sexta-feira, 7 de dezembro de 2012
Razão e emoção podem conviver juntas no jornalismo
Na faculdade, aprendemos que o jornalista deve sempre relatar os fatos com objetividade, isenção e precisão. Não pode, nem deve, portanto, participar ou interferir no transcorrer dos fatos. Além disso, é obrigação do jornalista conter a emoção durante a execução da pauta, mesmo diante de situações extremas como acidentes com mortos e graves feridos, catástofres da natureza ou até a final da Copa do Mundo com a Seleção Brasileira em campo.
Mas, e quando o jornalista desliga o microfone ou o gravador? Ele pode participar do evento como "agente" dos fatos? Pode se divertir, extravasar, emocionar-se, chorar, rir? Sim, desde que, no momento de transmitir a informação ao público, seja sempre isento, ético e não deixe a emoção transparecer aos consumidores de informação, sob pena de sentirem consternação, constrangimento ou mesmo causar neles perda de confiança e credibilidade.
Isso posto, conto a história de um amigo meu, repórter de uma emissora de rádio da capital paulista e corintiano fanático. Ele estava cobrindo a final da Copa Libertadores da América, no estádio do Pacaembu, em São Paulo, entre Corinthians e Boca Juniors, no meio deste ano.
Quem acompanha esporte sabe que, para os corintianos, esse era o título de mais importância a ser conquistado na história centenária do clube. Disse esse amigo, cujo nome não citarei para preservá-lo, que, após a marcação do segundo gol do Timão, que venceu a partida por 2 a 0, aconteceu um dos maiores desafios de sua carreira.
Quem ouve as transmissões esportivas no rádio sabe que, após a marcação de um gol ou de um lance de perigo, o repórter de campo, que fica atrás da baliza, informa o detalhe do acontecido. No caso da competição sul-americana, os repórteres não podem ficar no campo e meu amigo estava na cabine de transmissão.
Pois bem, coube a ele a responsabilidade de informar, com isenção e precisão, o detalhe do segundo gol de seu time do coração, que daria ao alvinegro paulistano o maior título de sua história. Meu amigo fez isso de forma brilhante. Mas, logo após a informação do gol, explodiu. "Tinha muita gente na cabine e, após o gol, todos vieram pra cima de mim e me empurravam feito doidos. Não aguentei. Depois de informar, gritei feito criança", disse.
Às vezes, a pressão sobre nossos ombros é tão grande que cedemos e nos emocionamos. Não durante a transmissão ou captação a informação, mas sim imediatamente após fazermos nosso trabalho da maneira mais isenta possível. É um peso que sai dos ombros. Você desmonta, mostra que também é humano e partilha dos sentimentos alheios, envolve-se, chora, ri, grita, desabafa.
Imediatamente após desligar a câmera, o gravador ou o microfone, é bastante comum o jornalista, ainda no local dos fatos, deixar que suas emoções humanas transbordem. Por isso, digo que a emoção e a razão podem conviver juntas e em paz no jornalismo. Desde que uma não destrua nem atrapalhe a outra. Um forte abraço.
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Oi, Leandro.
ResponderExcluirEsse sempre foi o meu maior desafio como jornalista. Eu me envolvo demais. Claro que na hora do trabalho a gente tenta manter tudo profissionalmente, mas depois...
Minha primeira matéria, como estagiária ainda, foi ir verificar um prédio abandonado em Santos, que foi invadido por moradores de rua. Fui até lá, fiz a matéria e fiquei encantada com as pessoas. Acabei fazendo campanha pra arrecadar coisas que eles precisavam... Apesar de a invasão ser ilegal.
Num outro caso fui fazer uma matéria sobre um sopão. Matéria pronta e eu acabei trabalhando lá como voluntária por mais de 2 anos.
Mas no meu caso era para impresso. Então fica mais fácil 'disfarçar' as emoções.
Mas eu me envolvo... Fico amiga das fontes... Uma desgraça!Rs
Abraços
Bartira (da Romantize)
Não é desgraça, não Bartira, imagina... hehehe. Isso só mostra o seu lado humano, o quão boa pessoa você é. O importante é apenas tomar cuidado e dosar as coisas no momento em que estiver trabalhando. A isenção é fundamental no jornalismo. Um gde abraço.
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