O escândalo dos grampos telefônicos, que envolveu o tabloide britânico "News Of The World", que encerrou suas atividades no último dia 10, vai muito além das escutas ilegais e da espionagem a celebridades e pessoas públicas. O caso envolve corrupção, suborno e mortes.
Para entender toda a história, que é longa, leia o contexto neste link: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2011/07/jornalista-que-denunciou-escandalo-das-escutas-esta-morto-diz-jornal.html. Vou me ater aqui aos últimos fatos apenas, principalmente a uma morte e ao depoimento de Rupert Murdoch e seu filho James ao parlamento britânico.
A polícia ainda não confirma que a morte do jornalista Sean Hoare (foto que abre o post), primeiro a denunciar o caso das escutas ilegais, seja suspeita. O repórter foi encontrado morto em casa, dois dias atrás. Porém, os agentes estão em descrédito depois que casos de suborno a policiais e chefes da Scotland Yard vieram à tona como parte dessa mesma história suja.
Hoare sempre acusou Andy Coulson, então editor do tabloide, de saber e incentivar o uso dos grampos telefônicos. Coulson passou pelo jornal há algum tempo e, após sua saída, foi nomeado porta-voz do Primeiro Ministro britânico David Cameron. Ligando os fatos, uma coisa leva à outra.
Hoare deveria saber algo ainda mais escabroso sobre a política britânica, sobre o Primeiro Ministro e sobre o editor Coulson. Sim, sua morte é muito mais do que suspeita. É queima de arquivo. Qualquer semelhança com a morte de PC Farias, ex-tesoureiro da campanha e do governo de Fernando Collor, no Brasil, não é mera coincidência. "Apagaram" Sean Hoare.
E quem mandou fazer isso, está envolvido até o pescoço nessa história escabrosa e maquiavélica do tabloide do Reino Unido. Ninguém vai me convencer do contrário. A polícia não tem mais moral. O escândalo pode fazer o magnata Rupert Murdoch perder trilhões de dólares e colocar todo seu patrimônio sob suspeita.
Em depoimento ao parlamento britânico, Murdoch fez-se de vítima. Bom papel para um velhinho de fala mansa e trêmula como a dele. O trilhardário disse que o tabloide era apenas um por cento de sua renda (e vendia 3 milhões de cópias só aos domingos! Imagine a fortuna desse homem!).
Pior. Vitimizado, Murdoch teve a cara de pau de dizer que não sabia de nada sobre os grampos. Igualzinho a Lula, na questão do mensalão. Conta outra. Jura que ele quer que alguém acredite nisso? Essa é a estratégia de defesa para proteger o patrimônio e tentar resgatar um mínimo de credibilidade.
RUPERT MURDOCH E O FILHO JAMES,
EM DEPOIMENTO AO PARLAMENTO BRITÂNICO
Enquanto isso, as ações de suas empresas despencam. E tomara que a investigação séria continue. O que aconteceu no "News Of The World" é muito mais do que mal jornalismo. É crime! É enganar e lesar pessoas. É mexer com sentimentos, emoções, vidas. Nada devolverá às famílias prejudicadas a situação que tinham antes da exposição nas páginas do tabloide.
Simplesmente, tacanho. Que todos os envolvidos tenham a devida punição (o que duvido muito). Infelizmente, é mais um caso que entra para a má história do jornalismo. A boa história é sempre contada em sala de aula, nas universidades, pelos professores. E os episódios lamentáveis também. Assim como o caso Escola Base, esse será sempre um exemplo de atrocidade jornalística e midiática dado aos universitários. Uma pena. Um forte abraço.
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