sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Jornalista não pode ter medo de dizer o que pensa



Hoje recebi um elogio da amiga e colega de profissão Angely Maíra Biffi, assessora de imprensa. Ela fez menção, em seu perfil no Facebook, a um post que escrevi aqui no blog, no qual "desglamourizei" a carreira no jornalismo.

Angely disse que passei ao público o que realmente acontece no mercado de forma clara e verdadeira. Em nossa conversa, disse a ela que um jornalista não pode ter medo de dizer o que pensa. Muita gente não fala sobre a própria profissão por medo de "se queimar" no meio.

Mas todos os profissionais, não só jornalistas, deveriam refletir sempre sobre seus afazeres diários. Ainda mais quando se trabalha essencialmente com o intelecto. No jornalismo, isso é ainda mais marcante, pois nossa "classe" (inexistente) sempre clama pela liberdade de expressão. Então, que façam bom uso dela.

Nas entrevistas que fiz aqui, pouca gente admitiu que já foi traído ou sofreu puxão de tapete no meio jornalístico e midiático. E isso é o que mais tem. Na pergunta, eu não pedia, obviamente, para que o colega citasse a empresa em que isso ocorreu ou a pessoa que o sacaneou. Pedia apenas, que passasse a você, amigo leitor, como as relações profissionais e pessoais são mais complicadas do que podemos imaginar.

Ainda assim, muita gente tem receio de falar. Dizem que, quando um jornalista entra em uma sala, o outro sai, porque seus egos ocupam todo o espaço. Para alguns, é assim que funciona. E em virtude disso, puxam o tapete do colega de empresa ou profissão.

Não acontece só no jornalismo. Mas, na comunicação, de modo geral, as paredes têm ouvidos. Muita gente toma conta da vida alheia e tenta usar o conteúdo que escutou em proveito próprio. Logo, qualquer coisa que dizem a seu respeito acaba chegando aos seus tímpanos. Inclusive as maracutaias e as puxadas no surrado tapete.

Confesso que às vezes vejo certo exagero no Jorge Kajuru (foto que abre o post), notadamente conhecido por dizer o que pensa no ar ou fora dele. Escreveu até um livro, "Condenado a Falar", no qual não usa meias palavras. Pelo menos, fala o que pensa. Até quando não perguntam. Aí está o erro. Não acredito que o jornalista deva sair berrando aos quatro ventos tudo o que lhe acontece gratuitamente. Mas, se me perguntarem algo, responderei verdadeiramente, sem rodeios e sem média.


Sim, para trabalhar hoje em bons lugares é necessária uma boa indicação, um amigo influente, um networking qualificado. Para quem é filho de político, diretor de veículo de comunicação ou gente famosa (artistas), nada disso se aplica. Basta estalar os dedos que conseguem emprego. E para quem mostra a bunda ou sai com o diretor, aí é só estalar outra coisa que também já está garantido em um bom cargo.

Não há problema nenhum em admitir isso. É a verdade. É o que mais acontece em nosso meio. Meu dever enquanto jornalista, comunicador, apresentador de TV e blogueiro é passar a vocÊ leitor, hoje e sempre, a realidade do que vivencio. Isso pode ajudá-lo a escolher melhor sua carreira. Ou entrar nela sabendo desde cedo o que vai encarar e com o que vai concorrer. Um forte abraço.

Um comentário:

  1. Briga-se muito pela liberdade de expressão, mas mesmo assim, alguns jornalistas, que fazem uso dessa prática, são condenados por falarem demais e criarem desavenças com famosos, num mundo onde a famosa "média" é vigente e tudo acontece por baixo dos panos. Lamentável.
    Muito bom texto!

    ResponderExcluir