segunda-feira, 11 de abril de 2011

Quando falta o bom senso - a manchete do jornal A Tribuna


Tem jornalista que gosta de ser póetico, original, sensacionalista, diferente, polêmico. Muitas dessas características foram misturadas na manchete do jornal A Tribuna, de Santos, sobre o ocorrido no Realengo, no Rio de Janeiro.

Faltou bom senso. Do jornalista que fez a reportagem e do editor, que normalmente dá os títulos e fecha a capa do jornal. Lembrei-me do finado NP, o Notícias Populares. No meio jornalístico, era tido como um jornal que, ao ser espremido, jorrava sangue.

Ao que me parece, o autor do título bizarro não teve a intenção de ser totalmente sensacionalista. Ele quis sim, causar a comoção popular. Quis emocionar. E, ao mesmo tempo, vender sua capa. Mas o efeito foi o mesmo de um sensacionalismo barato.

É preciso ter parcimônia. Saber a hora de brincar ou emocionar sem parecer ridículo e patético. Não funcionou. "Na lista de chamada, 12 alunos não dirão 'presente'" foi uma manchete bisonha, descabida.

Ninguém riu, ninguém chorou. Causou raiva nos leitores comuns e nos colegas de profissão. Com certeza, o autor deste título foi alvo de chacota no meio. Perdeu a medida. Publicou o que quis, ouviu o que não quis. Arriscou. Não foi bem.

Não se brinca com a emoção de pais feridos na alma. Fica a lição para quem estuda jornalismo, para quem está iniciando na carreira ou para quem já tem uma boa estrada. Manchetes interessantes atraem público. Mas o bom senso é fundamental. Um forte abraço.

5 comentários:

  1. Concordo com você Leandro. Quando vi este título fiquei até com vergonha de saber que um colega escreveu um título como este. Parecia piada de mau gosto na minha opinião. Espero que na próxima vez ele pense mil vezes antes de escrever.

    Fernanda Marques

    ResponderExcluir
  2. Lê, estavamos conversando no almoço com minhas colegas sobre essa tragédia do RJ, e daí comentei sobre seu blog de hj, daí eu pergunto: qual é o foco na matéria hoje em dia? A Nótícia na sua íntegra ou o sensacionalismo? Tenho a impressão que se perdeu o foco das matérias. Outro exemplo disso, uma psicóloga foi no Faustão ontem (e olha que nem assisto esse programa, mas me chamou a atenção), e ela disse o seguinte: ela ficou muito triste quando desceu na banca para comprar o jornal e se deparou apenas com anotícias falando das mortes e do assassino. E não viu nenhum jornal ou revista dando como foco o "herói! dessa trajédia... o POLICIAL e O MENINO que chamou a polícia. Assim, vejo que o foco é a tragédia, quando ela já passou e não algo que poderá ser lembrado de positivo disso tudo!

    Lamentável...

    Um beijão!!!
    Carol Correia

    ResponderExcluir
  3. A manchete, sem dúvida, vai apelar mais ao sensacionalismo. Agora a psicóloga tb teria de ponderar uma coisa. A análise jornalística que deve ser feita sobre tal situação é sobre a cobertura completa do caso. No caso, a psicóloga deveria ter visto as manchetes de, pelo menos, uma semana inteira e no mesmo jornal sobre o assunto. Tem dias que a capa vai ser sensacionalista. Tem dias que vai trazer boas histórias e colocar os heróis na capa. É que esse tipo de história demora mais pra apurar. A Globo, no entanto, fez uma cobertura que considerei exemplar. Matérias especiais, tudo bem explicadinho. Um monte de gente ouvida. Citaram e fizeram matéria com os heróis, resgataram fatos parecidos no mundo todo, foi 10! Nem todos fazem um bom jornalismo. Mas devemos dar os méritos para quem o faz! Um bjo!

    ResponderExcluir
  4. Sobre essa "pauta" tiveram muitas outras bizarrices que infelizmente não se ateram apenas ao título....E, pra ser bem franca, não vi nenhuma cobertura a contento. Todo mundo honrou a escola Sonia Abrão-Datena de ser...

    ResponderExcluir
  5. As matérias que vi no Jornal Nacional até que contemplaram a informação que delas esperava. Mas a escola Sônia Abrão - Datena foi ótima!

    ResponderExcluir