José Nello Marques é jornalista reconhecido e conceituado. Tem 41 anos de estrada. É um dos fundadores da rádio CBN, emissora 100% voltada para jornalismo e informação. Você, amigo leitor, vai notar que a larga experiência de Zé Nello o permite escrever o que pensa.
Ele não se preocupou em medir palavras e foi muito honesto e franco em suas respostas. Alguns profissionais preferem fugir de polêmicas ou evitam colocar o dedo na ferida. Não foi o caso do jornalista e advogado, entrevistado de hoje do blog.
Escrevi pequenos comentários meus entre parênteses, em algumas respostas que considero importantes e que devem balizar estudantes da área e aqueles que ainda não escolheram a carreira, mas têm vontade de cursar jornalismo. Confira o bate-papo.
Leandro Martins - O que achou do curso de graduação quando estudou jornalismo?
José Nello Marques - Foi muito legal porque tínhamos pouco tempo de instalação dos cursos no Brasil. Valeu pelo aprendizado teórico e humanista, mas a prática é que vai dar embasamento. (ele é formado pela FIAM, em 1978)
LM - Você acredita que a faculdade prepara bem uma pessoa para o mercado de trabalho?
JNM - Temos as boas e as ruins. Mas não é a faculdade que faz o aluno. É o aluno que faz a faculdade.
LM - É a favor do diploma para garantir reserva de mercado?
JNM - Sim, sou a favor.
LM - Em quais empresas de mídia já trabalhou?
JNM - Rádios: Jovem Pan, Globo, Capital, Bandeirantes, Record e Tupi AM. Televisões: Manchete, Record, Bandeirantes, Canal 21 e Jovem Pan TV.
LM - Como é sua rotina hoje?
JNM - Trabalho na Rádio Tupi AM, 1150 khz. Chego as 5h30 da manhã, pego o microfone às 7h e vou até às 9h. Saio por volta de 10h.
LM - De que área do jornalismo gosta mais? Em quais já trabalhou?
JNM - Já trabalhei em todas. O que mais gosto é Geral, sem focar nenhuma em especial.
LM - Quando decidiu que ia trabalhar com mídia? Como foi que tudo aconteceu?
JNM - Foi no interior, em Garça, 1970, quando comecei a trabalhar como sonoplasta, depois locutor, repórter, apresentador...
LM - Como foi seu início de carreira? Quais as principais dificuldades e obstáculos encontrados?
JNM - A dificuldade da época era aceitação da sociedade. Radialista e jornalista não eram bem conceituados.
LM - Como avalia o mercado de trabalho na mídia hoje?
JNM - Considero o mercado hoje absolutamente prostituído e violentado de todas as formas. Poucas vagas, tecnolgia imperando e falta de competência. (Boa!)
LM - É verdade que é preciso o tal do "Quem Indica" ou isso é lenda? E o tal "teste do sofá"?
JNM - Existe de tudo. Entra ou deita quem quer. (Ótima!)
LM - Você acredita que o jornalista ser amigo da fonte ajuda ou atrapalha o trabalho? Em que sentido?
JNM - Acho que não atrapalha, desde que os dois saibam diferenciar quando é notícia e quando é amizade.
LM - Em algumas empresas de diversos setores existe sempre uma puxada de tapete. Você já se sentiu alvo de perseguição no meio? Sentiu-se traído?
JNM - Várias vezes e todas elas por traição.
LM - Já cobriu grandes eventos?
JNM - Posses de presidentes internacionais e brasileiros, visitas do Papa, Copa do Mundo, Fórmula-1, crises econômicas, esportivas e sociais, grandes tragédias, como incêndios. E você sempre sai de uma dessas aprendendo mais.
LM - Você é um dos fundadores da rádio CBN. Na época da criação do veículo, você sentiu que o público queria rádios e TVs mais segmentadas?
JNM - O rádio foi se segmentando aos poucos e hoje é escancarado. Na época a CBN pensou apenas em notícias, sem se preocupar em esporte ou geral.. O povo quer sim ouvir falar do seu bairro, da sua tribo, pouco se importando se falta petróleo na Arábia ou se o preço do açúcar caiu em Cuba.
LM - Qual foi a maior emoção da sua carreira até hoje?
JNM - Tenho 41 anos de carreira e muitas emoções. A primeira reportagem, a primeira cobertura internacional, o primeiro grande incêndio (Edifício Joelma) e tantos outros...
LM - O que faz para preservar a voz?
JNM - Evito gelado e tomo muita, mas muita água, nada mais.
LM - Como vê a disputa pela transmissão do futebol brasileiro em 2012? Acha certo um regime monopolista?
JNM - É o mundo que estamos vivendo, o mundo do ‘ter’. Tenho dinheiro, compro o campeonato, acabou.
LM - Para os estudantes de jornalismo ou jornalistas recém-formados que pensam que o jornalismo é só televisão e que vão ficar famosos, o que tem a dizer? E o que falaria para aqueles que pensam que não vão trabalhar muito e nem aos finais de semana?
JNM - Primeiro que se alguém pensa em ser jornalista e não trabalhar em fim de semana está no caminho errado. Depois a melhor coisa hoje é sair de São Paulo. Existem outros estados, outras cidades, que oferecem condições boas de trabalho.
LM - O que gostaria de fazer na carreira e ainda não conseguiu realizar?
JNM - Alimento o grande sonho de não precisar mais trabalhar para viver (Sensacional!)
LM - Você acha que um jornalista de qualquer área deve assumir seu time de coração?
JNM - Sou palmeirense e acho hipócrita dizer que narrador ou comentarista não tem time. Mas para o bem de suas integridades, devem ficar sem revelar mesmo.
LM - Quem são os jornalistas e/ou profissionais da comunicação que mais admira?
JNM - Poderia citar vários, mas fico com Nilson Bastos Bento, Fernando Viera de Mello, José Paulo de Andrade e Salomão Esper.
DOIS PROFISSIONAIS QUE ZÉ NELLO ADMIRA:
ZÉ PAULO DE ANDRADE E FERNANDO VIEIRA DE MELLO
LM - É possível conciliar família e trabalho?
JNM - Tem que mesclar e saber que o parceiro ou parceira entenderá isso.
LM - Deixe uma mensagem para quem pensa em seguir carreira no jornalismo.
JNM - Vale para qualquer profissão. Apesar de tudo girar em nome do dinheiro e da mercantilização hoje em dia, vale a pena gostar do que faz, fazer por amor, por paixão e com gosto. Caso contrário, vai chegar a hora em que o trabalho não terá mais importância.
Para quem quiser seguir o jornalista no Twitter, basta procurar por @zenellomarques. Se quiser me seguir, digite @leandropress. Um forte abraço.
Como sempre arrasando nas entrevista, Sr. Leandro Martins. Adorei esta que mostra um pouco da face do jornalismo e fala que indepente da profissão é necessário gostar do que faz, senão não adianta.
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Paula
pela primeira vez vi sua entrevista gostei muito da sua pessoa vc é um coroa atraente ass.anonimo
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