segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

A produção em TV não pode significar mentiras ao telespectador


Muitos profissionais, infelizmente, confundem produção com farsa e mentira. Ludibriam o telespectador. A produção é um dos motores da televisão. Talvez o maior deles. Quando você vê belas imagens, pessoas bem maquiadas, bem penteadas, bom jogo de luz, tudo perfeito, é porque a produção foi caprichada.

A televisão é máquina de fabricar sonhos, vender ilusões (no bom e no mau sentidos), e não de mentiras! O tema do post de hoje me foi suscitado por uma pessoa que encontrei recentemente, durante uma pauta em Guarulhos. Ela me disse que, certa vez, marcou uma reportagem com a TV Gazeta para mostrar o funcionamento de seu ambiente de trabalho.

Para começar, a equipe de gravação chegou no fim do expediente, completamente atrasada. O repórter pediu para que todos os trabalhadores, que já estavam saindo, voltassem a seus postos e simulassem uma situação de trabalho. A simulação em determinadas reportagens é necessária para que o cinegrafista capte alguma imagem ou um procedimento específico.

Mas houve uma coisa grave. Segundo esta pessoa com quem falei, o repórter pediu para que os entrevistados dissessem as declarações que ele indicava. Ou seja, o repórter não tinha habilidade para extrair determinada declaração do entrevistado e simplesmente pedia à fonte que dissesse o que ele queria ou precisava para confirmar a pauta de sua reportagem.

Infelizmente, muitos péssimos profissionais fazem isso para confirmarem o sentido da pauta. Imagina se o jornalista volta para a redação sem as declarações que confirmam o conteúdo da reportagem? Por exemplo, suponhamos que a pauta seja sobre as emissões de cheques sem fundo que aumentaram no país.

Aí, a produção consegue entrevista com um gerente de banco e, quando o repórter chega lá, a fonte diz que "não, aqui no nosso banco isso não acontece. A maioria dos cheques aqui estão em ordem". É um caso de "queda" de pauta. As declarações da fonte não confirmam a veracidade da reportagem. Eis que, então, o espertinho do repórter pede para que o gerente diga que lá há sim muitos cheques sem fundo! Erro de quem pede, erro de quem atende.

Quem falhou? A produção, inicialmente, pois não conversou a fundo com o entrevistado para saber se o fato da pauta acontecia ali, naquela agência bancária. Faltou também boa apuração.

A atitude do repórter significa produzir farsa, mentira, notícia falsa. É o mau jornalismo em sua pior nuance. Porque é distorcer fatos, enganar o público e fazer o oposto da ética jornalística principal, que é a busca da verdade.

O pior é que isso, em televisão, muitas vezes, é mais regra do que exceção. Tenha consciência de que, quando você assiste a um programa de televisão, muito do que está vendo ali é a mais pura mentira deslavada. Fique atento. Tente perceber nas entrelinhas, na maneira como é feita uma reportagem, se o material é ou não verdadeiro. É difícil, mas com muita atenção a gente pode ficar mais exigente ao ver TV. Um forte abraço.

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Um comentário:

  1. Mas é o que sempre comento, é muiiiiiiiito dificil não perceber essas " armações " por assim dizer. Qdo trabalhava em banco e o mesmo foi assaltado, lembro que saiu no cidade Alerta do Datena e vi que pegaram uma pessoa da rua, que nem estava na agencia pra dizer um emaranhado de mentiras e tive que aguentar o Dantena falando caca.

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