sexta-feira, 4 de novembro de 2011
As razões pelas quais um jornalista muda de editoria
Bom, para ínicio de conversa, é preciso esclarecer você, amigo leitor, que nem sempre é alguém do meio jornalístico, acerca do termo "editoria". Editoria é o tema no qual o jornalista trabalha. Antigamente, quando existiam apenas os jornais impressos, a palavra se igualava a "caderno". Editoria, portanto, é o assunto. Economia, política, cultura, polícia, esportes, ciência e tecnologia, cotidiano, etc.
Toda pessoa que cursa jornalismo na faculdade, em tese, tem preferência por determinada editoria. Porém, quando o estudante vai ao mercado de trabalho, nem sempre consegue uma vaga (isso quando consegue uma) na editoria da qual gosta. Com as poucas vagas disponíveis, é melhor garantir, ao menos, um emprego na área. O gosto pessoal acaba ficando para depois.
Por isso, muitos jornalistas acabam mudando de editoria ao longo da carreira. Sem dúvida, a mais enriquecedora é a geral. É composta por reportagens que abrangem, em algum grau, quase todos os tipos de editoria. É importante que todo jornalista passe por ela um dia.
Trabalhar na editoria da qual não gosta é fator fundamental para que o jornalista seja um frustrado na carreira. Isso e os baixos salários iniciais são realmente desestimulantes. Ao profissional que tem de executar um serviço que não aprecia, cabem algumas situações possíveis.
Situação 1: Ele vai ficar a vida toda trabalhando em algo que o desagrada, será frustrado, terá algumas doenças por conta do estado de frustração e tristeza, mas não vai abandonar a profissão que escolheu com medo de não conseguir ou não saber fazer outra coisa. Prefere garantir permanência na vaga que tanto suou para conseguir.
Na situação 1, existe ainda a possibilidade de que o profissional acostume-se ao trabalho que faz e, com o passar dos anos, acabe gostando do que faz. Porém, uma coisa deve ficar muito clara: gostar não significa amar nem ser apaixonado.
Situação 2: Por fazer o que não gosta e por causa de outros fatores desestimulantes, abandona a carreira, toma coragem, joga tudo para o alto e vai em busca de uma nova profissão. Talvez para ganhar melhores salários, o que pode compensar o trabalho no que não gosta. Ou então para se ver livre do peso, da pressão e da correria que o jornalismo normalmente impõe aos profissionais.
Situação 3: O jornalista consegue, depois de muito batalhar, trabalhar na editoria que tanto almejou. E daí vem outras duas situações. O jornalista pode frustrar-se ao notar que o trabalho na editoria que ele tanto almejava não era nada daquilo que imaginava. Ou então, perceber que realmente está no lugar certo, foi feito para aquilo e ser muito feliz.
Situação 4 (raríssima): Começar trabalhando na editoria que ama, progredir rapidamente na empresa em que atua, obter grande reconhecimento profissional e receber um poupudo salário. Isso é para pouquíssimos afortunados.
As três primeiras situações são as que mais ocorrem. Alguns jornalistas ainda tornam-se apresentadores e, de certa forma, não trabalham com uma editoria, mas sim, com todas. Também existem profissionais que amam determinada editoria, mas amam o dinheiro mais ainda. Estes recebem ótimas propostas para trocarem de "caderno" e acabam aceitando em troca do bolso cheio.
Resumo da ópera: um jornalista muda de editoria (salvo exceções) para satisfazer seus desejos pueris e universitários. Trabalhar no que não gosta é realmente frustrante para o comunicador. Com agravantes, quando tem de conviver com pessoas que o prejudicam ou que são danosas de alguma forma. E também com atenuantes, quando encontra pessoas solícitas, bem humoradas e que diminuem sua frustração com o trabalho pelo convívio em um ambiente agradável.
De qualquer forma, é preciso perseverar. Seja qual for a carreira escolhida ou mesmo pela troca de profissão. Tem muito jornalista que aponta o dedo e critica quem abandona o barco. Eu não faço isso. Como diz meu pai, cada um sabe onde o calo aperta. A pessoa que muda de profissão não é fraca nem fracassada. É sim, corajosa. Para jogar uma certa estabilidade para o alto e começar tudo de novo. Aliás, bom tema para o próximo post. Este fica por aqui. Um forte abraço.
Facebook: Leandro Martins
Twitter: @leandropress
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