segunda-feira, 5 de setembro de 2011
O jornalista crítico: fuja das armadilhas
Hoje está mais raro, mas alguns grandes veículos de comunicação ainda mantêm em seu quadro de funcionários o jornalista crítico. É a pessoa que vai dar opinião sobre a comida de um restaurante, a hospedagem em um hotel, avaliar o desempenho de um carro e relatar aspectos de um filme ou uma peça de teatro.
A imagem da pessoa que era temida em diversos locais perdeu força. Hoje, os críticos vão a muitos lugares a convite dos próprios estabelecimentos. O mais correto, nesses casos, é que o jornalista seja pago apenas pelo veículo para o qual trabalha e, com isso, possa fazer uma análise isenta e não-tendenciosa dos objetos avaliados.
O que acontece é que, muitas vezes, os hotéis convidam os jornalistas para as estadias, os restaurantes convidam para jantares, os teatros e cinemas enviam ingressos grátis para filmes e peças e as montadoras mandam brindes para carros.
Não é prudente que o jornalista aceite. Ou, se aceitar, que isso fique bem claro na reportagem, para que o público possa fazer um julgamento adequado do que está lendo, ouvindo ou vendo. O aceite de brindes macula a credibilidade jornalística. No mínimo, abre espaço para um questionamento: será que o profissional escreveu uma crítica positiva por que gostou mesmo ou por que foi agraciado com um brinde?
É uma linha muito tênue. O fato é que os veículos também acabam aceitando esse tipo de prática para reduzir os custos. O que compromete a crítica. Tudo deve ficar muito claro para o público. Inclusive, se a reportagem for paga. É claro que esse tipo de texto não tem o mesmo peso nem a credibilidade de um relato isento. Mas deve sempre estar explícito para o leitor, ouvinte ou telespectador o que foi feito ali.
E muitas vezes não está. O relato pago vem disfarçado de notícia quando, na verdade, é publicidade. Por isso, amigo leitor, fuja das armadilhas. Leia as críticas prestando atenção aos detalhes. Se for o caso, ligue para a redação do veículo e tente falar com o repórter que escreveu a matéria. É obrigação dele esclarecê-lo em todos os aspectos. E você, amigo jornalista, também fuja das armações. Não aceite presentes que possam colocar sua reputação em risco. Um forte abraço.
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