segunda-feira, 18 de junho de 2012

O mistério dos processos seletivos no jornalismo



O caminho primário para que um estudante universitário consiga o primeiro emprego em qualquer área ou carreira é o envio de currículos e a participação em entrevistas e processos seletivos. Assim também é no jornalismo. Porém, nem sempre os processos são lisos, corretos e transparentes.

Infelizmente, aqui no Brasil, a picaretagem e a malandragem são situações endêmicas e fazem parte do cotidiano de muitas pessoas. O famoso jeitinho brasileiro predomina em vários setores de nossa vida. Não me canso de dizer que o Brasil, se fosse um país sério, já estaria tranquilamente entre as cinco maiores economias do planeta.

Mas não é assim que funciona. Claro, existem empresas e empresas. E muitas são sérias, corretas e premiam o mérito. Outras, se deixam influenciar por questões pessoais e não apenas profissionais. No jornalismo, isso fica mais evidente, pois acontece com muita frequência.

Há um tempo, quando tinha acabado de me formar, prestei um processo seletivo para trainee na TV Bandeirantes (Band). Isso deve fazer uns quatro anos, mas lembro-me como se fosse hoje. Tinha uma prova escrita, uma dinâmica de grupo e, por fim, a conversa com o gestor da área pretendida.

Cheguei até a última etapa. O então gestor de esportes (área que eu queria) era Carlos Gomes, popular CG, hoje diretor de esportes se não me engano. Na entrevista, esse cidadão sequer olhou na minha cara, fez só uma ou duas perguntas e praticamente não falou comigo. Não posso afirmar, pois não tenho provas nem estou dentro da consciência das pessoas, mas, pelo modo como as coisas aconteceram, parece que já havia alguém indicado para o cargo.

Senti-me mal e enojado com tal situação em uma grande emissora de TV aberta. Em outra oportunidade, eu e alguns amigos fizemos uma prova para um processo seletivo na Fundação Padre Anchieta ou, se preferir, TV Cultura. Esse foi bem recente, em 2010.

Também havia prova escrita e, em seguida, seríamos convocados para conversar com o gestor da área. Eu e mais alguns amigos recebemos uma ligação, antes do Carnaval de 2011, na qual a moça do RH dizia que tínhamos sido selecionados para conversar com o gestor da área, mas que ainda não havia uma data para isso.

Mais de um ano se passou e nunca mais recebemos um sinal de fumaça sequer. Não sei se fizeram isso apenas para dar ou não uma satisfação, mas o fato é que os candidatos ficaram esperando eternamente. Outro dia, por curiosidade, entrei no site da TV Cultura para ver se havia alguma novidade e, para a minha surpresa, as vagas a que estávamos concorrendo foram todas preenchidas. E nunca falamos com o tal gestor.

Isso é muito comum, infelizmente. Tem muita gente influente que não sabe fazer nada e ocupa o lugar de quem quer trabalhar com correção, ética e dignidade. Um jornalista famoso, que trabalhou na TV Cultura recentemente, disse-me que lá a diretoria é muito "panelinha" e que seus membros são retrógrados. Além disso, enquanto esses diretores estiverem lá, a coisa nunca vai andar bem e, por isso, a Cultura caiu tanto em qualidade e produtividade. Palavras dele.

Pelo visto, parecem fazer sentido. Nossas vagas são frequentemente ocupadas por gente influente, filhos de artistas, apadrinhados políticos, etc. Uma pena. Mas sobre isso, sobre o famoso Q.I. (quem indica, na nossa linguagem) e sobre as lendárias dinâmicas de grupo, vou falar na quinta-feira, no post sobre a segunda parte dos misteriosos e obscuros processos seletivos. Um forte abraço.

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