O JORNALISTA FERNANDO VANNUCCI
E A ESPOSA, ALESSANDRA TERRA
Ele já cobriu seis Copas do Mundo, seis edições das Olimpíadas e uma das Paraolimpíadas. Tem 39 anos de carreira na televisão e coleciona algumas situações inusitadas nos veículos de comunicação. Hoje, após a Sexta-feira da Paixão e o feriado de Páscoa (quando este blog não foi atualizado), o entrevistado da vez é o ex-global e atual Rede TV!, Fernando Vannucci.
O jornalista, que também é formado em Direito pela UNIUBE (Uberaba-MG, sua terra natal), fala das polêmicas que envolveram sua saída da TV Globo e explica a curiosa noite em que ficou "fora do ar" na Rede TV!, por misturar medicamentos com vinho. Casado e pai de três filhos, Vannucci hoje curte mais a carreira e a vida. Acompanhe a entrevista.
Leandro Martins - Você acredita que a faculdade prepara bem uma pessoa para o mercado de trabalho?
Fernando Vannucci - No caso de jornalista, não acredito que a faculdade seja primordial. É importante, claro, mas quem tem talento para tal, já nasce com ele. Escrever bem é cortar palavras, já dizia Carlos Drummond de Andrade.
LM - Em quais empresas de mídia já trabalhou?
FV - Comecei a trabalhar em jornal, em Uberaba. Era o "Lavoura e Comércio", que não existe mais. Depois, fui para o rádio, trabalhar na Rádio Sociedade e Rádio Sete Colinas (ambas de Uberaba). Mais tarde fui para a Rádio Inconfidência de Belo Horizonte. A seguir surgiu a TV em minha vida: TV Globo-MG. Na sequência, fui para o Rio, para a Rede Globo. Só na Globo fiquei 26 anos. Vindo para São Paulo, trabalhei na Traffic que havia arrendado o esporte da TV Bandeirantes. Depois, Record (apenas por 6 meses para cumprir o contrato com a Traffic). Finalizado o contrato, fui chamado por José Emílio Ambrósio para assumir o esporte da Rede TV! onde estou até hoje.
LM - Como é sua rotina hoje?
FV - Não tenho horário fixo, apresento o Bola na Rede no final da noite de domingo, gravo as chamadas do esporte e os offs de todos os programas da emissora.
LM - O que já fez fora do esporte?
FV - Fora do trabalho, estou escrevendo um livro de memórias junto com um amigo, também jornalista.
LM - Já foi setorista de um clube? Como é essa experiência?
FV - Fui setorista do Cruzeiro em BH, quando trabalhava na Rádio Inconfidência. Era a época de ouro do Cruzeiro que tinha Tostão, Piazza, Raul, Dirceu Lopes, Zé Carlos, Palhinha, etc. Foi um aprendizado.
LM - Alguns jornalistas tornam-se amigos de fontes pela convivência. Para você, o jornalista deve ser amigo da fonte?
FV - Acho que sim. Tenho vários amigos que me passam notícias de primeira. Mas prefiro não citar nomes.
LM - Você já foi alvo de algumas polêmicas conhecidas. A primeira, quando saiu da TV Globo, após o caso de ter comido a bolacha no ar. Quer dar sua versão do caso?
FV - Foi um lapso coletivo, meu, do diretor de TV, da minha colega de trabalho na época. Mas este não foi o motivo de minha saída da Globo. O meu amigo J. Hawilla da Traffic já vinha insistindo há meses para eu fazer parte do projeto Band. Aceitei e vim para São Paulo, cidade que me acolheu com muito carinho. Sou feliz!
LM - Você já se sentiu alvo de perseguição? Ou já fizeram alguma "sacanagem" com você? Sentiu-se traído?
FV - Infelizmente em todos os meios, em todas as profissões existem essas coisas. Mas, repito: Sou feliz!
LM - O que aconteceu exatamente no episódio da Rede TV! após a final da Copa de 2010, quando muitos o acusaram de estar embriagado? Você estava tomando remédio? Quer dar sua versão do caso?
FV - Não é versão. É a verdade: tenho problemas cardíacos (já fiz duas cirurgias no coração) e a mistura de vinho com remédios me deixou fora de mim. Infelizmente aconteceu, mas faz parte do passado.
LM - Como é cobrir um grande evento como a Copa do Mundo e as Olimpíadas? Dorme-se pouco e trabalha-se muito?
FV - Já cobri 6 Copas e 6 Olimpíadas. É a realização maior de um jornalista esportivo. Claro, trabalha-se muito, mas o prazer supera tudo.
LM - Como vê a guerra pela transmissão do futebol brasileiro em 2012? A Rede TV! vai transmitir o Brasileirão 2012?
FV - Se a Rede TV! vai transmitir ainda não sei, mas ela merece pois foi a única que dentro da legalidade apresentou uma proposta concreta. Vamos ver! Tomara que sim. Gosto muito da Rede TV! e quero vê-la crescendo sempre. É a mais nova das emissoras e já está incomodando muita gente.
LM - Para os estudantes de jornalismo ou jornalistas recém-formados que pensam que o jornalismo é só televisão, o que tem a dizer?
FV - Claro que jornalismo não é só TV. Isso é ilusão da meninada. É um trabalho penoso que requer muita dedicação.
LM - Que sonhos profissionais ainda alimenta?
FV - Meu sonho é ter um programa de entrevistas, mesmo que seja semanal.
LM - Você acha que um jornalista esportivo deve assumir seu time de coração?
FV - Não vejo nada de errado um jornalista assumir seu clube de coração. O que não é admissível é distorcer os fatos por causa disso.
PARA VANNUCCI, ARMANDO NOGUEIRA FOI SEU MESTRE
LM - Quem são os jornalistas e/ou profissionais da comunicação que mais admira?
FV - Vários da atual geração. É melhor não citar nomes pois é muita gente. Mas meus mestres foram Armando Nogueira e Pedro Luiz, um dos maiores narradores que o rádio já teve e que foi meu diretor na época da Globo.
LM - Tem alguma história curiosa ou engraçada da profissão?
FV - Os tropeços naturais de uma televisão ao vivo, são sempre traiçoeiros, mas engraçados. Tive vários. Quando estreei no Jornal Nacional, a emoção era tanta que misturei tudo. Era tudo ao vivo. Pensei até que seria punido, Mas fui compreendido na época e hoje dou risadas sobre a situação.
LM - É possível conciliar família e trabalho? Como suportar as viagens?
FV - Hoje já não viajo tanto. Mas esse é um dos problemas da profissão. A distância da família. Mas nada que seja insuportável. (Vannucci tem três filhos: um cirurgião torácico, um jornalista e uma que cursa Psicologia)
LM - Deixe uma mensagem para quem pensa em seguir carreira, principalmente no jornalismo esportivo.
FV - Estude muito, leia muito, e tente escrever as suas idéias. Não é uma profissão fácil como muita gente pensa. Além do mercado de trabalho, que hoje está muito pequeno para a quantidade de jornalistas que as faculdades despejam a cada seis meses. Trabalho e atenção, além da busca permanente da verdade, sempre ouvindo os dois lados. Nunca um lado só. Ser jornalista requer muita dedicação!
Quem quiser, pode seguir o jornalista no Twitter @FerVannucci. "Alô, você!" Um forte abraço.