quinta-feira, 5 de abril de 2012

Os erros e acertos no jornalismo regional


Algumas faculdades de jornalismo costumam ter nas grades curriculares uma disciplina chamada "Jornalismo Regional". O termo ganhou força nos últimos dez anos, com o nascimento de  muitos veículos pequenos que falam sobre uma cidade, bairro ou até mesmo comunidade.

São exemplos disso jornais de bairro, jornais regionais, rádios e TVs locais e rádios e TVs web. A intenção é eclarecer as comunidades sobre seus problemas internos e informá-las sobre os fatos que as afetam diretamente, como o buraco da rua, a falta de água, um novo shopping que abriu, as peças de teatro em cartaz, etc.

Quando a TV Globo nasceu, em 1965, tinha o propósito de fazer algo inédito no país: ser uma REDE de televisão, com filiais no Brasil todo e que retransmitissem boa parte da programação que era produzida no Rio de Janeiro e em São Paulo.

Para a época, esse era um conceito ousado, pois as emissoras de rádio e televisão tinham uma programação regionalizada. A Globo foi uma das grandes responsáveis por "padronizar" a programação na televisão brasileira e, assim, levar ao maior número possível de lares uma grade quase unificada.

Coincidência ou não, foi o jornalismo da Globo que solidificou a estrutura de rede de televisão, com o nascimento, em 1969, do telejornal mais assistido no país: o Jornal Nacional. A partir de então, os alunos de jornalismo das universidades passaram a mirar, como objetivo de carreira, apenas a grande mídia.

Porém, o jornalismo regional nunca deixou de existir e sempre conviveu com o jornalismo de interesse nacional. O alcance do tal "jornalismo nacional" é inegável, mas, para algumas comunidades, é muito mais interessante saber as notícias da sua região.

Não posso generalizar, até porque conheço pouquíssimos veículos regionais. Mas, os quais conheço, acredito que cometem alguns erros, principalmente as emissoras de televisão. Acompanhe o raciocínio. Os jornais impressos destacam as notícias regionais, mas também trazem a política nacional e fatos mundiais em suas páginas.

As rádios, além do conteúdo local, também abordam os fatos nacionais e mundiais com o apoio de entrevistas. Mas as televisões, principalmente as bem pequenas, têm o péssimo hábito de regionalizar tanto, a ponto de ignorar eventos importantes nas capitais. Isso acontece por uma única razão: dinheiro. Fazer televisão é caro. Você tem de, necessariamente, estar nos locais dos fatos para captar imagens e entrevistas. E não é todo canal que consegue bancar isso. Conclusão: se não tem verba, não faça!

Outro erro que vejo é nas emissoras de TV pela internet. A rede mundial de computadores pressupõe uma audiência global. Então, considero um enorme erro do ponto de vista comercial dar destaque apenas para conteúdos regionais. Isso torna a emissora pouco interessante para muitos públicos. E inviabiliza comercialmente a programação que, via de regra, já é um tanto amadora nas TVs por internet.

De qualquer forma, o jornalismo regional é sempre bem-vindo. Principalmente quando ajuda efetivamente a informar a comunidade e a resolver os problemas existentes nela. No entanto, fica a ressalva de que investimento é algo necessário para que os veículos regionais sejam fortalecidos. Nada se faz sem investimentos em equipamentos, pessoal qualificado e infraestrura. Um forte abraço.

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