Muita gente me falou que não tem conseguido postar comentários aqui no Blog. Às vezes, isso acontece pela identificação obrigatória do Blogspot. Recomendo que façam o seguinte. Quem quiser comentar e não estiver conseguindo, escreva o post e selecione "Anônimo" nas opções de identificação de comentários.
Fazendo isso, você consegue postar. Mas, para que eu saiba quem você é, por favor, assine no pé do post e deixe um endereço de e-mail. Dentro do texto mesmo. Assim poderemos manter um contato bacana. Esse post serve de exemplo. Obrigado. Um forte abraço.
Leandro Martins
leanmartins@uol.com.br
quinta-feira, 31 de março de 2011
"Louco" invade link da TV Globo
Não costumo atualizar o blog às quintas-feiras, mas esse vídeo mereceu ser postado hoje. Um rapaz com a inscrição "MERD TV" na camiseta simplesmente invadiu o link da TV Globo, em frente ao Hospital Sírio Libanês, para fazer "propaganda" da tal emissora.
Vida de repórter... Estamos sujeitos a essas coisas em TV ao vivo. Para quem estava assistindo, com certeza foi muito engraçado. Para mim, não passa de uma tremenda falta de educação.
Assim como ele, muitas pessoas "invadem" links. Todas sem noção. A dancinha do siri ficou ainda mais conhecida com atitudes assim. É um desrespeito ao trabalho do jornalista. Dá para ver, nesses míseros 17 segundos, que o repórter ficou em uma baita saia justa.
Ele falava sobre o falecimento do ex-vice-presidente José Alencar no SPTV segunda edição. Algo sério. E vem um imbecil desses falar bobagem. Falta de respeito, inclusive, com os telespectadores.
A audiência da Globo é poderosa. Nesse pouco tempo, com certeza, muita gente já conheceu o rapaz e deve ter visto a tal "MERD TV". Eu me recuso. Você, que fez isso, se um dia ler esse blog, saiba que é um grande idiota.
Reproduzo o vídeo abaixo não para aumentar a exposição de tais idiotices na mídia, mas como repúdio. E didática também, pois assim você sabe que, se fizer isso em alguma ocasião, vai ser conhecido por muitas pessoas. Mas só vai ganhar um coro maior para ser chamado de imbecil em rede nacional. Um forte abraço.
Vida de repórter... Estamos sujeitos a essas coisas em TV ao vivo. Para quem estava assistindo, com certeza foi muito engraçado. Para mim, não passa de uma tremenda falta de educação.
Assim como ele, muitas pessoas "invadem" links. Todas sem noção. A dancinha do siri ficou ainda mais conhecida com atitudes assim. É um desrespeito ao trabalho do jornalista. Dá para ver, nesses míseros 17 segundos, que o repórter ficou em uma baita saia justa.
Ele falava sobre o falecimento do ex-vice-presidente José Alencar no SPTV segunda edição. Algo sério. E vem um imbecil desses falar bobagem. Falta de respeito, inclusive, com os telespectadores.
A audiência da Globo é poderosa. Nesse pouco tempo, com certeza, muita gente já conheceu o rapaz e deve ter visto a tal "MERD TV". Eu me recuso. Você, que fez isso, se um dia ler esse blog, saiba que é um grande idiota.
Reproduzo o vídeo abaixo não para aumentar a exposição de tais idiotices na mídia, mas como repúdio. E didática também, pois assim você sabe que, se fizer isso em alguma ocasião, vai ser conhecido por muitas pessoas. Mas só vai ganhar um coro maior para ser chamado de imbecil em rede nacional. Um forte abraço.
quarta-feira, 30 de março de 2011
A importância do "media training"
O "media training" é uma das vertentes de trabalho do jornalista. Esse método tem crescido muito nos últimos anos, tanto quanto a comunicação empresarial. "Media training" nada mais é do que o treinamento de potenciais entrevistados para lidarem com os órgãos de imprensa.
É quase como uma minifaculdade relâmpago de jornalismo. O jornalista ensina como é a profissão, os métodos de trabalho nos diferentes veículos de comunicação, as dinâmicas de produção, etc. Assim, pode instruir o orientado a se portar bem diante de entrevistas.
Na verdade, o "media training" vai até um pouco além. Também se preocupa com imagem, postura, modo de passar o conteúdo. É bem interessante. E muita gente precisa. Pena que nem todos pensem assim. E alguns cometem falhas bobas em entrevistas. Isso acaba com a credibilidade de uma empresa.
Em Guarulhos, onde trabalho, visitei algumas empresas para fazer uns vídeos institucionais e percebi em alguns entrevistados um despreparo incrível para as respostas. Em outras, no entanto, fui surpreendido pelo alto nível da comunicação interna e das assessorias, com pessoas que falavam bem e extremamente bem preparadas.
Quando comparados os vídeos, nota-se que os depoimentos fazem a diferença. A edição salva muita coisa, mas nem tudo. Edição não cria personalidade, não cria tom de voz, não incute na pessoa o modo como ela deve passar a informação. Isso é trabalho de meses, anos. É estrada longa. Não se molda ninguém da noite para o dia.
Por isso, a importância de um curso de "media training". É válido, inclusive, para alguns jornalistas que não têm a menor noção do que estão fazendo no mercado. Para empresários, atletas, médicos, especialistas, enfim, fontes de entrevista em potencial, é obrigatório. É assim que se descobre o melhor caminho de passar uma informação importante.
Indico abaixo dois livros que podem ajudar a se aprofundar no assunto. Um é de Heródoto Barbeiro. "Mídia Training - como usar a imprensa a seu favor". E o outro, da minha amiga Nancy Assad e de Reinaldo Passadori. "Media Training - como construir uma comunicação eficaz com a imprensa e a sociedade". Boa leitura. Um forte abraço.
segunda-feira, 28 de março de 2011
A Rádio Estadão/ESPN e o mercado de trabalho
A Rádio Estadão/ESPN estreou ontem. Sou suspeito para falar dos profissionais que lá trabalham, pois sempre fui fã quase incondicional dos jornalistas da ESPN, como é do conhecimento dos leitores deste blog.
A criação dessa rádio, que ocupa o lugar da Rádio Eldorado/ESPN, levanta uma questão interessante.
Você já reparou que muitos jornalistas de TV começaram a ser contratados também por rádios? Aqui temos João Palomino, Cledi Oliveira, Paulo Soares, PVC, Mauro Cezar Pereira, Leonardo Bertozzi, entre outros. Na Rádio Globo, já tinha trabalhado Carlos Ceretto. Pois bem. Isso tem uma explicação.
O rádio é uma mídia que, nos tempos modernos, vem perdendo muito espaço. Isso porque hoje, a imagem tomou conta da sociedade. Tudo é imagem. Até mesmo no carro, local em que o rádio predominava, já é possível ver a imagem de um DVD ou mesmo instalar um receptor de TV Digital, em algumas capitais brasileiras.
Trazer jornalistas da TV para o rádio é uma tentativa de resgatar a audiência desse meio de comunicação, hoje meio esquecido. O contrário também acontece. Oscar Ulysses e Paulo Julio Clement, ambos da Rádio Globo, atuaram no SporTV.
Já que a massa se identifica com a televisão, é só levar os jornalistas da telinha para as ondas sonoras. E vice-versa. Garantia de audiência? Nem sempre. Mas a ideia é boa. Para as empresas, claro.
Como sou um ferrenho defensor da abertura dos espaços no mercado de trabalho, entendo que essa medida torna ainda mais difícil a contratação de novos jornalistas no setor esportivo. Sou a favor da manobra por causa da boa qualidade e, ao mesmo tempo, contra por causa do estrangulamento do mercado. Se tivesse de escolher um dos dois, fico do lado da mão-de-obra que tanto precisa sustentar casa, família ou pagar as contas. Portanto, contra.
É uma pena que alguns projetos novos aconteçam e velhas caras sejam colocadas neles. É preciso renovar, dar oportunidade a quem tem talento. Não digo que isso não aconteça, mas ocorre numa proporção bem menor do que todos gostaríamos. Jornalistas com três empregos tiram pelo menos duas vagas do mercado.
De qualquer forma, desejo que a Rádio tenha muita sorte, vida longa e transmita grandes eventos esportivos. Não tenho dúvida de que será um sucesso. Fiquei arrepiado ao ouvir quando entrou no ar. Só coloco esse ponto e vírgula do mercado. Jornalistas ocupando várias vagas de emprego são um câncer da mídia em geral e não apenas da Estadão/ESPN. Um forte abraço.
sexta-feira, 25 de março de 2011
O pior erro é o de informação
Por mais que nos esforcemos para fazer bem nosso trabalho, não somos perfeitos e, vez ou outra, erramos. Tem jornalista que troca nome de entrevistado, engasga, tosse, espirra, gagueja, esquece de cuidar da vestimenta. Tem jornalista que escreve os nomes de maneira errada, no caso da mídia impressa.
São erros até bobos. Vários passam mesmo despercebidos. Tudo isso faz parte da profissão. Releva-se. Mas o jornalista não pode cometer apenas um erro: o de informação. Passar a informação errada é pior do que qualquer coisa.
No dia 17/03, a apresentadora Carla Vilhena apresentava o Bom Dia SP, da TV Globo. Na tela, os gols da Copa do Brasil. O jogo: Palmeiras e Uberaba (vitória fácil do Verdão por 4 a 0). Carla narra no momento da exibição do segundo gol: "Luan toca no canto direito do goleiro: 2 a 0".
A imagem mostrou o contrário. O toque foi no canto esquerdo. Erro besta, mas de informação. É grave. Não sei quem fez o texto. Provavelmente um redator que, além de tudo, não entende nada de futebol. Se fez isso com o esporte mais popular do país, o que poderia ter feito com uma notícia de economia ou da área médica?
Não importa. Carla leu o texto. Para o telespectador, que não imagina como funciona a dinâmica de uma emissora de TV, o erro foi dela. Ela narrou o vídeo. E ponto.
Outros erros são ainda mais graves. No dia 10/03, a jornalista Sonia Racy, da Globo News e colunista de O Estado de S. Paulo, disse ao ator Lúcio Mauro Filho que seu pai, o velho Lúcio Mauro, já "não está mais entre nós". Lúcio Filho levou na esportiva, riu e disse: "ainda bem que ele está, né".
Além de um erro de informação gravíssimo, um mico imenso. A jornalista "matou" o pai do rapaz. Eu não saberia onde esconder minha cara. Ainda assim, estamos no terreno das amenidades. Erros muito piores na história do jornalismo já prejudicaram a vida de muitas pessoas. Na realidade, destruíram.
Notícias não apuradas e a divulgação na imprensa de fatos nunca checados levaram seis pessoas a passarem por abusadores sexuais de crianças no lendário caso da Escola Base, em São Paulo.
O caso é tido como o maior erro jornalístico já visto. A escola foi depredada. Os donos perderam tudo. Sofrem de síndrome do pânico e até hoje tomam remédios para dormir. Quase toda a imprensa publicou as notícias mentirosas, confirmadas erroneamente por policiais e pais de alunos.
A Justiça condenou o Governo do Estado de São Paulo a indenizar as pessoas. Estadão, Folha de S. Paulo, TV Globo e muitas outras mídias também foram condenadas a indenizar os envolvidos. Para quem quiser se aprofundar no assunto, indico o livro de Alex Ribeiro, "Caso Escola Base - Os abusos da imprensa" que explica o caso com todos os detalhes. Vale a pena conferir.
LIVRO RETRATA UM DOS MAIORES
ERROS JORNALÍSTICOS DA HISTÓRIA
A reparação financeira não foi suficiente. Os envolvidos foram pré-julgados e estraçalhados pela sociedade. Quase foram linchados na rua. A parte psicológica das pessoas esmigalhou-se. Que dinheiro paga tal prejuízo? O erro de informação pode ser fatal. Mata em vida. É cruel.
Errar o canto do gol, a morte de alguém e julgar inocentes como culpados. Uns menos graves, outros mais. Porém, todos erros de informação. Que não cabem a quem se considera um bom jornalista. Não os cometa. Repito: a apuração é fundamental. Um forte abraço.
quarta-feira, 23 de março de 2011
Atualização de portifólio - 23/03 (e eu na Band por tabela)
Gosto muito quando posso fazer reportagens que aliam esporte e educação. Esse foi o caso da volta às aulas dos alunos do projeto Toque de Letra, em Guarulhos. São 55 escolas municipais cadastradas no programa e mais de cinco mil crianças atendidas.
Os pais matriculam os filhos em aulas de futsal, basquete, vôlei e handebol. Participam da iniciativa alunos das escolas municipais, estaduais e até particulares. O padrinho é o ex-jogador de futebol Edu Gaspar, que passou por Corinthians, Arsenal (Inglaterra) e Valencia (Espanha).
É bem interessante. Vale a pena conferir. Aproveito para dizer também que temos um convênio com o programa do Figueiredo Júnior, que vai ao ar na Band, aos domingos, às 7h. Várias reportagens que fazemos em Guarulhos são exibidas lá. No último domingo, 20/03, passou a inauguração do CEU Guarulhos Presidente Dutra.
No próximo final de semana, 27/03, deve ir ao ar a distribuição de kits e material escolar para os alunos da rede municipal ou a agricultura urbana de Guarulhos. É cedo. Sei da dificuldade de acordar domingo de manhã. Mas, quem estiver com insônia ou dotado de muita coragem, assista. O programa é sobre sustentabilidade. O site da atração é http://www.fjrsustentabilidade.com.br/.
Veja o vídeo sobre o Toque de Letra e fique à vontade para comentar. Aqui estou na telinha do You Tube. No domingo, na tela da sua casa. Forte abraço.
segunda-feira, 21 de março de 2011
Um meio em que poucos se estendem as mãos
O post de hoje nasceu de uma conversa com o amigo e cinegrafista André Moro, mais conhecido pelos íntimos como China. Falávamos sobre as injustiças das nossas profissões e de como ficamos indignados quando vemos pessoas erradas (leia-se incompetentes) em vagas ótimas, de grandes empresas.
Infelizmente, a classe jornalística é muito desunida. Na verdade, não dá nem para chamar de classe. Não culpo somente as pessoas. Muito disso é fruto do "capitalismo selvagem" e da luta constante pelo pouco espaço no mercado de trabalho. Questão de sobrevivência.
O problema é outro. Quase ninguém se ajuda no meio da comunicação. Dura constatação. Muitas vezes, está nas mãos de uma pessoa ajudar a um amigo, conseguir uma entrevista para ele, indicá-lo para uma vaga, levar um currículo às pessoas certas. Mas muitos não fazem. Preferem esquivar-se.
São muitas as razões para isso. Às vezes a pessoa em questão teme que o amigo indicado seja mais talentoso, trabalhe melhor do que ela e roube seu espaço. Em outras situações o medo é de indicar alguém que, pelo contrário, seja muito ruim e não dê conta do serviço. Nesse caso, quem indicou ficaria em uma saia justa ao trazer pessoas de baixa qualidade para a empresa.
As pessoas precisam entender que não se vive sem correr riscos. E todos esses são riscos de uma indicação. O segredo está em perceber as potencialidades de seu amigo, traçar o perfil, observar se ele age corretamente em várias situações, se é pontual, se trabalha com garra, se é apaixonado pelo que faz.
Se a pessoa tiver essas qualidades, não há porque não indicá-la a uma vaga. Eu já fiz isso mais de uma vez. Muita gente me agradece até hoje. A falta de solidariedade me incomoda, irrita.
Hoje a sociedade tem valores muito individualistas. Não sei conviver com isso. Gosto de tudo em grupo, com apoio no outro. Adoro receber calor humano, trocar experiências, tocar e ser tocado. Gosto de ajudar e sinto-me feliz quando vejo que minha ajuda foi realmente útil para alguém.
Onde foi que isso se perdeu? Tenho certeza de que nasci na época errada. Sou uma alma dos anos 50, quando os homens iam ao Maracanã de terno e as mulheres de vestido. Detalhe: nas arquibancadas. Juntavam mais de 150 mil pessoas e todos agitavam lenços brancos, sem violência ou confusão, num clima que beirava o familiar. Isso sim me agrada.
Mas, em comunicação, sempre senti das pessoas que o negócio é "eu aqui e você aí". Cada um por si. Pouca abertura. Nenhuma ajuda. Somem-se a isso os artistas que caem no jornalismo de pára-quedas, junto com os filhos de gente famosa, diretores de TV, políticos, pessoal graúdo. Complicado.
Mas, se nesse meio nem os amigos próximos ajudam, não serão os colegas mais distantes que farão isso. Portanto, amigo jornalista, conforme-se. Você está sozinho. Batalhe. Lute para mostrar seu talento e galgar seus próprios degraus. Saiba que nem tudo depende apenas de você também. E torça para a sorte bater à sua porta. Para mim, sorte significa o encontro da oportunidade com o talento. Um encontro de dois elementos para ajudar um solitário. Sorte! Forte abraço.
sexta-feira, 18 de março de 2011
O jornalista deve saber usar o "off"
O recente episódio envolvendo o jornalista Jorge Kajuru e o atual técnico do Grêmio, Renato Gaúcho, inspirou-me para escrever este post. Vou dedicá-lo ao Pedro Silva, que conheci ontem na Cummins. Ele vai entender o porquê.
Quer os jornalistas gostem ou não, o "off" faz parte da profissão. Concordo que temos ânsia em divulgar as informações, mas existem momentos em que é preciso cautela. A expressão em inglês "off" (significa "desligado", em português) é, obviamente, o contrário de "on" ("ligado", em português). No jornalismo, elas são usadas para saber quais declarações podem ser publicadas ou divulgadas (on) e quais devem ser mantidas em sigilo ou melhor apuradas antes de irem ao ar (off).
Como muitos jornalistas têm (ainda hoje) o costume de registrar as entrevistas com um gravador de mão, a expressão pegou. "On", seria "on the record", ou seja, com o gravador ligado. E "off" seria "off the record". Com o gravador desligado e, portanto, um conteúdo sigiloso e não confirmado.
Diz Kajuru que telefonou a Renato Gaúcho e o questionou sobre sua possível ida para o Fluminense. O técnico teria dito que há chances reais, mas que "ele não falou nada" a Kajuru. Ou seja, para bom entendedor, está na cara que pediu "off". Kajuru não quis nem saber e tascou brasa com a declaração exposta na mídia.
KAJURU NÃO GUARDOU "OFF" DE RENATO GAÚCHO
Para mim, agiu de forma errada. É falta de ética e palavra com a fonte. Muitas fontes são cultivadas assim, com declarações em "off" e sendo respeitadas em seus pedidos. Quando não pedem, tudo bem. Mas com esse pedido explícito desrespeitado, se eu fosse a fonte, ia me sentir traído. A confiança acaba. E diga "adeus" a outras boas e quentes declarações que aquela fonte poderia lhe dar.
O que o jornalista deve fazer então? Simples. Deve cruzar informações e tentar checar a veracidade do "off" com outras fontes que rodeiam aquela situação. No caso, dirigentes do clube, jogadores influentes, pessoas próximas ao técnico do Grêmio, etc. Como fizeram Karl Bernstein e Bob Woodward no lendário caso Watergate.
Eles recebiam informações de uma pessoa ligada ao governo sobre o episódio que envolvia a figura do presidente norte-americano, Richard Nixon. Mantiveram o "off" até o fim. Deram, talvez, o maior furo da história da comunicação (furo, em jornalismo, é notícia quente e em primeira mão e não algo "furado", sem valor). Ganharam enorme prestígio.
FILME RETRATA CASO WATERGATE
Para quem quiser se aprofundar no assunto, indico o filme "Todos os Homens do Presidente" (All the President's Men). É uma bela história. Se não tivessem preservado o "off" da fonte, apelidada de Garganta Profunda, não teriam o gostinho de ver Nixon renunciar, envergonhado, diante do povo estadunidense.
Voltando ao Brasil e ao esporte bretão, Renato Gaúcho tentou se esquivar, dizendo que pensou que a ligação fosse um trote. Saída pela esquerda.
Ficou pior a emenda do que o soneto. Claro que ninguém acreditou. A imprensa só repercutiu tal declaração para fazer piada, pois isso é fazer pouco caso do intelecto de repórteres, apresentadores e comentaristas. Ruim para todo mundo. Sim, jornalista precisa usar o "off" com sabedoria.
Quem não o faz, também pode dar uma boa "barrigada" (no jornalismo, notícia falsa). Romário fez isso com um colega jornalista. Sabendo que o rapaz jamais guardava "off", anunciou em "segredo" que iria encerrar a carreira naquela semana. O jornalista caiu como pato e publicou na capa do jornal. Romário disse que não sabia de nada. Isso foi em 2004. Romário abandonou os gramados quatro anos depois.
Quem faz o que quer, também sofre as consequências. O próprio jornalista prejudicou seu trabalho. Barrigada é passível de demissão por justa causa em qualquer empresa de mídia. Por isso, todo cuidado com "off" é pouco. E com apuração também. Ambos são extremamente necessários para o bom desempenho da profissão. Fica a dica. Forte abraço.
quarta-feira, 16 de março de 2011
Jornalista pode se emocionar, mas não deve se envolver
CENAS QUE CHOCARAM O MUNDO
O CAOS DO TERREMOTO NO JAPÃO
As cenas catastróficas do terremoto no Japão doem nos olhos e no coração tanto quanto uma visita à periferia de grandes cidades. Crianças sem estrutura familiar, sem comida, sem roupa, sem lar. Em ambos os casos, quando um jornalista vai a campo e se depara com estas imagens, acaba se emocionando.
Isso é normal. A emoção faz parte da vida. E de muitas reportagens, como assassinatos, grandes salvamentos, mortes de personalidades ilustres ou de gente do povo, etc. Quem não se lembra do sequestro e morte da menina Eloá, em Santo André? Ou do ex-prefeito Celso Daniel?
Nessas horas, o profissional não pode deixar que os sentimentos penetrem na reportagem, de modo a distorcê-la. É necessário distanciamento. Além disso, o jornalista não pode se envolver. Não há como ele mudar a distribuição de riqueza de um país ou restituir os bens de alguém que perdeu tudo por causa dos fenômenos da natureza.
É um desafio e tanto, convenhamos. Afinal, quando alguém decide cursar jornalismo, não opta pelas tais ciências HUMANAS? Dá vontade de aconchegar todo mundo no colo. Mas a profissão em si também tem muito de frieza. São os velhos e bons ossos do ofício.
Portanto, se você tem vontade de cursar essa carreira, entenda que tais situações farão parte da sua vida profissional e, na maioria das vezes, nada poderá fazer a não ser registrar e narrar os fatos. Como eu sempre digo, jornalista não é Deus (embora alguns comunicadores entendam que sim) e nem político.
O único meio de ajudar a mudar as realidades das pessoas é divulgar com precisão os problemas que as atormentam. Fazendo isso de modo preciso, digno, correto, com o máximo de imparcialidade e isenção, já será um grande auxílio. Forte abraço.
segunda-feira, 14 de março de 2011
Um jornalista esportivo deve assumir seu time de coração?
Este post é em homenagem à minha "tia" Regina Helena, mãe do meu "primo" Renato São Pedro, corintiano roxo e meu amigo da pós-graduação. Como temos o mesmo sobrenome (Martins) e somos relativamente próximos, temos esse carinho um pelo outro e por isso o chamo de "primo".
Segundo ele, minha "tia" lê este blog. Espero que esteja lendo agora. Em uma conversa de bar com meu "primo" e nosso amigo "Dom" Aníbal, surgiu a conversa se um jornalista esportivo deve ou não assumir seu time de coração.
Primeiro, é preciso dizer que o jornalista esportivo que diz que não tem time do coração está mentindo. Todo garoto que gosta de futebol tem um time. O sonho de muitos é serem jogadores. Como não é possível que todos realizem o desejo, tentamos nos aproximar dele de alguma forma.
Uns tornam-se árbitros, outros viram repórteres de campo. A filosofia diz que é possível tirar conclusões de premissas reais. Se a pessoa gosta de esporte no Brasil, torce para algum time (lembrem-se: estamos no país do futebol). Logo, o jornalista esportivo tem um time de coração.
A análise que se faz disso é o mais importante. Três perguntas são cabíveis aqui. Isso interfere no trabalho? Até que ponto? O jornalista deve assumir seu time perante o público? Como não posso falar por todos, descrevo aqui minhas experiências e impressões. Torcer não atrapalha o trabalho. Ou, pelo menos, não deveria. No Rio Grande do Sul, as narrações são parciais. Aqui em São Paulo, são mais imparciais. No meu caso, não consigo misturar trabalho com torcida.
É tecnicamente impossível. Narrar ou reportar um jogo envolve um grau de concentração muito alto. Não dá pra ficar torcendo nem xingando o juiz. No momento de uma transmissão, predomina o profissionalismo. O jornalista não pode cometer erros.
Separo muito bem as coisas. Realmente, atuo de forma neutra, porém emocionante. Na verdade, há um bom tempo que perdi a paixão pelo meu time. Depois que vivemos um pouco no meio, descobrimos muita sujeirada. Os atletas e técnicos ganham uma fábula enquanto nos matamos todos os meses para fazer as contas caberem no bolso.
Quando você toma conhecimento que tem jogador de empresário, técnico que faz isso e aquilo, enfim, quando vemos os podres do esporte, dá um certo desânimo e bate a desilusão. A paixão diminui sensivelmente. O amor pelo time não se mantém mais o mesmo.
Por isso, costumo dizer que torço para meu trabalho. Na hora em que estou no estádio, para mim, meu trabalho é mais importante do que qualquer coisa. Ele tem de ser bem feito. É com ele que eu conquisto o pão de cada dia. É com meu suor que pago as contas. Logo, meu time de coração é o Leandro Futebol Clube. Meu amor é por ele.
Há outra razão legítima para muitos jornalistas não assumirem o time do coração. No Brasil, alguns marginais travestidos de torcedores frequentam os estádios e agem irracionalmente. São violentos com quem torce para a equipe rival. E os jornalistas, muitas vezes, têm de transitar por entre esses vândalos para chegarem às cabines do estádio ou ao gramado. Por isso, o medo de agressões faz com que alguns jornalistas não assumam seu time. Legítimo.
O jornalista da ESPN Brasil, Paulo Vinícius Coelho, defende que o profissional deve revelar seu time sempre que for perguntado, desde que a informação seja relevante. Não vejo problema em assumir o time. Alguns fazem disso ainda uma muleta ou personagem para atuar no meio jornalístico, como Chico Lang, da TV Gazeta, corintiano doente e o palmeirense Roberto Avallone, talvez os exemplos mais bem acabados disso.
Outros preferem se esquivar dizendo que torcem para equipes do interior. Salvo raríssimas exceções, sempre é mentira. Vivemos na sociedade da informação e a mídia sempre divulgou os grandes clubes. Logo, torcemos para os principais times das capitais. Exceto José Trajano, que tem real paixão e mania pelo América-RJ.
Como disse, não tenho problema em revelar meu time. Isso não vai me tornar menos profissional. Mas também não saio bradando aos quatro cantos. Só quando perguntam. E tenho outra tese. Toda vez que me perguntam para qual time eu torço, sei que o trabalho está sendo bem feito, já que eu não "puxo sardinha" para ninguém.
Mas ressalto. O amor e a paixão não são mais as mesmas. Hoje, torço para mim. Se preciso for, transmito qualquer jogo sem que nada me atrapalhe. E trabalharia em qualquer emissora, inclusive nas de clubes profissionais como a recém-inaugurada TV Corinthians e a futura TV São Paulo. E você? Assumiria seu time na mídia? O meu está aí embaixo. Forte abraço.
sexta-feira, 11 de março de 2011
Quando a carreira não é mais tão importante (para alguns jornalistas)
CARLOS NASCIMENTO GANHA ALTO SALÁRIO NO SBT
Existem jornalistas que não abrem mão da carreira ilibada até o último suspiro de vida. Grande exemplo foi Armando Nogueira. Alguns profissionais da comunicação preocupam-se com sua imagem durante todo o tempo em que exercem a atividade.
Ou seja, trabalham apenas em lugares sérios, com projetos interessantes e não precisam se expor ao ridículo. Zelam pela reputação e credibilidade que conquistaram perante o público. Isso tem um preço. Ter prestígio não significa, necessariamente, ganhar muito dinheiro ou ficar rico.
Nem sempre os grandes jornalistas são bem remunerados. O que, muitas vezes, os faz abrirem mão de ótimas propostas financeiras, vindas de empresas em que se sabe que o jornalista não teria tanto destaque ou seria até motivo de gozação. Outros jornalistas preferem a grana e acabam colocando em xeque parte da credibilidade adquirida ao longo dos anos.
Explico. O jornalista Carlos Nascimento, por exemplo, há um bom tempo, deixou a TV Globo para ir para a Bandeirantes. Até aí, tudo bem, pois a Band sempre ostentou boa tradição em jornalismo.
Mais tarde, porém, foi para o SBT que, bem sabemos, não tem tradição nem bons investimentos na área jornalística. Foi lá para ganhar mais de 400 mil reais por mês. Deixou a imagem de lado. Não que ele não continue sendo sério, honesto, trabalhador.
Mas muitos colegas o questionaram por ter ido para uma emissora que, notadamente, não tem nenhuma tradição em jornalismo. Ele disse que "não precisava provar mais nada a ninguém". E que, "pelo que estava ganhando, valia a pena". Ambas as justificativas têm sentido.
Ele realmente não precisava provar mais nada ao público, que já o reconhecia como grande jornalista na época. Mas que fica um clima estranho, fica. Parece que a carreira sofre um abalo, fica manchada de certa forma. A seriedade, aos olhos do público, diminui, ainda que isso não aconteça de fato.
Carlos Nascimento preferiu o dinheiro. Quem pode culpá-lo depois de tantos anos de estrada? Que atire a primeira pedra quem não pensaria pelo menos umas 200 vezes na proposta. O jornalista é pai de família. Também merece dar conforto aos seus.
E outra. Depois de 20, 30 anos de profissão, você também se cansa. Por mais apaixonante que seja seu trabalho, um dia você tem de desacelerar. É de se pensar e refletir. O jornalista esportivo Eduardo Elias, ex-ESPN e hoje na MTV, chegou a trocar o canal esportivo pela Record.
EDUARDO ELIAS SAIU DA ESPN, FOI PARA A RECORD, VOLTOU PARA A ESPN E HOJE ESTÁ NA MTV
Mas a falta de projetos fez com que ele retornasse à casa. Agora, tenta alçar novo voo com o Rock Gol no canal dos jovens. Já Paulo Vinícius Coelho, também da ESPN, chegou a recusar proposta da emissora do Bispo Edir Macedo. Disse que queriam levar o "personagem PVC", que carrega uma enciclopédia na cabeça e é dono de uma memória privilegiada.
À época, PVC ganhava cerca de 25 mil reais, juntando três empregos. Parece que ofereceram mais do que o dobro. PVC ficou triste, acabrunhado pelos cantos, mas recusou. Preferiu manter sua imagem. Não havia um projeto bom lá. Hoje, é tido por muitos como o melhor comentarista de futebol do país. PVC tem um casal de filhos e infinita credibilidade.
PAULO VINÍCIUS COELHO NÃO QUIS SAIR DA ESPN, ONDE GOZA DE GRANDE CREDIBILIDADE
As decisões são difíceis. Ninguém pode ser julgado ou culpado por aceitar ou recusar certas propostas. Mas pode ser analisado. Se o jornalista aceita, chamam-no de vendido. Se recusa, de burro. Às vezes, é muito complicado ser um homem público e "dever" explicações à sociedade em todos os momentos. Mas ainda assim, o jornalismo é uma caminhada muito bonita. Forte abraço.
quarta-feira, 9 de março de 2011
Atualização de portifólio - 09/03
Olá, amigo leitor! Confesso que estava com saudades de postar neste blog. Mas um bom descanso também é necessário. Fui a Florianópolis conhecer algumas praias catarinenses. Maravilhosas. Mar azul ou verde. Limpo! Cristalino! Dá pra ver as conchas e os peixes no fundo.
Voltei com as baterias recarregadas e, de cara, coloco aqui duas reportagens sobre a área educacional de Guarulhos. Uma é sobre a inauguração do CEU (Centro de Educação Unificado) no Jardim Presidente Dutra. O equipamento é voltado para a comunidade local, que apresenta um enorme grau de carência.
A outra matéria é sobre a distribuição dos uniformes e kits de material escolar para os alunos da rede municipal. Em Guarulhos, os alunos das escolas da Prefeitura ganham uniformes completos, com calças, shorts, camisetas, meias, tênis e até mochilas. Além disso, recebem material escolar para uso durante o ano. É interessante. Vale a pena conferir. Forte abraço.
Voltei com as baterias recarregadas e, de cara, coloco aqui duas reportagens sobre a área educacional de Guarulhos. Uma é sobre a inauguração do CEU (Centro de Educação Unificado) no Jardim Presidente Dutra. O equipamento é voltado para a comunidade local, que apresenta um enorme grau de carência.
A outra matéria é sobre a distribuição dos uniformes e kits de material escolar para os alunos da rede municipal. Em Guarulhos, os alunos das escolas da Prefeitura ganham uniformes completos, com calças, shorts, camisetas, meias, tênis e até mochilas. Além disso, recebem material escolar para uso durante o ano. É interessante. Vale a pena conferir. Forte abraço.
PRESIDENTE DUTRA RECEBE CEU EM GUARULHOS
ALUNOS DE GUARULHOS RECEBEM UNIFORMES E MATERIAL ESCOLAR
quinta-feira, 3 de março de 2011
Ah, o Carnaval...
Amigo leitor fiel deste blog. Falei em outro post que jornalista não é super-herói e nem Deus. Também não é de ferro. Por isso, vou descansar nesse Carnaval em uma pequena viagem ao sul do país. Este blog volta a ser atualizado no dia 09/03, quarta-feira, com duas reportagens de portifólio.
Fiz questão de postar essa mensagem para avisá-los, pela enorme consideração que tenho a todos os meus seguidores ou apenas leitores. Só tenho a agradecer demais o carinho de vocês. Nos vemos depois do reinado de Momo. Aproveitem a folia! Forte abraço.
TV Corinthians inaugura nova modalidade de emissora
Pode ter surgido, no último dia 1º de março, uma nova modalidade de emissoras de TV no país. Foi inaugurada a TVC ou TV Corinthians, primeira emissora de televisão voltada única e exclusivamente para um clube de futebol. O canal é o número 10 da TVA, mas ainda deve aparecer em breve nas grades da NET e da SKY.
Sou suspeito para falar, pois uma das pessoas que tocam o barco é um grande e competente parceiro meu. O excelente profissional da comunicação Léo Lucas. Ele e o Marcão (outro parceiro) são sócios da produtora L2M, uma das responsáveis pelo conteúdo da programação.
Esse tipo de emissora pode virar moda em pouco tempo. Afinal, o povo brasileiro adora futebol e televisão. É a combinação perfeita de entretenimento. O São Paulo também tem um projeto parecido, mas na web. Não tão ousado.
A TVC será a grande cobaia para o bem ou para o mal. Será um modelo a ser seguido ou a ser esquecido. Tudo vai depender do sucesso ou fracasso que colher. Torço pelo amigo Léo. Que tenha muito sucesso e que o desempenho seja bem aceito pelos telespectadores. Pelo menos, a iniciativa é ótima.
Verdade seja dita. O departamento de marketing do Corinthians, com o Luís Paulo Rosenberg, sempre tentou inovar, o que é muito válido no futebol brasileiro, que ainda carece de muito profissionalismo. Aliás profissionalismo e futebol são palavras antagônicas por aqui.
A rivalidade entre os clubes pode ser um ponto forte para que esse modelo de canal de comunicação com o torcedor se amplie, já que a vaidade acaba falando mais alto. Bom para jornalistas e outros profissionais da mídia, que terão novas oportunidades no mercado de trabalho.
Mas, uma reflexão séria deve ser colocada aqui, para o amplo debate e comentários dos leitores deste blog. A questão ética e profissional do jornalista. Explico. Quase todos os jornalistas orgulham-se de serem "imparciais" (apesar de ser impossível). Na TV Corinthians, os lances dos adversários serão narrados sem alegria. E os do Timão, claro, com a vibração lá em cima.
Algo completamente justificável, visto que o canal é de determinada equipe e o que o torcedor quer é que os rivais se danem. O foco tem de ser o torcedor. E nenhum gosta que os lances narrados contra sua equipe sejam de forma alegre, pois ele fica enfurecido quando as coisas não dão certo.
A questão é: se um jornalista mais famoso fosse contratado pela TV Corinthians, faria isso? Se fizer, comprometeria sua imagem? Será que ele se declararia como torcedor de tal equipe? Mais tarde, ele teria espaço no mercado de trabalho, em emissoras tradicionais, depois de ter agido dessa forma?
É algo a se ponderar. É um vínculo muito forte. O torcedor não gosta. Imagine se determinado locutor se assumir corintiano ou narrar na TV Corinthians e depois trabalhar em outra emissora e tiver de transmitir um clássico entre Corinthians e Palmeiras ou Corinthians e São Paulo. Ficaria esquisito. Seria visto com enorme desconfiança.
Então os funcionários devem ser todos corintianos? Não necessariamente. O torcedor apaixonado não separa as coisas. Nós, profissionais, sim. Por isso acredito que uma coisa não tem nada a ver com a outra.
É importante que os telespectadores saibam que, naquele momento, o narrador vai vestir a camisa do time. Torcendo por ele ou não. Será uma espécie de "torcedor profissional" fazendo seu trabalho. De qualquer forma, o novo modelo de TV está lançado. O mercado vai se ampliar. Fato. Só fica o alerta de que todo cuidado é pouco. Forte abraço.
quarta-feira, 2 de março de 2011
A disputa pela transmissão do futebol brasileiro em 2012
Explicar o quadro exato do que acontece nessa história envolvendo Globo, Record, Clube dos 13 e os clubes do futebol brasileiro demoraria muito. Vou resumir o assunto, mas você, amigo leitor, pode achar a explicação completa em outros blogs especializados como o Blog do PVC, por exemplo.
A Globo sempre teve a preferência, desde 1998 (se não me engano), para transmitir o Campeonato Brasileiro. Preferência significa que se outra emissora fizesse uma proposta maior, a Globo sempre teria a chance de cobrir e dar a última palavra.
A média de valores para a transmissão do Campeonato Brasileiro era em torno de 500 a 600 milhões de reais. A Record promete chegar a 3,9 bilhões. Uma cifra astronômica. Todos os clubes recebem uma cota desse montante.
Por isso, alguns estão mais interessados na maior proposta. Justo. Outros, ainda preferem a visibilidade global, líder de audiência no Brasil e que pode ajudar em posições políticas. Mas isso nunca fica muito claro.
Fala-se que a Globo privilegia Corinthians e Flamengo nas transmissões, por serem clubes de mais torcida. Isso fica claro no número de jogos transmitidos dessas equipes e também no modo como os locutores narram as partidas, quase sempre, parciais.
Ou seja, temos dois blocos: os que preferem dinheiro na mão versus os que querem, por inúmeros motivos, a visibilidade da líder de audiência. O Clube dos 13 promete uma licitação com envelopes fechados, ou seja, o vencedor será o que apresentar a proposta maior. A Globo diz que nem vai concorrer (vide comunicado completo abaixo deste post). Duvido. Isso está longe de acabar e vai terminar em consenso.
Bom, a discussão real começa aqui. O que se pergunta é: por que apenas uma emisora deve deter os direitos de transmissão do futebol no Brasil? Por que o regime deve ser sempre monopolista? O comentarista da ESPN Brasil, Flávio Gomes, questionou isso com maestria. E propôs a seguinte saída.
Definir quanto custa o campeonato. E dividir o valor pelo número de emissoras interessadas. Assim, se o Brasileirão custar um bilhão e houver duas emissoras interessadas, cada uma que pague 500 milhões e ambas transmitam a competição.
Eu defendo algo parecido, mas com uma modificação. Estipulem o valor do certame. Se for um bilhão, que cada emissora interessada pague esse valor para transmitir. Ou seja, se houver cinco emissoras interessadas, que cada uma pague um bilhão (valor hipotético do campeonato) e transmita os jogos que bem entender.
Seria a maior arrecadação da história do Campeonato Brasileiro em cotas de TV (cinco bilhões). O que acontece é que a guerra pela audiência é mortal. A Record sonha há muito tempo em ultrapassar a Globo no Ibope. E outra. Se apenas uma emissora detiver os direitos, ganhará mais de patrocinadores, pois será a única a ter a captação desses recursos.
Mas o telespectador tem o direito de escolher se quer ver o futebol na emissora X ou Y e ouvir determinado narrador, comentarista ou repórter. A isso dá-se o nome de pluralidade.
Entendo que essa briga é saudável. Movimentaria o mercado midiático e jornalístico. A Globo é fera em transmissão de eventos e espetáculos. Faz a plástica da sua programação como ninguém. Isso ninguém discute. Mas não pode ter o futebol como um programa de sua grade.
O esporte existe primeiro no estádio. E só está na TV porque é disputado de fato na arena. Para quem frequenta os estádios, jogos às 22h são um absurdo para o torcedor que quer curtir seu time e tem que acordar às 6h do dia seguinte para trabalhar.
O monopólio faz isso. Distorce as coisas. Quando uma competição passa a ter um dono, a coisa complica. O horário deveria ser determinado por quem faz a tabela, ou seja, pelo departamento técnico da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) levando única e exclusivamente em conta os interesses do torcedor.
Mas, pelo visto, aqui no Brasil, tudo se resume a dinheiro. E isso atrapalha muita coisa. O esporte que o diga. Forte abraço.
COMUNICADO DA TV GLOBO
"Os dirigentes efetivamente preocupados com os legítimos interesses dos seus clubes e, acima de tudo, os torcedores são testemunhas dos volumosos investimentos que a Rede Globo tem feito ao longo desses anos, numa parceria pelo aprimoramento do nosso futebol, na busca de um espetáculo emocionante, com profissionalismo e qualidade.
Essa contribuição tem se traduzido no crescimento das receitas dos clubes, não só através das receitas obtidas com a venda dos direitos de transmissão, bem como com a comercialização de outros direitos, incluindo propaganda nos uniformes e publicidade nos estádios.
As exigências e modificações nos conteúdos das plataformas implicam na desestruturação de um produto complexo, que foi construído ao longo dos últimos 13 anos, inviabilizando assim qualquer perspectiva de um retorno compatível com os investimentos na compra dos direitos.
As condições impostas na carta-convite não se coadunam com nossos formatos de conteúdo e de comercialização, que se baseiam exclusivamente em audiência e na receita publicitária, sendo incompatíveis com a vocação da televisão aberta que, por ser abrangente e gratuita, é a principal fonte de informação e entretenimento para a maioria dos brasileiros.
Assim é, em respeito ao interesse do público, que a Rede Globo se sente impedida de participar desta licitação e pretende manter diálogo com cada um dos clubes para chegarmos a um formato para a disputa pelos direitos de transmissão que privilegie a parte mais importante desse evento: o torcedor".
Central Globo de Comunicação
O outro lado - COMUNICADO DA RECORD
A Rede Record vem a público expressar preocupação com as reações ao modelo de negociação proposto pelo Clube dos 13. O formato foi desenvolvido como consequência de um acordo entre o Clube dos 13 e o CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). Pelo que foi acertado, cláusulas que caracterizavam o favorecimento a um monopólio e impediam a participação de outros concorrentes de forma democrática e transparente foram proibidas.
O modelo anterior impôs aos clubes brasileiros o endividamento e a perda sucessiva de seus maiores talentos para outros países. Alguns clubes brasileiros passam meses sem parceiros patrocinadores porque camisas, luvas, bonés e até placas publicitárias são evitadas ou encobertas nas transmissões esportivas. Ainda existem alguns clubes brasileiros que simplesmente são ignorados durante a temporada e passam semanas sem que seus jogos sejam transmitidos.
A carta convite enviada pelo Clube dos 13 contempla uma concorrência transparente, séria, com regras claras. O documento exige propostas entregues em envelopes fechados e pressupõe declarar vencedor aquele que fizer a melhor proposta financeira para todos os clubes. O modelo é semelhante ao estabelecido pelo Comitê Olímpico Internacional para a disputa de direitos dos Jogos Olímpicos. A Record detém os direitos de transmissão exclusivos dos Jogos Olímpicos de 2012, em Londres. Fez a melhor proposta e venceu. O mercado publicitário brasileiro - de forma ousada - correspondeu ao investimento da Rede Record e cobriu todos os custos de direitos e transmissão, além de gerar lucros.
Parte do pacote olímpico já foi visto no Brasil com a premiada e pioneira cobertura esportiva dos Jogos de Inverno de 2010, de Vancouver, no Canadá. Prova inequívoca de que a Record quer inovar no esporte, tem apoio do mercado publicitário e retorno expressivo em audiência.
Este ano, em outubro, faremos o mesmo com os Jogos Panamericanos de Guadalajara.
A proposta do Clube dos 13 rompe com as obscuras negociações que favoreciam o monopólio e descaracterizavam a concorrência, impondo aos clubes valores e limitações exigidas pelos eternos favorecidos.
A Record reafirma o desejo de participar da concorrência do Clube dos 13, se os associados estiverem em acordo e unidos em busca de propostas que ofereçam alternativas para o torcedor brasileiro, melhorem arrecadações e ampliem a possibilidade de surgimento de novos patrocinadores.
Mas se os clubes desejarem uma negociação em separado, optando por outro modelo, a Record também pretende apresentar proposta, desde que as negociações sejam feitas seguindo padrões de transparência e regras claras. Ou seja, com a garantia de que a melhor proposta para a televisão aberta terá preferência.
Esta é a forma que a Record encontra para contribuir com a evolução e o desenvolvimento do futebol brasileiro, proporcionando ao torcedor acesso livre e gratuito ao esporte preferido da nação.
São Paulo, 02 de março de 2011
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