sexta-feira, 23 de novembro de 2012

O risco de publicar declarações extraídas das redes sociais



O crescimento do número de usuários das redes sociais (principalmente Facebook e Twitter) fez com que atores, cantores, jornalistas, artistas e pessoas até certo ponto famosas aderissem à moda e registrassem um "perfil" na rede mundial de computadores.

Isso aconteceu porque são profissões extremamente dependentes de contatos e comunicação constante com o público. Assim, os artistas, de modo geral, enxergam nas redes sociais a possibilidade de fideliz ou mesmo ampliar sua audiência, com a conquista de novos fãs e seguidores.

Algumas empresas chegam a pagar mais de dez mil reais por mês para que algum artista famoso faça publicidade de determinado produto. Só o fato da celebridade recomendar tal produto, já significa um comercial eletrônico na internet. E, pelo visto, altamente rentável.

Até aí, tudo bem. O problema, no caso do jornalismo, começa quando "jornalistas" (entre aspas mesmo, pois não devem ser formados) publicam declarações vistas nos perfis destas celebridades sem ao menos checar a informação. Aliás, a tal rede social transformou-se na própria fonte da notícia e na própria declaração do entrevistado (foto que ilustra o post).

Quem procede desta maneira, corre um tremendo risco de dar uma "barrigada", como costumamos chamar no jornalismo uma notícia mentirosa, falsa. Esclareço. Imagine que alguém crie um perfil "fake" de um artista famoso e que, diante da falta de apuração, o "repórter" acredite que tal perfil seja real.

Ao publicar uma declaração postada pelo perfil, obviamente, vai reproduzir a declaração de um falsário, de alguém que se passa pela pessoa famosa, mas que não passa de um ilustre desconhecido. Se a declaração for contundente, a coisa é ainda pior. Cabe processo da parte afetada. No caso, da celebridade original.

Foi o que aconteceu no site R7, recentemente. O portal publicou uma suposta declaração de Mano Brown, líder do grupo Racionais MC´s, dada no Twitter, que chama o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, de assassino. Pouco depois, no lugar do conteúdo original, foi publicada uma errata com a informação correta, de que o perfil que tinha feito a declaração não era do cantor e sim de um fake. O perfil oficial correto também foi divulgado.

A lei de imprensa permite que o jornalista repare o erro e evite o processo judicial. Mas, convenhamos, é sempre um risco. Outras situações embaraçosas ainda podem acontecer. É possível que a celebridade escreva alguma coisa e, logo em seguida, arrepende-se e apague. Se o jornalista não tiver feito um registro de imagem da declaração (o famoso "Print Screen), também vai passar por mentiroso. Será a palavra da imprensa contra a do tal artista.

Isso acontece muito em veículos que têm como foco principal futricar a vida alheia, ou seja, jornais, revistas, programas de rádio e televisão sobre fofoca. No caso do jornalismo esportivo, vi coisa semelhante acontecer com declarações de jogadores de futebol.

Para se eximirem da declaração dada, alegam que foi um parente ou amigo que tinha a senha da sua rede social e que teria publicado a declaração no lugar deles. Afinal, ninguém pode provar que a afirmação não seja verdadeira. Ou seja, acaba parecendo mesmo apenas especulação, disse me disse.

Por isso, em vez de publicar diretamente a declaração colhida em redes sociais e microblogs, apure mais. Aproveite o perfil da pessoa e peça seu telefone. Converse com o envolvido. A internet hoje provoca o afã em alguns editores e repórteres de darem o furo quase em tempo real.

É realmente muito fácil publicar e "despublicar" o conteúdo, mas não é correto. O correto é apurar, telefonar, cruzar informações e, só então, levar a informação ao conhecimento do público. Jornalista que não apura corre riscos altos, desnecessários e pratica o péssimo jornalismo. Um forte abraço.

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