Uma pitada de bom humor não tira a seriedade e a credibilidade do jornalismo

Os telejornais da televisão brasileira, salvo raras exceções, ainda reproduzem aquele visual formal e quadrado, além de um formato tradicionalista de apresentar as reportagens. Homens sempre de terno e gravata, mulheres de social e um tom sério, quase sisudo para ler as notícias do dia.

Recentemente, a Rede Globo tentou mudar um pouco essa cara, dando mais liberdade para que os apresentadores de seus telejornais dialoguem entre si, até mesmo com piadas sutis, ressaltando mais o bom humor. Mesmo assim, o telejornal de maior audiência do país, o Jornal Nacional, ainda é tradicionalista e ultrapassado.

Na verdade, os editores têm receio de que o bom humor, com uma colocação mais leve ou engraçada entre uma notícia ou outra, tire a credibilidade do jornal. No meu modo de entender, se assim pensam, pensam errado. O bom humor faz parte da cultura do brasileiro. Ninguém aguenta assistir a programas chatos na TV. Por isso, os programas de entretenimento, geralmente, são líderes de audiência.

É claro que você não deve fazer piada com notícias trágicas como mortes, assassinatos ou dramas familiares. Mas, em algumas circunstâncias, é bem possível encaixar alguma opinião ou declaração mais leve e bem humorada. Isso não faz com que o jornal deixe de ser sério. A extrema formalidade chateia, aborrece o telespectador. O bom humor atrai mais.

Por isso, em minha carreira como apresentador, sempre tento levar bom humor aos programas que comando. Sejam eles propícios a isso como o Esporte na Rede, exibido pela UPTV, sejam com um pouco menos de abertura, como o Câmara em Pauta, que conduzo na TV Câmara Guarulhos (foto que abre o post).

Este último é um programa com viés político, em que vereadores debatem e discutem temas relevantes para a população da cidade. Porém, sempre que tem uma brecha, eu encaixo uma declaração bem humorada. No entanto, é preciso ter sempre em mente um limite, para que você não pareça também um apresentador caricato, patético e incoveniente. Isso sim, tira a credibilidade da atração.

Mas, sabendo dosar, o bom humor é necessário. Ajuda a quebrar a tensão e o gelo em programas mais complicados e deixa os convidados e os telespectadores mais à vontade, mais envolvidos com o assunto que está sendo tratado. Sou favorável a uma mudança geral no telejornalismo do Brasil. Defendo a presença do bom humor nas atrações. Um forte abraço.

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