textos são pessoais e tratam dos pais de Leonor e de seu filho. 'Isso é homenagem ou plágio?', ironiza Leonor. 'Se tivesse pedido desculpas, tudo bem, mas quando questionei ela apagou os dois textos', diz." Embora Gabriela tenha se defendido, o site mostra os textos das duas autoras, com trechos absolutamente iguais.
Não há como negar. Plágio! Até acredito que Gabriela Yamada, pela admiração que disse ter por Leonor Macedo, possa ter escrito o texto com a intenção de chegar perto da colega. Sentir-se um pouco ela. Às vezes queremos ser como nossos ídolos. Quem, quando criança, nunca imitou um artista ou brincou de ser determinado jogador de futebol? Isso é válido. Enquanto somos crianças!
Mas, também existe o outro lado da moeda. Já que Gabriela Yamada disse ser tão admiradora de Leonor Macedo, por que não a citar nominalmente no texto, fazendo efetivamente uma homenagem? Como jornalista que tenta escrever textos de maneiras originais, apenas faço um apelo: se não tiver criatividade para criar algo grandioso, faça um arroz com feijão que também dá certo. E não vai comprometer sua imagem. Nem custar-lhe um processo. Um forte abraço.
segunda-feira, 6 de junho de 2011
Valorização do profissional no ambiente de trabalho é fundamental
Existe uma frase no meio jornalístico que diz que, "enquanto os médicos pensam que são Deuses, os jornalistas têm certeza". Às vezes, a sociedade atribui ao jornalista um poder enorme que, na realidade, ele não tem.
No entanto, os jornalistas e demais profissionais da mídia gostam de ouvir uns elogios de vez em quando. Ter o trabalho reconhecido massageia o ego de qualquer profissional. Por isso, a valorização do profissional no ambiente de trabalho é fundamental em qualquer corporação.
O trabalhador começa a se sentir mais útil para a empresa. E essa sensação traz mais felicidade ao ambiente corporativo. Muitas vezes, até mais do que uma gratificação material. No mundo midiático, isso se reflete em mais criatividade na hora de fazer uma reportagem. Tanto para quem escreve o texto, como para quem edita a matéria.
O reconhecimento profissional pode vir de várias maneiras. Pode vir em forma de trabalho, quando, por exemplo, você recebe do seu superior tarefas mais importantes para executar. Isso demonstra que tem confiança em você. São novos desafios diários que vão sendo superados. A valorização também pode vir também em forma material. Com gratificações ou aumento de salário, acompanhados de uma promoção no cargo.
Por outro lado, o contrário também provoca efeitos no profissional. Nocivos. A falta de valorização desmotiva, entristece. Contribui para a queda de produtividade e para a formação de um ambiente de trabalho mais pesado, com um clima ruim. A soma de tudo isso começa a causar incômdo no funcionário e desperta nele a vontade de deixar o emprego e procurar uma colocação em outra empresa.
Essa é uma das razões pelas quais defendo que o jornalista que aparece na TV deve sempre citar o nome de seus companheiros. Cinegrafistas, assistentes e editores. Desde que não apareça o nome deles em lugar nenhum da reportagem. Reportagem de TV é um trabalho coletivo.
Em rádio e jornal a coisa muda um pouco. O Jornalista mesmo consegue gravar e editar a matéria. Em TV, todos dependem de todos. Ninguém ganha sozinho. Nem perde. Por isso, repito. Todos devem ser valorizados. Desde que, efetivamente, mereçam. Pela dedicação e esforço mostrados no âmbito profissional. Afinal, ninguém vai valorizar quem não se empenha. Um forte abraço.
sexta-feira, 3 de junho de 2011
Segunda parte da entrevista com Carlos Fernando, da Rádio Bandnews FM e do canal Bandsports
Se você é leitor assíduo deste blog, com certeza vai se lembrar de que, na sexta-feira passada, publiquei a primeira parte da entrevista com o jornalista e locutor Carlos Fernando. Se não costuma visitar este espaço frequentemente, desça a barra de rolagem e passe quatro posts para baixo.
Lá está o primeiro tempo do bate-papo com este grande profissional da comunicação. Aqui, vamos à segunda etapa, como dizem os locutores de rádio quando narram futebol. Antes, convém relembrar o Currículo Vitae de Cacá Fernando nas linhas abaixo. Isso fará com que você entenda melhor o contexto das peguntas que compõem a entrevista que, desta vez, é mais densa.
Aproveite e beba a água desta fonte de dicas e conselhos profissionais abalisados e úteis para você, que está começando na carreira jornalística ou mesmo que já está nela há algum tempo.
Extremamente à vontade, o jornalista falou grandes verdades sobre o nível da comunicação e da programação exibidas por rádios e TVs brasileiras. Cacá elogiou minhas perguntas, mas suas respostas são absolutamente fantásticas pela franqueza com que foram dadas. Confira a conversa.
CV - Carlos Fernando Schinner
Profissional de rádio e televisão desde 1979 é radialista, jornalista, escritor e publicitário. Narrador esportivo das TVs Bandeirantes, ESPN-Brasil, SporTV, DirecTV, Cultura, Record e Gazeta, e das rádios Globo, Record e Gazeta de São Paulo.
Participou das transmissões de quatro Copas do Mundo, três Jogos Olimpicos, além dos Jogos Panamericanos, esportes motorizados e X-Games. Âncora da rádio CBN de 1991 a 98, e apresentador de programas da rádio Globo de São Paulo.
Atualmente trabalha no canal a cabo Bandsports e é narrador da Bandnews FM do Grupo Bandeirantes de Comunicação. Criou o primeiro Curso de Narração Esportiva (CNE) em rádio e televisão no Senac-SP no ano 2000. É autor dos livros Manual dos Locutores Esportivos editado pela Pandabooks em 2004, e das Biografias “Rui Viotti – histórias do rádio, da TV e do esporte", lançada em 2011 pela Cia dos Livros" e "Coutinho, o 9 de ouro e parceiro do Rei (Pelé)", a ser lançada no segundo semestre deste ano.
Leandro Martins - Você disse que é um dos fundadores da Rádio CBN (100% notícias) e das emissoras de TV 100% esportivas. Por que esse tipo de canal surgiu? Alguma pesquisa apontou que o público buscava algo mais segmentado?
Carlos Fernando - No rádio, havia sim uma tendência de mídia, para que fôssemos diferentes da Pan, Bandeirantes e Eldorado que ainda tocavam música. A CBN surgiu de um projeto de Jorge Guilherme, do Rio de Janeiro, e de Heródoto Barbeiro, em São Paulo, tendo como modelo o canal de notícias americano CNN, muito importante principalmente na época da “Guerra Fria”.
Inicialmente, foram usadas pelo Sistema Globo de Rádio as emissoras Mundial do Rio de Janeiro e Excelsior de S.Paulo. Em 1990, eu trabalhava na TV Cultura de S.Paulo, e estava tomando um café quando o Heródoto me perguntou “como eu imaginava uma rádio 100% jornalística”.
Eu peguei um guardanapo de papel e desenhei uma pizza, dividida em 4 pedaços. Era a representação de um relógio de uma hora, dividido de 15 em 15 minutos com prestação de serviços (trânsito, aeroportos, tempo, bolsa de valores). Neste ano, a Eldorado mudou para Estadão/ESPN e segue exatamente o modelo criado em 1990, onde a CBN já “tocava notícia”, e com o papel destacado do âncora.
Com relação aos canais a cabo de TV, em 2002 fui almoçar numa churrascaria com José Trajano (na época comentarista dos jogos do Campeonato Alemão que eu narrava na TV Cultura), e ele me apresentou um projeto, e me convidou para ser o “narrador da TVA Esportes”, o primeiro canal 100% esportivo da TV.
Tudo por causa do Júlio Bartolo que havia comprado os direitos daquela que seria a futura ESPN. Só que apareceu na frente a SporTV, que estava abrindo em SP, e eu acabei indo pra lá, antes de ir para ESPN... E eu tive sorte de fazer parte dessa história toda.
CACÁ AO LADO DO COMENTARISTA DA BAND, NETO
CF - Sua pergunta é muito complexa e depende de algumas variáveis. Não chegaria ao ponto de chamar o telespectador de Homer Simpson como no deslize do William Bonner, mas há um fator preponderante – chamado IBOPE – que é (infelizmente) o grande balizador da TV brasileira.
Veja programas como os de Datena, Faustão, Gugu, por exemplo: o apresentador está o tempo todo de olho no gráfico para saber se audiência está subindo, caindo ou estável. Ele tem mecanismos para “apimentar” a audiência e fazê-la subir a qualquer momento. Isso implica em diminuição de qualidade de programação.
LM - Na sua opinião, o jornalista ou profissional de mídia tem condições de julgar o que a população quer ver?
CF - Essa pergunta é quase uma “pegadinha”. Há vários fatores a serem abordados. Primeiro: a independência jornalística que a empresa lhe dá; segundo: o compromisso com patrocinador/ audiência; terceiro: o simples fato de o profissional se colocar no lugar do telespectador, algo que dificilmente acontece. É muito difícil – e essa é uma briga antiga minha – de o comunicador (ou emissora) se perguntar: se eu estivesse sentado na poltrona de casa, o que gostaria de estar vendo agora?
LM - Você criou o 1º curso de narração esportiva no Senac-SP. Quais profissionais já revelou?
CF - Não vou citar nomes textualmente, até para preservá-los, mas há companheiros no SporTV, ESPN, Bandnews FM, e outras emissoras, só para citar alguns veículos.
LM - Muitas pessoas, às vezes, preferem apenas fazer cursos de especialização e relegam a faculdade ao segundo plano. Até porque conseguem tirar DRT e até MTB, muitas vezes, apenas com esses cursos. Na sua opinião, esse curso de locução é suficiente para formar um profissional de comunicação? Chega a substituir uma faculdade?
CF - Outra “pegadinha”. A faculdade deveria ser a base de aprendizado, caso o modelo de ensino do país fosse sério e avançado. Estou obviamente generalizando. Os cursos profissionalizantes ajudam o sujeito que quer abraçar a profissão e regularizá-la. Dão pistas de como é a profissão, nada mais do que isso. Nem a faculdade e nem o curso profissionalizante farão do sujeito um grande narrador ou repórter se este não tiver talento e vontade de estudar sério.
CACÁ E O JORNALISTA ELIA JÚNIOR, NA COPA DA ÁFRICA
LM - Com o curso, o locutor aprende apenas a técnica? Ou ele adquire noção de conteúdo, de fala e escrita? Você também escreveu um Manual para locutores esportivos. Com tanto jornalista procurando emprego, locutor esportivo hoje é um profissional raro no Brasil? Quanto ganha em média um locutor esportivo de TV?
CF - Escrita não, pois não formamos redatores ou editores. Mostramos o caminho para quem sempre sonhou em ser narrador de futebol e outros esportes ou comentarista. As aulas sempre foram eminentemente práticas, pois a teoria toda está no Manual dos Locutores Esportivos da Panda Books.
O mercado está super aberto, muito mais do que no meu tempo, quando iniciava a profissão e queria uma oportunidade. Hoje há múltiplos canais esportivos de TV, emissoras de rádio específicas e web rádios, que julgo serem o novo caminho para quem quer começar.
Porém, com a profissionalização, as web rádios também vêm sendo uma ótima alternativa aos profissionais consagrados. Sobre os salários, apenas as grandes emissoras pagam para o profissional, e não há uma tabela fixa. O mais comum nas demais emissoras é que o ganho esteja atrelado à venda de espaço publicitário. (Observação minha - Leandro Martins - Por isso, muitos continuam desempregados num mercado cada vez mais difícil. Que se dane a competência! Lamentável!)
LM - O que é mais importante para um locutor completo: ter ótima voz ou aliar uma voz mediana com muito conteúdo? Isso porque as rádios e TVs, quase sempre, dão preferência maior à estética.
CF - Na TV busca-se cada vez mais jovens e profissionais esteticamente apresentáveis. Nosso modelo de beleza não permite “gente feia” no vídeo, e isso podemos até discutir, pois é uma constatação – e não preconceito meu. A voz, o ritmo e a dicção também são fundamentais. Quanto ao conteúdo, com tantas mídias (plataformas), devemos ter formação e informações aceitáveis. Também são valorizados os profissionais que dominam as técnicas do improviso, algo fundamental para os links ao vivo.
LM - O que pode dizer do mercado de trabalho em comunicação hoje? Muita demanda e poucas vagas? Essa é mesmo a realidade?
CF - Igual a qualquer outra profissão. E vale a máxima: gente boa, talentosa e com networking está sempre trabalhando...
LM - Você é a favor ou contra o diploma para garantir reserva de mercado?
CF - Totalmente contra. Prefiro não-diplomados talentosos, do que acadêmicos ruins, pra não dizer medíocres. (Observação minha - Leandro Martins - Neste aspecto, concordo plenamente!)
LM - Para você, os jornalistas formam uma classe unida? O Sindicato deveria ser mais atuante nas questões trabalhistas?
CF - Os sindicatos foram balizadores fundamentais nos anos 70, 80... hoje com o excesso de mídias, quem decide é o próprio mercado.
LM - Além do manual para locutores, você escreveu outros dois livros (nomes no início do post). Para você, é importante que o profissional da comunicação passe por veículos impressos? O que a escrita ensina que o rádio e a TV não ensinam?
CF - Não acho que seja necessário o profissional de mídia passar por jornais, apesar que hoje é comum vermos esses jornalistas invadirem os microfones do rádio e da TV. Jornais se transformarão rapidamente em blogs ou em eletrônicos. Hoje qualquer pessoa escreve na internet e se diz jornalista. Mas ainda defendo que trabalhar em rádio/TV não serve para amadores do veículo.
LM - Tenho me deparado, hoje, com jornalistas, de mídia grande ou não, que têm dificuldades na escrita. Por ser um escritor, como vê a qualidade hoje dos jornalistas no quesito escrita?
CF - A tendência é twitar, escrever em 140 caracteres. Como poderemos formar pessoas letradas se não há mais a prática da escrita corrente, e nem da leitura? Ainda costumo dizer para meus alunos como dica primordial: leiam, leiam, leiam! Este é o pulo do gato!
CACÁ E O JORNALISTA RICARDO BOECHAT, DA BAND
Cacá é um professor por excelência. Como você mesmo pôde comprovar, ele gosta de ensinar. Não deixa de frequentar bancas de Trabalhos de Conclusão de Curso, sempre que solicitado.
Diz ele: "Adoro poder cooperar com companheiros ou futuros companheiros de profissão, pois sempre aprendo muito. Somos eternos aprendizes, como diz a música do Gonzaguinha... Há um ditado socrático, que vem dos tempos da Grécia Antiga, que diz que: 'mais importante que as respostas, são as perguntas', algo que eu sempre digo aos meus alunos, pois se encaixa perfeitamente aos jornalistas. E complemento: 'para se fazer uma boa pergunta, deve-se conhecer pelo menos 50% das respostas!'
Para quem quiser seguir o jornalista no Twitter, seu nick é @cacafernando. Deixo aqui, mais uma vez, meu agradecimento a este grande profissional, que contribuiu e muito com o propósito deste blog que é esclarecer a você, amigo leitor, tudo o que se passa na nossa profissão. E ensinar aqueles que estão começando na carreira e que têm vontade de aprender, acertar e vencer na vida. Um forte abraço.
quarta-feira, 1 de junho de 2011
É preciso agilidade na hora de entrevistar autoridades
Espaço apertado, confusão, multidão agitada, repórteres e cinegrafistas se acotovelando ao redor de alguém, em busca de uma boa declaração ou de uma boa imagem (foto ou vídeo). Essas são cenas comuns na vida de um jornalista. Ainda mais se ele cobre política e tem de, constantemente, entrevistar autoridades e personalidades públicas.
Os políticos costumam visitar obras, conhecer locais importantes de várias cidades do país, apoiar projetos. Quase sempre, por onde eles passam, formam-se multidões ao redor. Seja para ver o que está acontecendo, por mera curiosidade ou para pedir alguma melhoria pública a quem tem a obrigação de governar pensando nos eleitores.
Muitos desses locais visitados pelas autoridades políticas não apresentam espaço adequado para entrevistas coletivas. Portanto, o jeito é improvisar e "brigar" por uma declaração interessante, junto com colegas de todos os veículos possíveis e imagináveis.
Por isso, na hora de entrevistar autoridades, é preciso contar com a agilidade. De jornalistas, cinegrafistas e fotógrafos. Garantir pelo menos uma boa declaração e uma boa foto valem a notícia do dia. E é mais fácil do que uma boa imagem, já que ela não pode ser tremida, tem de ter foco e estar com as cores acertadas. TV não é fácil.
O Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, esteve recentemente em Guarulhos, visitando as obras da UPA (Unidade de Pronto Atendimento), no bairro São João. Para minha sorte, não havia muitos veículos de comunicação presentes. Não precisei me espremer nem me acotovelar com ninguém (ainda bem!).
Entrevistamos o Ministro com total tranquilidade (Apesar de uma pequena rusga com um assessor da própria Prefeitura de Guarulhos. No final, ficou tudo bem). Mas isso é exceção. Não regra. Ainda assim, o tempo das autoridades sempre é pequeno e esse pessoal está sempre com pressa.
Por isso, não se pode titubear. As perguntas devem ser objetivas e certeiras, sem rodeios ou comentários longos. Também não podem ser rasas, a ponto de passar a impressão de que se estão mal informado ou mal preparado.
Nas fotos, você vai ver a equipe de gravação. Eu, o cinegrafista e o assistente estamos com chapéus azuis por segurança, já que ali era um canteiro de obras. Detesto. Não fico bem com nenhum chapéu na cabeça. Nem boné, nem gorrinho. Nada!
Comigo estão o cinegrafista Diego Andrade e o assistente Silas Lira. Como o jovem menino de apenas 17 anos descobriu o Twitter há pouco tempo e faz uma campanha desesperada para que o sigam, vou divulgá-lo aqui para quem quiser conhecer a peça: @silas_lira.
O Diego, mais conhecido como Bahia (por ter vindo de Vitória da Conquista-BA), tem perfil no Facebook (Diego Andrade). Veja as imagens. Gosto de valorizar minha equipe. Acredito que a motivação em qualquer ambiente de trabalho venha daí. Da valorização. Mas isso é um assunto para outro post. Um forte abraço.
Os políticos costumam visitar obras, conhecer locais importantes de várias cidades do país, apoiar projetos. Quase sempre, por onde eles passam, formam-se multidões ao redor. Seja para ver o que está acontecendo, por mera curiosidade ou para pedir alguma melhoria pública a quem tem a obrigação de governar pensando nos eleitores.
Muitos desses locais visitados pelas autoridades políticas não apresentam espaço adequado para entrevistas coletivas. Portanto, o jeito é improvisar e "brigar" por uma declaração interessante, junto com colegas de todos os veículos possíveis e imagináveis.
Por isso, na hora de entrevistar autoridades, é preciso contar com a agilidade. De jornalistas, cinegrafistas e fotógrafos. Garantir pelo menos uma boa declaração e uma boa foto valem a notícia do dia. E é mais fácil do que uma boa imagem, já que ela não pode ser tremida, tem de ter foco e estar com as cores acertadas. TV não é fácil.
O Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, esteve recentemente em Guarulhos, visitando as obras da UPA (Unidade de Pronto Atendimento), no bairro São João. Para minha sorte, não havia muitos veículos de comunicação presentes. Não precisei me espremer nem me acotovelar com ninguém (ainda bem!).
Entrevistamos o Ministro com total tranquilidade (Apesar de uma pequena rusga com um assessor da própria Prefeitura de Guarulhos. No final, ficou tudo bem). Mas isso é exceção. Não regra. Ainda assim, o tempo das autoridades sempre é pequeno e esse pessoal está sempre com pressa.
Por isso, não se pode titubear. As perguntas devem ser objetivas e certeiras, sem rodeios ou comentários longos. Também não podem ser rasas, a ponto de passar a impressão de que se estão mal informado ou mal preparado.
Nas fotos, você vai ver a equipe de gravação. Eu, o cinegrafista e o assistente estamos com chapéus azuis por segurança, já que ali era um canteiro de obras. Detesto. Não fico bem com nenhum chapéu na cabeça. Nem boné, nem gorrinho. Nada!
Comigo estão o cinegrafista Diego Andrade e o assistente Silas Lira. Como o jovem menino de apenas 17 anos descobriu o Twitter há pouco tempo e faz uma campanha desesperada para que o sigam, vou divulgá-lo aqui para quem quiser conhecer a peça: @silas_lira.
O Diego, mais conhecido como Bahia (por ter vindo de Vitória da Conquista-BA), tem perfil no Facebook (Diego Andrade). Veja as imagens. Gosto de valorizar minha equipe. Acredito que a motivação em qualquer ambiente de trabalho venha daí. Da valorização. Mas isso é um assunto para outro post. Um forte abraço.
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