quarta-feira, 6 de abril de 2011

As safadezas que algumas empresas fazem com os jornalistas


Em todas as circunstâncias da vida, você irá conhecer gente com bom ou mau caráter, honesta ou desonesta, com boas ou más práticas de conduta, ética e moral ou antiética e amoral (e imoral também!). Assim também são as empresas. Organismos vivos, refletem as filosofias de seus proprietários, sócios, acionistas, gestores ou presidentes. Vou aqui, como de costume, falar pelo lado do jornalista.

Algumas grandes empresas e corporações, principalmente as que não são do ramo da comunicação, fazem safadezas com os jornalistas. Uma prática condenável é contratar o jornalista e registrá-lo com outra função, para que não precise pagar-lhe o piso.

Assim, muitos jornalistas são contratados como assistentes administrativos, auxiliares de escritório e colaboradores de toda espécie. Mas acabam exercendo as funções próprias de um jornalista. O "auxiliar administrativo" passa a escrever textos, fazer reportagem para TV, cuidar da clipagem, editar, enviar releases, elaborar jornal interno, etc.

Não importa. São práticas abomináveis. Um amigo contou-me que uma grande instituição com sede em São Paulo (note que escrevi INSTITUIÇÃO e não EMPRESA) realiza tal sujeirada. Como pediu-me para não divulgar o nome do lugar e nem o dele, vou respeitar. Afinal, como já escrevi neste blog, o jornalista tem de saber trabalhar com o "off".

Ele tem medo de retaliações. Com razão. No mercado de trabalho atual, a parte mais fraca sempre perde no final. Mas saiba que é uma instituição grande e rica! Não posso dar mais detalhes aqui, mas se você quiser saber qual é, procure-me no e-mail ou Face Book e terei imenso prazer em falar. Infelizmente, o mundo corporativo serve sempre melhor aos empresários e administradores.

Mas os jornalistas também têm sua parcela de culpa. Fossem uma classe unida (se é que formam mesmo uma classe), jamais aceitariam tal calhordice. Nenhum jornalista deveria ocupar uma vaga na qual é registrado como auxiliar de escritório.

Além do (finado) diploma que, em tese, não serve hoje sequer para limpar o chão, os jornalistas ainda devem se sujeitar a isso? Quer dizer que nem ser registrado com o nome da profissão pela qual me formei e estudei duro na faculdade eu posso? Ridículo. Repugnante.

E por que muitos se sujeitam a isso? Porque o mercado é cruel. Se você, leitor, tem casa e família para sustentar, sabe ao que me refiro. Houvesse milhões de vagas sobrando e pipocando para o jornalista em todas as empresas, de comunicação ou não, seria bem mais fácil recusar as propostas indecentes.

Mas a situação é oposta. As vagas são escassas. O mercado é concorrido demais. Falta espaço para tanta gente. Mesmo assim, o jornalista deve valorizar seu trabalho. Ainda que aceite tal injúria, deve mostrar um ótimo serviço, ser digno da profissão e, assim que possível, sumir de tal lugar. Pedir demissão. Antes que seja demitido junto com vários colegas e setores inteiros sejam mandados embora. Aliás, essa é outra prática comum e não menos repugnante das empresas.

Conselho final. Está desesperado? Precisa muito desse emprego? Olhando pelo lado do ser humano, digo: aceite. Mas saia o quanto antes. De cabeça erguida e com dignidade. Certo de ter feito um bom trabalho. E jamais deixe que não o tratem como jornalista lá dentro. Pois isso é o que você é e o que escolheu para sua vida. Um forte abraço.

VAGA - Em tempo. Já que falamos de vagas, a TV ABCD está com vagas abertas para produtores de TV. Para mais informações, acesse o link http://www.tvabcd.com.br/noticias/2780/tv-abcd-abre-vaga-para-produtores-com-experiencia. Lá tem o endereço de e-mail para enviar os currículos. Forte abraço.

12 comentários:

  1. OI Leandro, tudo bem? O problema é que muitos jornalistas acabam aceitando porque precisam da bendita experiência ou como você mesmo falou, precisam sustentar a familia. Lembro-me de uma vez que queriam me pagar R$ 800,00(pasme!), sendo que eu estava fazendo pós graduação e já tinha 01 ano de experiência. Infelizmente, o mercado fez com que eu mudasse de área :O(.

    Fernanda Marques

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  2. Acontece com muita gente. E eu não iludo ninguém, não... Realmente, pagam pouco. Não sou nenhum idealista falando que o jornalismo é a carreira mais sensacional do mundo e isso e aquilo... Vc fez bem. E a considero corajosa por ter mudado de área! Bjo!

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  3. Concordo contigo... em tudo Lê. No meu caso não sou registrada porque o patrão não quer pagar os tributos... em prática parece que nem tenho experiência já que não tenho carteira assinada, e vou pagando o preço de uma burrice minha..

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  4. Sou jornalista, registrado, e trabalho 7 horas como assessor de imprensa (5 horas + 2 horas). Não trabalhamos no período de Carnaval (7, 8 e 9 de março), pois a empresa dispensou todo mundo. Descobri, porém, que no último holerite não pagaram as 2 horas deste período, alegando que o meu salário fixo refere-se somente às 5 horas. É correto isto?

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  5. Se vc trabalhou as 7 horas diárias, deve exigir o pagamento integral. Mas essa carga horária, de 5 horas + 2 horas, tem de estar prevista e explícita no seu contrato de trabalho. Outra coisa, vc precisa comprovar que registrou ponto nesses dias e trabalhou as 7 horas, pois nenhum acordo verbal apenas tem validade legal! Se trabalhou e tem como provar, exija. Senão, a empresa não tem obrigatoriedade de te pagar. Boa sorte!

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  6. Obrigado, Leandro!
    A carga horária de 5 + 2 está sim prevista no contrato e sempre foi registrada. Temo que isto esteja ocorrendo por muitos e muitos anos. Como devo proceder? Devo pedir uma revisão?

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  7. Acho que não entendi com clareza seu problema. Vc não tem recebido as 2 horas regularmente? É isso?

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  8. Se for isso, sim, deve pedir não só uma revisão como o pagamento correto das horas. Mas repito, tem de haver um mecanismo que comprove que vc trabalhou as sete horas por dia. Um livro ponto (tire cópia das folhas) ou ponto eletrônico (imprima os registros). Se a empresa não quiser te pagar corretamente, aívai ter de procurar a justiça do trabalho, pois vira processo trabalhista.

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  9. Recebo sim as 2 horas regularmente! A dúvida é com relação a estas 2 horas que não foram pagas nos dias de dispensas coletivas como, por exemplo, nos dias 7, 8 e 9 de março (Carnaval).

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  10. Ahhhh tah. Aí sim a empresa não está obrigada a te pagar. Pq essas duas horas são relativas a excedente de expediente. E como vc não trabalhou, então não tem direito de receber. Nesse caso, sinto informar que a empresa está certa.

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  11. Acontece que fui contratado para trabalhar 7 horas por dia, o que consta em registros, livro de ponto etc.

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  12. Sim, mas essas duas horas são consideradas extras. Por isso q vc me descreveu como 5 + 2. Mas se pelo contrato vc entende q tem direitos, procure um especialista em leis trabalhistas que acerdito que ele pode falar com mais propriedade. O que eu vivenciei no mercado foi assim. Mas se vc descobrir algo novo, aí inclusive é legal divulgar aqui no blog! ;)

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