CINEGRAFISTA GELSON DOMINGOS, MORTO NO ÚLTIMO DIA 06
Vou na contramão da maioria de amigos jornalistas e demais profissionais da mídia com relação à morte do cinegrafista da TV Bandeirantes, Gelson Domingos, ocorrida no último domingo. Gelson fazia a cobertura da operação policial na favela Antares, no Rio de Janeiro, quando foi atingido por um tiro de fuzil, que perfurou o colete a prova de balas e matou o jornalista.
A maioria da imprensa defende mais segurança para jornalistas em coberturas desse tipo. Não concordo e sou mais radical. Para mim, não deveria haver coberturas deste tipo. Simples assim. Já escrevi diversas vezes aqui que jornalista não é presidente da república, nem personagem de desenho animado e muito menos super-herói. Logo, também não é policial.
A vida é o mais alto dos preços que uma cobertura sensacionalista cobra. Operação policial deve ser feita pela polícia. Só! Jornalista não deve nem chegar perto. Afinal das contas, qual é a grande notícia que vai ser dada no jornal? "Polícia faz operação e prende traficantes na favela Antares".
Pergunto a você, amigo leitor: as imagens do tiroteio entre polícia e bandidos são realmente necessárias à reportagem? Ou a notícia da prisão, com imagens das provas não é suficiente? Sim, é suficiente! O resto é sensacionalismo.
Já que jornalista não é super-herói, sabe que não é imortal. Logo, corre um risco imenso nesse tipo de cobertura que é feita por pessoal treinado e preparado. Não sei se é ou não uma escolha do jornalista cobrir guerras ou conflitos armados como este. Se for, cada um responde pelo risco que assume.
Mas, se os responsáveis forem diretores ou editores dos veículos, meus pêsames. Jornalistas, recusem-se a ir nesse tipo de pauta. Ninguém é obrigado, por lei, a assumir um risco de morte deste tamanho em nome do trabalho.
Mostrar imagens de tiroteios é algo descabido e desnecessário. As pessoas não querem ver sangue. Querem paz. É um tipo de cobertura em que todos saem perdendo. Isso não é jornalismo. É querer ser herói, virar personagem de vídeo-game como nos jogos de guerra.
Repito. A notícia, sem essas imagens, não perderia em nada o conteúdo. Bastava mostrar os presos na cadeia, as provas reunidas e algumas imagens do local (favela Antares), bem depois da operação policial, apenas para contextualizar o telespectador. Enquanto coberturas desse tipo continuarem a ser realizadas, outras mortes virão. De repórteres, de cinegrafistas e demais envolvidos. Jornalismo policial é uma coisa. Sensacionalismo é outra.
Lamento pelo Gelson e por sua família, que passa por um momento de grande pesar. E justamente por isso, defendo, não mais segurança para os jornalistas, mas sim o fim de coberturas arriscadas. Quem invade morro é policial. Não repórter. Um forte abraço.
Facebook: Leandro Martins
Twitter: @leandropress
Concordo contigo Leandro, mas fico com uma indagação. Se não fosse ele que fizesse outro profissional o faria. Ou seja qual escolha ele teria ? Tais imagens em nada acrescentariam. Aliás você mas do que ninguem sabe o quanto é filmado numa externa e quanto realmente vai ao ar.
ResponderExcluirHoje ouvi uma entrevista com Claudio Tognoli (acho que a grafia é esta) sobre este caso e o mesmo disse que com o advento das cameras digitais (filmadoras) e celulares multi mídia. Os cinegrafistas vivem em constante estresse, pois sentem se na obrigação de obterem melhores angulos e melhores imagens.Hoje qualquer pessoas capta uma imagem interessante, ou flagrante, de seu celular ou camera digital antes das equipes de jornalismo.
ResponderExcluirUm Adendo:
ResponderExcluirAlém de tudo isso que você citou. A presença da imprensa deve atrapalhar muito a operação da polícia! Deixa os próprios policiais em risco e correndo sério risco de comprometer a operação.
Também não entra na minha cabeça e não vejo lógica, essa necessidade de entrar com cinegrafistas e repórteres na linha de frente! .
Estou contigo Leandrão!
Abraços!
P.A.
Responderei aos 3 comentários no post desta sexta, 11/11/11. Que data hein! hehehe Um abraço!
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