quinta-feira, 21 de junho de 2012

O "Q.I. do Bem", o "Q.I. do Mal", e o poder dos influentes nos processos seletivos do jornalismo


Como o prometido, hoje vou falar sobre os "Q.I.s" nos processos seletivos do jornalismo. Em nosso jargão, a sigla significa "Quem Indica". Ou seja, serve para nos referirmos às pessoas que conseguem uma vaga no mercado de trabalho por indicação de amigos, parentes ou pessoas influentes. Hoje em dia, só o currículo não é o bastante para contratar um profissional para determinada vaga. Ser bem relacionado é fundamental.

A mazela existe em todas as áreas de todas as empresas. Algumas com maior, outras com menor frequência. O "Q.I. do Bem" é a indicação que considero positiva. É a indicação a uma vaga de trabalho por mérito. Por exemplo, suponha que eu seja funcionário de uma grande empresa de comunicação. E tenha um amigo confiável, bom caráter, ético, com perfil agregador e que, acima de tudo, seja competente. É mais do que justo e saudável que o indique para uma vaga. Por suas virtudes pessoais e pelos seus méritos profissionais.

O "Q.I. do Mal" é o oposto. E acontece bastante. Suponhamos que eu, empregado na tal empresa de comunicação, tenha um amigo (ou irmão, ou parente, ou namorada, esposa, ficante, etc.) que está desempregado e precisa trabalhar. Ou então que exista uma vaga no local que remunere bem.

A indicação maligna e cancerígena acontece quando indico essas pessoas para o emprego apenas porque fazem parte do meu círculo social próximo (isso inclui até amigos de balada, que se embebedam nas noites). Normalmente, não têm talento ou competência para assumir a função.

O "Q.I. do Mal" é ruim para todos. Primeiro, porque prejudica o indicador, já que, em pouco tempo, vão constatar que a pessoa indicada não tem nenhuma aptidão para ocupar o cargo, o que traz prejuízo para as empresas da iniciativa privada.

Depois, prejudica o indicado, já que ele fatalmente será demitido por não desempenhar bem sua função e, talvez, seja "queimado" no mercado de trabalho. A exceção é quando a indicação acontece nos órgãos públicos, para cargos comissionados. No funcionalismo público não existe concorrência como acontece no setor privado. Logo, não há cobrança por resultados.

Assim, o indicado no funcionalismo público pode entrar e se manter no cargo sem ter competência para isso, uma vez que não será demitido por não saber executar suas tarefas (a menos que traia seu indicador ou o partido para o qual trabalha).

Nesse bolo, além de amigos, parentes e parceiros sexuais, podem estar filhos de artistas e de gente famosa, bem como pessoas influentes. É comum vermos políticos ou filhos e parentes de políticos conseguirem vaga em emissoras de televisão, por exemplo, ou então filhos de atores e cantores famosos. Esta faixa também reserva uma fatia para quem usa o corpo para se promover, como as mulheres frutas, panicats, etc.

Essas pessoas não provam seu valor em processos seletivos. E mesmo que um dia participem deles, já estarão pré-selecionadas, enquanto você, cidadão honesto que estuda e batalha, é simplesmente deixado de lado em detrimento dessa escória midiática. Prova disso é a péssima qualidade da programação da TV aberta.

Amanhã volto para falar sobre a lendária dinâmica de grupo nos processos de seleção no jornalismo. Um forte abraço.

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3 comentários:

  1. Seu texto está ótimo. Concordo muito que o Q.I. do mal é um câncer que nos afeta. No final, é de se pensar se estamos na profissão errada ou no círculo de amigos errado.

    Parabéns! E volte logo dessas férias rsrsrs.

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  2. Parabéns pelo texto ! Infelizmente o mundo corporativo não é legal por assim dizer ! Me ponho como exemplo, mais de 20 anos no ramo financeiro e depois de perder o emprego para jovens que ganham salário 60% menor do que eu ganhava, não consegui mais nenhuma colocação a altura do meu conhecimento adquirido nestes anos todos. Fui vítima do Q.I do mal por várias vezes. Hoje trabalho como auxiliar ganhando apenas 30% do ganhava.

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  3. Oi Leandro. Adorei seus textos. Descobri seu blog pela simpática Luciane Bruno que me deu um cartão seu e falou do programa e do blog. Parabéns pelo trabalho. E espero um dia ir assistir um programa ao vivo no estúdio. Abraços. Parabéns a toda a equipe.
    Alejandro Almeida

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