sexta-feira, 27 de abril de 2012

O que eu faria se fosse um diretor de emissora local



Com o aumento gradativo do número de consumidores de TV por assinatura no Brasil, a oferta de canais locais e comunitários também aumenta. Por um lado, isso é bom, já que incentiva a produção de programas com conteúdos regionais, voltados exclusivamente para um público específico.

Acredito que, nesse sentido, a prestação de serviços, a produção de programas informativos e de entretenimento e a revelação de novos talentos para a TV são as principais contribuições que uma emissora local pode dar à sua comunidade.

Mas, infelizmente, não é o que acontece. Primeiramente, a maioria das emissoras ditas comunitárias, que por lei não podem pertencer a uma única pessoa ou grupo, são dominadas por políticos e gente graúda, que usa a máquina para ganhar visibilidade.

Quando isso não acontece, os canais são mal administrados, colocando no ar uma programação amadora e pouco interessante ao público regional. Geralmente, o diretor, junto com o departamento comercial (quando este existe), cobram a locação de horário com valores astronômicos. Com efeito, apenas alguns empresários intressam-se em ter um programa ali.

Via de regra, são programas de entrevistas chatíssimos, que levam o nome do empresário para realçar a visibilidade dele perante o público e não acrescentam nada de interessante. Geralmente, a "atração" (que não atrai ninguém) se passa em uma bancada minúscula, com o tal empresário levando seus amiguinhos para falar mais chatices.

Com as emissoras comerciais a história é um pouco diferente. Algumas até tentam colocar no ar uma programação de qualidade e relevante para a comunidade mas, quase sempre, são engolidas pelo mercado tecnológico, uma vez que o investimento em equipamentos e bons profissionais é algo que custa muito caro.

Nesses casos, quando o diretor ou presidente dão um passo maior do que a perna, a empresa vai para o buraco e os telespectadores da região acabam ficando órfãos novamente.

O Grande ABC, ou ABC Paulista como queiram, região onde nasci e moro atualmente, tem o 3º maior PIB do país. Maior do que o de cidades como Belo Horizonte e até de países como Uruguai e Paraguai.

O mercado consumidor aqui é altíssimo. Mesmo assim, não há uma emissora de televisão decente que provém a contento a região com um conteúdo bem feito e uma programação de qualidade. Também falta visão do empresariado em investir nessas emissoras e contribuir para o crescimento da mídia local.

O que eu faria se fosse um diretor de TV local, ainda mais de um canal comunitário? Primeiramente, convocaria a comunidade para uma conversa. É obvio que as pessoas que compõem a comunidade, por serem leigas, não têm condições de produzir e fazer o conteúdo da TV. Mas o mínimo que qualquer diretor pode fazer é convocar alguns líderes e perguntar a que tipo de programa gostariam de assistir.

Depois, convidaria alguns jornalistas locais para tentar montar uma grade de programação decente cobrando, apenas, o rateio com todos pelos custos de manutenção dos equipamentos. Assim, teríamos uma emissora com qualidade, mas sem lucro.

Depois de um ano, com a grade estabilizada e a credibilidade conquistada perante o público, aí sim, com o auxílio do departamento comercial, partiríamos para a rentabilização dos programas e para o lucro da emissora. Teríamos então um canal respeitado na região, com a credibilidade e a confiança dos telespectadores e, provavelmente, rentável.

Para isso, é preciso paciência, persistência, inteligência, pulso, comando, vontade de trabalhar, acabar com a preguiça e deixar a síndrome de vira-lata de lado. Jamais uma TV regional vai ter a qualidade técnica de uma Rede Globo,é claro, mas poderá ser imensamente estimada pelos moradores locais. É fácil? Claro que não! Mas é preciso tentar.

O que não pode é a direção das emissoras cobrar horários como se fossem a Globo, oferecer uma estrutura meia boca e, ainda por cima, permitir a exibição de programas amadores.

As emissoras viram motivo de chacota, vão à falência e a região fica carente de informações relevantes. Por isso que a Globo é a Globo e as outras são as outras. Mentalidade e visão empresarial são fundamentais para o sucesso de uma emissora de TV. É preciso pensar grande diante da pequenez dos incompetentes. Um forte abraço.

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Twitter: @leandropress

2 comentários:

  1. Assinado embaixo Leandro. Gostaria muito de ver uma Tv regional, com programas que divulguem a nossa região (ABC) com espaço para notíciários, esportes, variedades. Mas pelo jeito viou algo utópico. Lembro do canal 45 que muitas vezes teve alguns lampejos de consciência e mostrou alguns programas bons, mas nada espetaculoso, mas foi bom enquando durou.
    Espero que um dia você possa ser diretor de uma Tv !

    Abçs

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  2. Obrigado amigo! Quem sabe a gente chega lá um dia! Um abraço!

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