segunda-feira, 13 de maio de 2013

Minha trajetória no jornalismo



Um amigo meu que cursa o terceiro ano da faculdade de joprnalismo, Carlos Henrique Dias, botafoguense fanático, entrou em contato comigo e pediu-me uma ajuda. Ele precisava fazer por escrito o perfil de um jornalista para determinada disciplina acadêmica. Perguntou se poderia fazer o meu. Honrosamente aceitei e, para auxiliá-lo, decidi escrever minha trajetória profissional. Para aproveitar o material, resolvi publicar o texto aqui.

Alguns casais dizem que seus pares foram feitos um para o outro, como verdadeiras almas gêmeas. Pois bem, eu acredito que fui feito para o jornalismo, e o jornalismo, para mim. Desde meus oito, nove anos, já sonhava em ser jornalista. Gostava de observar a reação das pessoas diante de alguma novidade (que ouvia no imediatismo do rádio e ia contar para meus pais e irmãos). Quando ouvia algo no bairro, uma notícia "original", ficava inflado para contar à minha família, amigos e parentes.

Ainda nesta época, adorava ler gibis e os quadrinhos que vinham no caderno Cultura & Lazer, do Diário do Grande ABC, jornal impresso da região que meu pai sempre comprava aos domingos. Aproveitei o modelo e meus "conhecimentos jornalísticos" de menino para, aos dez anos, fazer um jornalzinho de bairro, em folha sulfite e com um monte de desenhos. Coisa de criança, claro. O trabalho mais tosca que já vi na vida. Mas faz parte de nossa evolução não é?

Com 12 anos, comecei a ter um contato mais estreito com o futebol. Minha família sempre acompanhou o esporte mais popular do Brasil e eu não era diferente. Como naquela época (1992) não havia internet nem TV por assinatura e as emissoras não podiam transmitir os jogos na capital paulista diretamente nos canais abertos, eu acompanhava as pelejas pelo rádio (aliás, até hoje, muito mais emocionantes do que pela TV).

Ouvia as partidas pela Rádio Globo São Paulo (1.100 khz AM), com o gênio Osmar Santos, seu irmão Oscar Ulisses, Luiz Roberto de Múcio, hoje na TV Globo, Paulo Soares, hoje na ESPN, Vanderlei Ribeiro (todos locutores). E um timaço de repórteres como Osmar Garraffa, hoje na TV Gazeta, Carlos Lima, hoje na ESPN, Romeu César, José Khalil, hoje na Rádio Transamérica. No comentário, Paulo Roberto Martins, também hoje na Transamérica e o saudoso Luiz Augusto Maltoni. No plantão, Silvio Filho (irmão do locutor Alexandre Santos) e Domingos Machado.


Esse time espetacular me fez ter a certeza de que queria ser jornalista, principalmente para me dedicar ao esporte. Com mais ou menos 13 anos, fiz um jornal mural para a escola onde estudava, no qual noticiava também os resultados do cameponato interno de futebol, do qual eu participava. Os donos da escola gostaram e depois eles mesmos passaram a fazer, neste modelo, o jornalzinho oficial da instituição.

Após me formar no Ensino Médio, no Colégio Singular, em Santo André, prestei vestibular para jornalismo em apenas duas universidades. ECA-USP e Unesp, ambas públicas. Passei nas duas e escolhi ficar em São Paulo, na Escola de Comunicações e Artes - USP (a Unesp era no interior). Foi o maior erro da minha vida até hoje, do qual me arrependo profundamente.

A verba para a universidade de ciências humanas ou era pouca ou desaparecia. Os prédios eram velhos e cheios de insetos (nem sei se faziam dedetização). As aulas, essencialmente teóricas. Parte prática mesmo quase nula. Estúdios de rádio e TV retrógrados, quase sempre quebrados e quando havia uma máquina fotográfica para as pautas de impresso, era um milagre.

Aguentei dois anos e meio e tomei uma decisão radical. Pedi transferência para a Metodista. Mais perto de casa, com ótimos laboratórios de aula prática e a possibilidade de poder me aperfeiçoar para o mercado de trabalho com bons equipamentos. "Maluco" foi o adjetivo mais leve que ouvi de meu pai. Estudar na ECA foi uma decepção. Você estuda, se esforça para passar num vestibular hiper concorrido e a qualidade de uma universidade com o nome da USP era lamentável (ao menos, à época).


Saí de lá muito triste. Por isso, sempre digo aos estudantes de Ensino Médio em palestras e encontros de informação profissional que o nome da universidade não significa nada. Para que um estudante de qualquer área consiga boas colocações no mercado de trabalho, é preciso que 50% venham da universidade (bons professores, estrutura adequada para ensino, bons laboratórios, etc) e 50% venham dos alunos (que não tenham preguiça, sejam esforçados, leiam bastante, etc).

Pois bem. Como a Metodista tinha uma grade muito diferente da USP, tive de recomeçar a faculdade do zero. Ou seja, fiz seis anos e meio de graduação. Durante meu tempo de aluno, estagiei na Rádio ABC. Mas fiquei apenas duas semanas.

Não gostei do trabalho. Apenas lia algumas notícias no jornal da manhã e da tarde, por telefone, sendo que estávamos no estúdio. Uma farsa. Não íamos nem fazer reportagem nas ruas, sendo que o dever do repórter é investigar, entrevistar as pessoas olho no olho. A maioria das intervenções eram feitas por telefone, no estúdio. Desencantei-me e pedi para sair. Fui para o núcleo de televisão da Metodista, onde ganhava meia bolsa.

Pelo menos, sabia que, em televisão, como é preciso apoiar-se em imagens, não havia outra alternativa senão fazer entrevistas e reportagens nos locais onde as notícias acontecem. Fiz algumas matérias para o jornal local e também passei a apresentar um programa de entrevistas chamado Tema Livre. Descobri minha veia de apresentador.

Na época, acabei me inscrevendo também para ser voluntário do Canal ABC 3 (um canal local aqui do ABC, hoje chamado NET Cidade) para integrar a equipe do programa Lente Esportiva. Fiz algumas reportagens e acabei depois apresentado o programa por quase dois anos, substituindo a então revelação que comandava a atração, Paulo Andrade, que tinha passado pelo SBT e hoje é narrador nos canais ESPN.


Conquistamos a maior audiência da casa. Simultaneamente, deixei o núcleo de TV da Metodista e fui contratado pelo Hoje Jornal (agora integrante do grupo Hoje Livre) para escrever na editoria de esportes. Foi bom, treinei meu texto e aprimorei meu estilo, embora o pagamento sempre atrasasse no fim do mês e não era registrado com carteira assinada.

Fiquei lá quase um ano. Saí do Hoje em 2007 e do Canal ABC 3 em 2008. Na sequência, fui contratado como free lancer pela "TV +" para cobrir as eleições municipais nas cidades do ABC. A cobertura rendeu grande repercussão na região. Acabei sendo contratado, pouco depois, pela emissora, para ser redator dos programas do núcleo artístico, no qual entendi a importância do entretenimento na TV. Tive um excelente líder, o jornalista Gustavo Baena, que já passou por Bandeirantes e Rede TV! Aprendi demais com ele.

Ainda em 2008, por causa da minha paixão pelo esporte, idealizei e fundei o programa Esporte na Rede, pioneiro em web TV. Inauguramos o programa e as transmissões da emissora no mesmo dia, em 6 de maio daquele ano. O programa é semanal, tem uma hora de duração e vai ao ar pela emisora web UPTV (www.uptv.com.br), toda terça-feira, às 20h. Completamos agora, recentemente, cinco anos no ar e mais de 160 edições. O projeto cresceu. Temos audiência no Brasil todo e também fizemos um site próprio (www.esportenarede.org), onde nosso fiel teleinternauta pode assistir às edições anteriores, acessar nosso blog e nosso perfil no Facebook.

Mas eis que num dia, no fim de 2009, quando voltava do dentista, meu ex-professor de TV na Metodista, Valdir Boffetti, ligou-me e fez um convite para assumir a liderança de um projeto que começava em Guarulhos, vinculado à prefeitura local. A produtora Lumiar Multimídia, do Valdir e de mais dois sócios, tinha sido designada para elaborar um programa semanal, jornalístico, informativo, feito apenas com reportagens (sem apresentador) para mostrar à população a atuação do Executivo no município. Assim, retratávamos oficinas, obras, gente do povo, ações sociais gratuitas, serviços de utilidade pública.

Eu era o editor-chefe. Revisava e finalizava textos, tinha autonomia para cortar e incluir partes de reportagens, etc. Enfim, era responsável pelo que ia ao ar. Aprendi demais com Valdir e meus outros chefes, Carioca (Erick Vieira) e Goswin Juchem. Passei a entender como funciona algo que sempre detestei: política.


Sempre odiei jornalismo político e ainda hoje, mesmo trabalhando com isso, não gosto muito. Porém, com meus ex-chefes, aprendi trâmites, aprendi a sair de situações embaraçosas, aprendi a ter paciência e jogo de cintura e aprendi que a política também tem seu lado bom, embora realmente seja um constante jogo de interesses em que sempre algumas poucas pessoas ganham e outras são enganadas.

Mas fui muito feliz na Lumiar. E veja como é o destino. Eu que sempre amei esporte e odiei política, hoje vivo do jornalismo atrelado à segunda opção e me realizo, uma vez por semana, com meu programa que, por falta de incentivo e patrocinadores, ainda não me deu retorno financeiro.

Antes de ir para a Lumiar, fiz testes para trainee na TV Bandeirantes. Cheguei à última etapa, para ser entrevistado pelo gestor da área escolhida: esporte. Mais um arrependimento. O cidadão, chamado Carlos Gomes, sequer olhou na minha cara, fez uma entrevista de pouquíssimos minutos e, pelo visto, já devia ter alguém indicado para a minha vaga. Depois, algumas línguas disseram-me que esse cidadão usava do seu poder para sair com garotas e depois dar emprego a elas. Também tive um professor na faculdade que fazia isso. Se era verdade ou não, não sei, mas que a atitude foi suspeita, isso foi.

Também fiz provas para ingressar na TV Cultura, mas outras línguas disseram-me que lá também já havia pessoas indicadas. Ou seja, talento no jornalismo é importante. Caráter, ética, a busca da verdade, da precisão e da objetividade. Tudo isso faz um jornalista ser muito bom. Mas a meritocracia não tem muito espaço. As indicações valem mais do que a competência. Uma pena.

Em 2011, revoltado com essas situações, fundei este blog para expressar opiniões, sentimentos e passar minhas experiências sobre essa profissão tão encantadora e injusta que é o jornalismo. Em pouco tempo, alcancei quase 86 mil visitas reais. Algumas pessoas, através do blog, vieram me pedir conselhos profissionais e outras até deixaram a profissão que desempenhavam para tentar a sorte no jornalismo. Felicidade maior para um blogueiro não poderia haver.


No ano passado, trabalhei como assessor de campanha na reeleição do prefeito de Guarulhos, Sebastião Almeida, do PT. Nunca havia feito campanha política na vida. Minha incumbência era fazer vídeos em forma de reportagem para o site do candidato. Confesso que a experiência surpreendeu-me positivamente.

O trabalho durante dois meses foi estafante. Pautas praticamente todos os dias, acompanhar o candidato nos lugares mais distantes da cidade, decupar as fitas e ainda editar todo o material de forma jornalística e publicitária ao mesmo tempo. Foi um grande desafio profissional, para testar a capacidade de trabalhar com outras linguagens. Chegava em casa às vezes duas horas da manhã, caindo de sono, para tomar um banho e voltar ao trabalho às 8h. Mas foi recompensador. Tive grandes jornadas e consegui entrevistar grandes figuras políticas do país como o eterno senador Eduardo Suplicy e o ex-presidente Lula.

Em janeiro deste ano, após pouco mais de três anos na Lumiar, passei em concurso público e hoje sou apresentador e repórter na TV Câmara Guarulhos. Portanto, continuo na política. Mas estou feliz. O trabalho é bem interessante e envolve reportagens para o jornal e apresentação de programas com os vereadores no intuito de mostrar como é o funcionamento do Legislativo.

Simultaneamente, continuo na apresentação do Esporte na Rede, que busca também expansão para outras emissoras a fim de ser reconhecido nacionalmente como um programa de ótima qualidade e conteúdo, bem ao contrário do que se vê na TV aberta.

Essa é minha trajetória profissional, de nove anos na televisão e na busca por um lugar ao sol. Sempre com ética, caráter, verdade, responsabilidade e com a missão de levar às pessoas a melhor informação. Sei que ainda estou só no início e, se Deus me der saúde e permitir, o caminho ainda será longo. Não sei o que me aguarda, mas acredito no trabalho bem feito para alcançar o sucesso. Um forte abraço.

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