sexta-feira, 6 de maio de 2011

Blog entrevista jornalista Sylvio Montenegro




Com 28 anos de carreira, ele é jornalista formado e diplomado pela Metodista, em 1989. Tem pós-graduação em Comunicação e Marketing pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero. Foi, até pouco tempo, repórter esportivo da TV Gazeta e, hoje, é assessor de imprensa da Procuradoria Geral do Estado de São Paulo.

"Ferino, mas doce", como ele mesmo se intitula, Sylvio Montenegro acredita que a faculdade NÃO prepara bem o jornalista para o mercado. E ainda aconselha os que não conseguem conciliar família com a profissão a fazer terapia. Sincero e contundente, o assessor de imprensa foi um dos entrevistados deste blog que melhor concatenou as ideias por escrito. Resultado de seu estudo e inteligência. Uma leitura obrigatória para quem pretende iniciar na carreira jornalística. Acompanhe o bate-papo.

Leandro Martins - O que achou do curso de graduação quando estudou jornalismo?
Sylvio Montenegro - A passagem pela Universidade foi uma experiência muito boa em todos os sentidos. Na questão acadêmica específica, deixou a desejar, mas não foi tão ruim assim. À época, a Metodista era considerada uma das duas melhores faculdades de comunicação do Brasil ao lado da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP.

LM - Você acredita que a faculdade prepara bem uma pessoa para o mercado de trabalho?
SM - Não. Não prepara bem não, mas tem melhorado a olhos vistos e sempre é um início de caminho. Nesse caso, um início bastante desejável.

LM - Em quais empresas de mídia já trabalhou?
SM - Rádio Manchete do Recife, Rádio Globo do Recife, Diário do Grande ABC, Folha de S. Paulo, Rede Gazeta de Televisão, Rádio Gazeta, Rádio Trianon, Terra TV (Portal Terra), entre outros...

LM - Como é sua rotina hoje?
SM - Hoje sou assessor de imprensa da Procuradoria Geral do Estado de São Paulo, com o horário característico da profissão (24 horas plugado em celulares, rádio-comunicadores, computadores) e, in loco, durante todo o dia.

LM - Ainda está no esporte?
SM - Neste momento só comento um pouco de esportes no meu blog pessoal (não jornalístico): "Ferino, Mas Doce!!!" (http://ferinomasdoce.blogspot.com/), mas continuo bem antenado no meio.

LM - Alguns jornalistas tornam-se amigos de fontes pela convivência. Você acredita que o jornalista ser amigo da fonte ajuda ou atrapalha o trabalho?
SM - Olha... Acredito que não exista "receita de bolo" para coisa nenhuma nesta vida. O jornalista pode ter vários amigos no seu círculo de fontes e ser um profissional extremamente correto e íntegro. E pode não conhecer absolutamente ninguém intimamente e não ter essas qualidades. Nesse quesito, eu diria, o jornalista deve ser honesto (como se isso não fosse obrigação de qualquer cidadão... hehehe).



HOJE, SYLVIO É ASSESSOR DE IMPRENSA
DA PROCURADORIA GERAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

LM - Você já se sentiu alvo de perseguição no meio? Ou já fizeram alguma "sacanagem" com vc? Sentiu-se traído?
SM - Não. Pelo contrário. Sempre tive ótimos colegas e ambientes de trabalho, tanto nas redações por onde passei, quanto nas coberturas que participei.

LM - Você já cobriu Copa do Mundo ou Olimpíada? É muito trabalhoso?
SM - Infelizmente não tive oportunidade de cobrir nenhum desses eventos no local de suas realizações, apenas fazendo a cobertura daqui do Brasil mesmo. Mas posso dizer que, em época desses eventos, não tem quem trabalhe pouco nas Editorias de Esportes. Nem quem vai, nem quem fica.

LM - Como vê a guerra pela transmissão do futebol brasileiro em 2012? Acha certo um regime monopolista?
SM - Isso é briga de cachorro grande. Tem muito interesse por todos os lados. O que eu diria, como jornalista é que quanto mais gente estiver fazendo, mais espaço de trabalho haverá para todos e mais opções para os telespectadores que já não aguentam mais as mesmas ladainhas televisivas.

LM - Para os estudantes de jornalismo ou jornalistas recém-formados que pensam que o jornalismo é só televisão, o que tem a dizer? E o que falaria para aqueles que pensam que não vão trabalhar muito e nem aos finais de semana?
SM - Quem acha que o jornalismo é só televisão é bom acordar para a vida, uma vez que a televisão, apesar de ser o mais massificante dos meios de comunicações, está cada dia mais longe de ser "a" opção de trabalho e de informações e entretenimentos. Já quanto a não trabalhar muito e nem nos finais de semana... só me vem uma expressão muito usada ultimamente na internet: "Aham...".

LM - O que gostaria de fazer na carreira e ainda não conseguiu realizar?
SM - A cobertura da Copa no Brasil será um grande sonho.

LM - Você acha que um jornalista esportivo deve assumir seu time de coração?
SM - Mais uma vez digo que não existe "receita de bolo" para nada. Eu sempre assumi, modéstia à parte, minha "santissidade". Nunca tive nenhum problema por isso. Pelo contrário. Mesmo em meio a coberturas difíceis com várias torcidas organizadas (Gaviões, Mancha, Independente, Jovem, Leões) sempre fui muito respeitado exatamente por responder claramente quando essa pergunta era feita, mesmo em jogos desses clubes contra o Santos. Acredito que, ao me declarar, o leitor, ouvinte, telespectador, internauta ficam com uma informação a mais. Jornalista tem que dizer a verdade. Mas quem não declara está no seu direito também.

LM - Quem são os jornalistas e/ou profissionais da comunicação que mais admira?
SM - Aí fica difícil. Depois de tantos anos na profissão, com tantos amigos e colegas excepcionais... Vou citar um que talvez nem saiba de sua importância para mim, já que não nos falamos há décadas: Márcio Calafiori. Quando fui trabalhar no Diário do Grande ABC, foi ele quem me colocou no caminho do texto jornalístico. Não esqueço nunca disso. Se não me engano, hoje ele está professor em Santos.




JORNALISTA MÁRCIO CALAFIORI
AJUDOU SYLVIO NO ÍNICIO DE CARREIRA

LM - Tem alguma história curiosa ou engraçada da profissão?
SM - Uma entrevista com o médico do Santos, Dr. Braga... Havia um jogador do Peixe que estava contundido para um jogo que iria acontecer e todo mundo em cima dele querendo saber se o cara ia jogar ou não. O Dr. Braga, uma pessoa muito legal e profissional, se enrolou todo com os números e as probabilidades. "Olha... De zero a dez eu diria que ele tem 85% de chance de jogar". Paramos a entrevista algumas vezes para mostrar a ele que de "zero a dez" não existia "85"... Aí ele mudava dizendo que "em termos percentuais, já que é isso que vocês querem, ele tem um número oito de chances". A entrevista ficou hilária. A minha foi para o ar na íntegra e o estúdio inteiro ria muito.

LM - É possível conciliar família e trabalho? Tem filhos?
SM - Para quem não consegue conciliar família e trabalho eu aconselho terapia. E vale para descanso... Diversão... Aprendizado... Espiritualidade... Dá tempo para tudo. Sou divorciado. Tenho dois filhos. Um de 23 anos, que estuda Direito no Largo de São Francisco, e outro de cinco anos, que acaba de entrar no primeiro ano do Ensino Fundamental. Os dois são santistas. Agradeço ao Giovanni e ao Edinho pelo mais velho e, pelo mais novo, ao Neymar e ao PH Ganso, apesar de achar que o Ganso está mais para ser afogado ultimamente.

LM - Deixe uma mensagem para quem pensa em seguir carreira, principalmente no jornalismo esportivo.
SM - Seja persistente. Não desista. Corra atrás dos seus sonhos. O máximo que pode acontecer é você não conseguir. Fracasso é nem tentar.

LM - Algo mais que gostaria de destacar?
SM - Gostaria de agradecer aos colegas e amigos que sempre me trataram de forma respeitosa e, mais que isso, carinhosa. Ah... Agradeço ao Charles Miller também (inglês que trouxe o futebol para o Brasil).

Para quem quiser seguir os passos do jornalista, pode acessar seu blog http://ferinomasdoce.blogspot.com/. Também é possível segui-lo no Twitter: @ferinomasdoce. Quero aproveitar para agradecer ao Sylvio, de coração.

Um cara estudado, inteligente e humilde, que, apesar de ter 28 anos de carreira contra apenas sete meus, sempre conversou comigo com simplicidade e me tratou de igual para igual. Mais do que um colega de profissão, passo a considerá-lo uma pessoa mais próxima, altamente atenciosa e de fino trato. Um forte abraço.

3 comentários:

  1. Querido Leandro, agradeço suas palavras de carinho além da atenção comigo. Também fiquei muito feliz de você ter conseguido uma foto desse grande jornalista e amigo Márcio Calafiori. GRande abraço.

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  2. Acompanhava seu trabalho constantemente na época de gazeta esportiva. Espero que alcance seus sonhos e objetivos.
    Eduardo-São Paulino

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  3. Obrigado pelo carinho e atenção Eduardo. Grande abraço.

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