sexta-feira, 11 de março de 2011

Quando a carreira não é mais tão importante (para alguns jornalistas)

CARLOS NASCIMENTO GANHA ALTO SALÁRIO NO SBT

Existem jornalistas que não abrem mão da carreira ilibada até o último suspiro de vida. Grande exemplo foi Armando Nogueira. Alguns profissionais da comunicação preocupam-se com sua imagem durante todo o tempo em que exercem a atividade.

Ou seja, trabalham apenas em lugares sérios, com projetos interessantes e não precisam se expor ao ridículo. Zelam pela reputação e credibilidade que conquistaram perante o público. Isso tem um preço. Ter prestígio não significa, necessariamente, ganhar muito dinheiro ou ficar rico.

Nem sempre os grandes jornalistas são bem remunerados. O que, muitas vezes, os faz abrirem mão de ótimas propostas financeiras, vindas de empresas em que se sabe que o jornalista não teria tanto destaque ou seria até motivo de gozação. Outros jornalistas preferem a grana e acabam colocando em xeque parte da credibilidade adquirida ao longo dos anos.

Explico. O jornalista Carlos Nascimento, por exemplo, há um bom tempo, deixou a TV Globo para ir para a Bandeirantes. Até aí, tudo bem, pois a Band sempre ostentou boa tradição em jornalismo.

Mais tarde, porém, foi para o SBT que, bem sabemos, não tem tradição nem bons investimentos na área jornalística. Foi lá para ganhar mais de 400 mil reais por mês. Deixou a imagem de lado. Não que ele não continue sendo sério, honesto, trabalhador.

Mas muitos colegas o questionaram por ter ido para uma emissora que, notadamente, não tem nenhuma tradição em jornalismo. Ele disse que "não precisava provar mais nada a ninguém". E que, "pelo que estava ganhando, valia a pena". Ambas as justificativas têm sentido.

Ele realmente não precisava provar mais nada ao público, que já o reconhecia como grande jornalista na época. Mas que fica um clima estranho, fica. Parece que a carreira sofre um abalo, fica manchada de certa forma. A seriedade, aos olhos do público, diminui, ainda que isso não aconteça de fato.

Carlos Nascimento preferiu o dinheiro. Quem pode culpá-lo depois de tantos anos de estrada? Que atire a primeira pedra quem não pensaria pelo menos umas 200 vezes na proposta. O jornalista é pai de família. Também merece dar conforto aos seus.

E outra. Depois de 20, 30 anos de profissão, você também se cansa. Por mais apaixonante que seja seu trabalho, um dia você tem de desacelerar. É de se pensar e refletir. O jornalista esportivo Eduardo Elias, ex-ESPN e hoje na MTV, chegou a trocar o canal esportivo pela Record.


EDUARDO ELIAS SAIU DA ESPN, FOI PARA A RECORD, VOLTOU PARA A ESPN E HOJE ESTÁ NA MTV

Mas a falta de projetos fez com que ele retornasse à casa. Agora, tenta alçar novo voo com o Rock Gol no canal dos jovens. Já Paulo Vinícius Coelho, também da ESPN, chegou a recusar proposta da emissora do Bispo Edir Macedo. Disse que queriam levar o "personagem PVC", que carrega uma enciclopédia na cabeça e é dono de uma memória privilegiada.

À época, PVC ganhava cerca de 25 mil reais, juntando três empregos. Parece que ofereceram mais do que o dobro. PVC ficou triste, acabrunhado pelos cantos, mas recusou. Preferiu manter sua imagem. Não havia um projeto bom lá. Hoje, é tido por muitos como o melhor comentarista de futebol do país. PVC tem um casal de filhos e infinita credibilidade.


PAULO VINÍCIUS COELHO NÃO QUIS SAIR DA ESPN, ONDE GOZA DE GRANDE CREDIBILIDADE

As decisões são difíceis. Ninguém pode ser julgado ou culpado por aceitar ou recusar certas propostas. Mas pode ser analisado. Se o jornalista aceita, chamam-no de vendido. Se recusa, de burro. Às vezes, é muito complicado ser um homem público e "dever" explicações à sociedade em todos os momentos. Mas ainda assim, o jornalismo é uma caminhada muito bonita. Forte abraço.

4 comentários:

  1. O Jornalista é uma profissional como qualquer outro, não vejo problema em ele aceitar a melhor oferta de trabalho, mas é claro que pela exposição acaba ficando marcado. Lembro qdo o Boris Casoy largou o SBT pela Record onde passou de ancora a mero apresentador de telejornal. No caso do Carlos Nascimento também não o condeno, afinal ele não virou GO-GO BOY de telejornal, assim como foram num passado não muito distante CINTIA BENINI E ANALICE NICOLAU. Num telejornal parco e insípido as moçoilas viviam a cruzar e descruzar as pernocas diante das cameras com suas sais sumárias.
    Já o PVC tive o prazer de conhecê-lo pessoalmente, ele labutou muito pra chegar onde chegou, manchar seu prestígio seria um crime capital. Entendo que hoje ele seja melhor remunerado, caso contrário já estaria numa Globo ou mesmo nos canais Sportv.
    Vi também uma palestra sua na Metodista, onde ele se formou, simplesmente demais !

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  2. O PVC é uma sumidade. Também o conheço pessoalmente e é uma pessoa tão bacana quanto o profissional que é. Ele é fera!

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  3. Ola Leandro,meu nome é Aline,e queria saber a respeito dessa carreira de jornalismo,sou uma pessoa muito extrovertida e nenhum um pouco inibida,acho fundamental o jornalismo nas nossas vidas,e tenho muito interesse em seguir esse tipo de carreira,mais tenho minhas duvidas...
    Oque é essencial para ser um bom jornalista??
    Oque é preciso para se tornar um reporter?
    Adoraria ser reporter ,fazer entrevistas com cidadãos dos mais simples ao mais importantes.
    Mas queria saber os bons e os contras dessa profissão.(aline_starsblues@hotmail.com)

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  4. Oi Aline! Quantas questões! Vou te responder por e-mail... hehehe. Bjo!

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