Amigo leitor, hoje o blog faz um bate-papo com o jornalista da TV Gazeta, Adriano Dolph. Ele atua hoje como repórter esportivo, mas já fez matérias de cunho político também. Com 13 anos de carreira, Dolph formou-se na Faculdade Cásper Líbero, em São Paulo. Na entrevista, o jornalista avalia o mercado de trabalho e diz que sonha em cobrir uma Copa do Mundo "in loco". Confira nossa conversa. Um forte abraço.
Leandro Martins - O que achou do curso de graduação quando estudou jornalismo?
Adriano Dolph - Na minha época o curso era muito diferente. A internet estava apenas começando a ser utilizada. Os computadores eram poucos. Usávamos máquinas de datilografia. Tive um curso praticamente voltado para a imprensa escrita, e hoje percebo que esta realidade mudou completamente. Minha sorte foi o estágio, onde aprendi quase tudo sobre a profissão do jornalista na televisão.
LM - Você acredita que a faculdade prepara bem uma pessoa para o mercado de trabalho?
AD - Sim, e defendo a obrigatoriedade do diploma.
LM - Em quais empresas de mídia já trabalhou?
AD - Somente na TV Gazeta
LM - Como é sua rotina hoje?
AD - Trabalho seis dias por semana. Não tenho horário fixo. Cada dia depende de uma escala.
LM - O que já fez ou faz fora do esporte?
AD - Fiz a cobertura de 3 eleições pelo jornalismo da própria TV Gazeta
LM - Quando decidiu que ia trabalhar com mídia?
AD - Acho que desde meus 10 anos. Escrevia jornais, com textos sobre futebol, fotos que recortava de revistas. Aos 11 anos já lia jornais. Na adolescência tomei gosto pelo esporte e as notícias. Coloquei na cabeça que queria ser repórter.
LM - Como foi seu início de carreira?
AD - Foi difícil. Até para entrar na faculdade. No terceiro ano da Cásper recebi um convite de até então um colega de futebol da Cásper, uma grande pessoa, chamada Adriano Lima. Ele era uma espécie de "faz tudo" do departamento de esportes da TV Gazeta. Disse que tinha possibilidade de um estágio. Perguntou se eu estava interessado, isso em 1996. Topei na hora. Vou ser sempre agradecido a ele.
LM - Como avalia o mercado de trabalho na mídia hoje?
AD - Muitas vagas, mas muitos profissionais também. Quando me formei a situação começou a mudar com as inúmeras vagas para escrever em sites, e também o ramo da assessoria de imprensa.
LM - Alguns jornalistas tornam-se amigos de fontes pela convivência. Você acredita que o jornalista ser amigo da fonte ajuda ou atrapalha o trabalho?
AD - Ajuda. A amizade sela uma confiança que não se compra.
LM - Em algumas empresas de diversos setores existe sempre uma puxada de tapete. Você já se sentiu alvo de perseguição no meio? Sentiu-se traído?
AD - Já. Muitas vezes. Mas isso não é exclusividade do jornalismo. A profissão ensina cada um a lidar com esse tipo de situação.
LM - Qual foi a maior emoção da sua carreira até hoje?
AD - Foi uma entrevista com o rei Pelé.
LM - Cobrir outros esportes que não o futebol é mais fácil ou mais difícil para o repórter?
AD - Mais fácil. Os entrevistados lidam melhor com o repórter, são mais atenciosos em 95% dos casos comparando com jogadores de futebol.
LM - O que faz para preservar a voz?
AD - Na verdade, nada em especial.
LM - Como vê a disputa pela transmissão do futebol brasileiro em 2012? Acha certo um regime monopolista?
AD - Eu acho que a disputa é sadia. Mas os valores são absurdos. Hoje quem paga mais leva. Mas lógico que existe muito interesse nos bastidores, e a briga é de cachorro grande.
LM - Para os estudantes de jornalismo ou jornalistas recém-formados que pensam que o jornalismo é só televisão e que vão ficar famosos, o que tem a dizer? E o que falaria para aqueles que pensam que não vão trabalhar muito e nem aos finais de semana?
AD - Que saibam que não terão folgas, vida própria aos finais de semana. A carreira não é fácil. Muitas horas trabalhadas, poucas folgas... E muita responsabilidade. É a sua imagem, na tela de uma emissora. Na página de uma revista ou jornal. Um errinho por mais simples que seja, pode ser fatal.
LM - O que gostaria de fazer na carreira e ainda não conseguiu realizar?
AD - Cobrir uma copa do mundo.
LM - Você acha que um jornalista esportivo deve assumir seu time de coração?
AD - Acho que não, por questões de segurança. Muitos torcedores não entendem, e se tornam agressivos e violentos. Quando estou trabalhando não tenho time. Só lembro da missão e da profissão.
LM - Quem são os jornalistas e/ou profissionais da comunicação que mais admira?
AD - Gosto muito do Celso Cardoso que trabalha comigo. Correto, ético e um grande caráter.
Como repórter, o William Lopes da Band News, foi uma espécie de "espelho" pra mim. Ele trabalhou por um tempo na Gazeta, e gostei muito do estilo e da competência dele.
EXEMPLOS DE PROFISSIONAIS PARA ADRIANO DOLPH
LM - Tem alguma história curiosa ou engraçada da profissão?
AD - Em Criciúma, fiz a cobertura do título da Série B pelo Corinthians em 2008. Foi uma viagem tétrica. Trabalhei 18h por dia, valeu a pena demais, mas na volta, uma chuva na estrada até Florianópolis fez toda nossa equipe ficar de cabelo em pé. Beijei o chão quando saí do táxi.
LM - Deixe uma mensagem para quem pensa em seguir carreira, principalmente no jornalismo esportivo.
AD - Persistência, estudo, foco. Isso é o básico pra não desistir.
Facebook: Leandro Martins
Twitter: @leandropress
Ótimo blog!
ResponderExcluirnão conhecia e gostei muito da entrevista com o Adriano Dolph, além de ótimo amigo, muito talentoso e empenhado jornalista!
sucesso!
Obrigado pelas palavras Andressa! Continue acompanhando o blog! Um abraço!
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