sexta-feira, 8 de abril de 2011

Blog entrevista jornalista esportivo Octávio Muniz


Hoje o blog tem a honra de publicar a primeira (de muitas, espero) entrevista com um colega de profissão. E para dar início aos trabalhos, começamos com o pé direito. A bola da vez é um profissional gabaritado e experiente.

"Octávio Muniz, o que é que só você viu?" Quem não se lembra da famosa frase narrada pelo locutor Sílvio Luiz, então na Band, que chamava o repórter após um lance perigoso ou polêmico no futebol? Octávio Muniz completou 47 anos ontem. Só de carreira, tem 34. Cobriu sete Copas do Mundo e seis edições das Olimpíadas. Tem no currículo mais de 250 viagens internacionais.

Hoje, o ex-repórter virou locutor. Trabalha na Rede TV! e na Rádio Clube de Pernambuco (Recife). Tatá Muniz, como é popularmente conhecido, fez parte da equipe da TV Bandeirantes no auge das transmissões esportivas da casa. No tempo em que a emissora era identificada como "o canal do esporte" e a área crescia no país (início dos anos 90 para frente).

Tatá carrega na bagagem a passagem por mais de 20 veículos de comunicação. Aceitou gentilmente dar entrevista para mim. E agora, publico aqui neste blog. Entre outras coisas, citou Luciano do Valle como modelo de narrador. Não vê problema em assumir o time de coração e ainda disse que é possível administrar a carreira e formar uma família. Acompanhe a entrevista na íntegra.

Leandro Martins - Você acredita que a faculdade prepara bem uma pessoa para o mercado de trabalho?
Octávio Muniz - Acredito, lamentei quando houve a discussão sobre não precisar mais do diploma de jornalista. Acho que a faculdade/universidade dá uma base importante que será aplicada no resto da vida.

LM - Como é ser setorista de um clube?
OM - Puxa, eu fui durante muito tempo. É um trabalho que se baseia na confiança que adquire de atletas, técnicos e dirigentes. Fui muito tempo setorista do Corinthians e a relação que tinha com esta gente era estreita, motivo pelo qual me dei sempre bem nas notícias.

LM - Alguns jornalistas tornam-se amigos de fontes pela convivência. Você acredita que o jornalista ser amigo da fonte ajuda ou atrapalha o trabalho?
OM - No meu caso sempre ajudou. Sempre soube separar o “amigo” da notícia. Por isso, não vejo problema, desde que não haja mistura.

LM - Como é cobrir um grande evento como a Copa do Mundo ou as Olimpíadas? Dorme-se pouco e trabalha-se muito?
OM - É muito especial, é outro desafio, você se comporta de outro jeito, é uma sensação indescritível. Só pra se ter idéia, em Seoul, 1988, Jogos Olímpicos na Coreia, dormíamos 4 horas por noite no máximo.

LM - Como vê a guerra pela transmissão do futebol brasileiro para o período 2012-2015? Acha certo um regime monopolista?
OM - Um boa disputa é sempre melhor do que uma ditadura absoluta. O regime de monopólio é um erro. o “remédio” de hoje é na verdade uma pequena dose de veneno que mata aos poucos. Se a direção da empresa "X" mudar e não quiser mais futebol, o esporte morre, pensem nisso!

LM - Para os estudantes de jornalismo ou jornalistas recém-formados que pensam que o jornalismo é só televisão, o que tem a dizer?
OM - Não é! Existem outras áreas muito interessantes. Eu por exemplo gostaria muito de escrever numa revista. E mais. As novas mídias vão mexer muito na nossa área.

LM - E o que falaria para aqueles que pensam que não vão trabalhar muito e nem aos finais de semana?
OM - Se forem fazer esporte, como eu, esqueçam, o final de semana é a segunda-feira dos outros.

LM - O que gostaria de fazer na carreira e ainda não conseguiu realizar?
OM - Olha, eu já fiz bastante na carreira, muita coisa mesmo, mas agora que ingressei pra valer na minha função de narrador (que é relativamente nova), desejo ser o primeiro narrador de uma grande emissora de TV.

LM - Que sonhos profissionais ainda alimenta?
OM - Nesse caminho o sonho profissional é narrar o Brasil ganhando mais uma Copa do Mundo e narrar uma grande vitória olímpica brasileira numa disputa de ouro.

LM - Você acha que um jornalista esportivo deve assumir seu time de coração? Por quê?
OM - Olha eu assumi desde sempre, mas com responsabilidade, acho que pode assumir sim, afinal, só sou jornalista/cronista esportivo porque torço pra alguém. (Tatá é corintiano)

LM - Quem são os jornalistas e/ou profissionais da comunicação que mais admira?
OM - Olha, muitos! Acho que como narrador de TV, por exemplo, na sua fase áurea, Luciano do Valle foi um monstro! Tenho admirição por muitos, mas não vou citá-los porque seria deselegante com os demais.


"MONSTRO": Octávio Muniz
elogiou o locutor Luciano do Valle

LM - O que diria para quem pensa em seguir carreira, principalmente no jornalismo esportivo?
OM - Siga, vá em frente, encare os desafios, vale a pena... Eu criei minha família atuando neste ramo e tenham certeza, faria tudo de novo. (Tatá é casado e tem três filhos)

Para quem quiser acompanhar os passos do jornalista, pode encontrá-lo no twitter (@octaviomuniz) ou então acessar o seu blog: http://octaviomuniz.blog.uol.com.br/ Um forte abraço.

3 comentários:

  1. Parabéns pela entrevista Lê, Muito boa...
    Quem sabe com esta entrevista não me entusiasme mais pelo jornalismo, principalmente esportivo onde tudo parece tão dificil..
    bj

    ResponderExcluir
  2. Valeu, Paulinha! Se td der certo, vários outros colegas jornalistas vão falar aqui! Abs!

    ResponderExcluir
  3. Fui contratado pela Panamericana em novembro de 63, por Otávio Muniz pai e Narciso Vernizzi, que haviam assumido o esporte após a saida de Fiori para a Band. Muniz passou-me então o programa - Corinthians em Marcha - e ambos me deram Palhinha filmando a Rodada e Plantão da meia noite.- Tatá, Bruno e Chico eram ainda meninos, e Tatá iniciou antes dos irmãos com meu filho Carlos Tureta. Faz muito bem desde as reportagens como brilha na retaguarda. Grande menino, assim como Bruno e Chico.

    ResponderExcluir