segunda-feira, 21 de março de 2011

Um meio em que poucos se estendem as mãos


O post de hoje nasceu de uma conversa com o amigo e cinegrafista André Moro, mais conhecido pelos íntimos como China. Falávamos sobre as injustiças das nossas profissões e de como ficamos indignados quando vemos pessoas erradas (leia-se incompetentes) em vagas ótimas, de grandes empresas.

Infelizmente, a classe jornalística é muito desunida. Na verdade, não dá nem para chamar de classe. Não culpo somente as pessoas. Muito disso é fruto do "capitalismo selvagem" e da luta constante pelo pouco espaço no mercado de trabalho. Questão de sobrevivência.

O problema é outro. Quase ninguém se ajuda no meio da comunicação. Dura constatação. Muitas vezes, está nas mãos de uma pessoa ajudar a um amigo, conseguir uma entrevista para ele, indicá-lo para uma vaga, levar um currículo às pessoas certas. Mas muitos não fazem. Preferem esquivar-se.

São muitas as razões para isso. Às vezes a pessoa em questão teme que o amigo indicado seja mais talentoso, trabalhe melhor do que ela e roube seu espaço. Em outras situações o medo é de indicar alguém que, pelo contrário, seja muito ruim e não dê conta do serviço. Nesse caso, quem indicou ficaria em uma saia justa ao trazer pessoas de baixa qualidade para a empresa.

As pessoas precisam entender que não se vive sem correr riscos. E todos esses são riscos de uma indicação. O segredo está em perceber as potencialidades de seu amigo, traçar o perfil, observar se ele age corretamente em várias situações, se é pontual, se trabalha com garra, se é apaixonado pelo que faz.

Se a pessoa tiver essas qualidades, não há porque não indicá-la a uma vaga. Eu já fiz isso mais de uma vez. Muita gente me agradece até hoje. A falta de solidariedade me incomoda, irrita.

Hoje a sociedade tem valores muito individualistas. Não sei conviver com isso. Gosto de tudo em grupo, com apoio no outro. Adoro receber calor humano, trocar experiências, tocar e ser tocado. Gosto de ajudar e sinto-me feliz quando vejo que minha ajuda foi realmente útil para alguém.

Onde foi que isso se perdeu? Tenho certeza de que nasci na época errada. Sou uma alma dos anos 50, quando os homens iam ao Maracanã de terno e as mulheres de vestido. Detalhe: nas arquibancadas. Juntavam mais de 150 mil pessoas e todos agitavam lenços brancos, sem violência ou confusão, num clima que beirava o familiar. Isso sim me agrada.

Mas, em comunicação, sempre senti das pessoas que o negócio é "eu aqui e você aí". Cada um por si. Pouca abertura. Nenhuma ajuda. Somem-se a isso os artistas que caem no jornalismo de pára-quedas, junto com os filhos de gente famosa, diretores de TV, políticos, pessoal graúdo. Complicado.

Mas, se nesse meio nem os amigos próximos ajudam, não serão os colegas mais distantes que farão isso. Portanto, amigo jornalista, conforme-se. Você está sozinho. Batalhe. Lute para mostrar seu talento e galgar seus próprios degraus. Saiba que nem tudo depende apenas de você também. E torça para a sorte bater à sua porta. Para mim, sorte significa o encontro da oportunidade com o talento. Um encontro de dois elementos para ajudar um solitário. Sorte! Forte abraço.

4 comentários:

  1. Boa Leandro!!! Falou tudo. Assino embaixo. O que acontece se eu for de vestido longo ao Morumbi? rsrsrs Bjos

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  2. Cris, que bom que vc comenta no meu Blog! Muito obrigado pelo seu carinho! Das duas uma. Ou vc seria chamada de perua ou de gostosa por aquele monte de gente sem educação que parece que nunca viu mulher na vida! Sinal dos tempos... infelizmente... Bjão!

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  3. Disse tudo e muito mais. Mas Leandro o mundo corporativo é canibal. Em muitos outros segmentos se a pesso puder esfaqueia o colega ou o empurra escada abaixo. Repito sempre, muitos não brilham por incompetência e fazem questão de apagar aqueles que exalam competência.

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