quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

O aniversário do Estadão e a censura no jornalismo



Na última sexta-feira, dia 4 de janeiro, o jornal O Estado de S. Paulo completou 138 anos de existência. E lamentou estar "1253 dias sob censura", ou seja, quase quatro anos. O Estadão, como é popularmente conhecido, alega que está "proibido de publicar reportagens sobre a Operação Boi Barrica, que investiga as atividades do empresário Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP)" (trecho extraído do site Comunique-se). Na foto que abre o post, vemos uma página censurada na época da ditadura militar no Brasil. Hoje, a ditadura é disfarçada.

Bem, vamos por partes. Primeiramente, devemos parabenizar o grupo Estado e jornal em particular pelos 138 anos de existência. Para quem dizia que, após a invenção do rádio, da TV e da internet, o jornal impresso desapareceria, chegar aos 138 anos é um feito heróico.

Muitos jornais e revistas fecham após curto período de atividades, pois não conseguem se manter financeiramente devido às más administrações, falta de investimento de patrocinadores ou estratégias equivocadas para atrair o público leitor.

Na contramão, o Estadão segue sua jornada. E acredito que seguirá por muito tempo, pois não acredito na extinção breve do jornal impresso. Com relação à "censura" relatada pelo veículo, só posso lamentar e dizer que existem situações na vida e no jornalismo que são muito complicadas.

Raramente, neste país, algum veículo fez, faz ou fará jornalismo realmente independente. Sempre haverá o interesse do dono de determinado veículo em não falar mal de alguém ou de alguma empresa. Em todos os setores de nossas vidas, sempre haverá interesses maiores em determinados aspectos do que supõe nossa vã e romântica filosofia jornalística de reportar tudo com isenção, objetividade e precisão.

Digo sempre aos estudantes de jornalismo e aos recém-formados que a realidade do mercado é dura. O choque ao sair da faculdade e assumir um posto efetivo no mercado de trabalho é grande. Um bom modelo de jornalismo independente que conheço, mas que não acredito que possa ser aplicado no Brasil com sucesso é o da emissora de TV britânica, BBC.

Os próprios cidadãos ingleses mantêm a emissora ativa com doações de dinheiro. Assim, os funcionários são pagos literalmente pelo povo e somente a ele devem respeito, satisfação e, claro, a total verdade dos fatos. Ao não precisar de investidores, empresas ou mesmo políticos para ajudar a manter o canal, a BBC pode-se dizer independente.

Porém, mesmo este modelo mais bem acabado de independência, em suas entranhas e catacumbas mais profundas, deve, vez ou outra, precisar de favores de poderosos, o que já traria dúvidas quanto ao status tão proclamado de boca cheia aos quatro cantos.

Aqui no Brasil, os jornalistas sofrem com as investigações e reportagens que envolvem políticos. A "censura" a que o Estadão se referiu deve ser algo deste gênero. Quando é para colocar o dedo na ferida e fazer denúncias graves, o jornalismo se vê preso e amarrado diante do poderio dos mandatários deste país, tão mal eleitos pelo voto popular direto.

A polícia ajuda a travar as investigações. Liminares impedem publicações. Há uma dificuldade imensa em gravar entrevistas. Fontes bem informadas, porém amedrontadas ou particpantes dos esquemas, obviamente, fogem da imprensa. Assim, se preciso for, o jornalismo será sempre censurado, calado e impedido de ser realizado em sua plenitude, com a exibição da verdade, da ética, da precisão, da objetividade e da isenção.

O Brasil é um país onde, infelizmente, poucos têm muito poder e riquezas. E estes poucos pensam que são deuses e podem realizar tudo o que querem, passando por cima de leis, da Constituição e pisando as cabeças do povo e de nós, reles mortais. Nada disso seria problema se aqui não fosse o país da impunidade. Mas como é, esses cidadãos pintam e bordam em nossas telas. Um forte abraço.

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