Na semana passada, um caso chamou bastante atenção no meio midiático. A repórter Liliana Junger (foto) entrou ao vivo de Belo Horizonte no Jornal Hoje (Rede Globo). Ela deveria passar informações referentes a contratos suspeitos firmados com ONGs.
Ela começou dizendo que os documentos seriam encaminhados para a capital mineira e aí começou a se atrapalhar ao iniciar a história da ONG, que seria uma OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público). Ela trocou o nome da entidade e este foi o primeiro passo para se perder. Ela ficou vários segundos tomando ar, quase sem folêgo, tentando ler o que tinha anotado no papel e recordar provavelmente as informações que ouvira há pouco tempo.
O chamado "branco" na TV ou no rádio é fatal. É um silêncio que faz um barulho danado. Liliana ficou pálida, quase perdeu o ar. Milhões de coisas devem ter passado por sua mente naquele instante, que durou cerca de 30 segundos, mas que, para ela, deve ter significado uma eternidade.
Era visível que a repórter não via o momento de cortarem e a tirarem do ar. Evaristo Costa, âncora do Jornal Hoje, constrangido e percebendo a saia justa da colega, disse: “Liliana, quando você tiver todas as informações apuradas e escritas a gente volta a se falar, tá bom? Obrigado por enquanto pelas suas informações”. (veja vídeo abaixo)
Liliana é experiente e bonita. Tem o perfil perfeito para a TV. Dicção excelente e tom de voz agradável. Mas não adianta. Até os mais veteranos podem tropeçar. É natural. A pressão nas grandes emissoras é enorme. Todos os dias, o repórter apura pautas muito diferentes umas das outras. Obviamente, não tem condições de dominar todos os assuntos. Seria impossível.
Quando não se domina um assunto com profundidade, por mais que o repórter anote milhares de informações, não há segurança suficiente para entrar ao vivo. O frio na barriga então ganha corpo e o nervosismo passa a tomar conta da mente do jornalista.
Isso deve ter acontecido com Liliana. Para piorar, as informações que ela havia anotado ou estavam em outra folha do bloco ou então estavam escritas de maneira desorganizada, muito difícil de serem compreendidas e processadas rapidamente por ela.
Nesse momento, há apenas uma opção para que o repórter evite uma saia muito justa. É melhor usar a honestidade e, com elegância, dizer que a equipe de reportagem ainda vai apurar novas informações e que retorna durante a programação da emissora com novidades. Assim, a saia fica menos justa. Digamos que estaria à altura dos joelhos.
Claro que, quem trabalha na mídia, vai perceber que o repórter deixou de passar a informação completa, pois devia ter perdido alguma parte dela ou não anotado a contento. Mas o público comum dificilmente iria notar. É tudo muito rápido em TV. O tempo para passar informação e para que o público a absorva é pequeno. É muito corrido. Um piscar de olhos e pronto, o telespectador já perdeu metade da informação. Por isso, manter a atenção de quem assiste é algo fundamental.
Porém, muita gente hoje assiste TV enquanto navega na internet. Então, nem se dá conta de quantas notícias viu ou quais informações foram transmitidas. Com certeza, você já deve ter presenciado ou mesmo sido o ator de uma cena assim: acaba de passar a reportagem na TV e a pessoa se vira para um(a) companheiro(a) que estava a seu lado e pergunta: "O que foi mesmo que a reporter disse?", ou então: "quando mesmo vai ser tal evento? A moça acabou de falar".
E você ou respondeu isso, ou ouviu a seguinte resposta: "Puxa, não sei... não estava prestando atenção". Mesmo estando na sala e mesmo olhando para a tela da TV, muita gente nem absorve a informação. Basta você desviar atenção um segundo, lembrar que o jantar está no fogão ou que precisa pagar tal conta e pronto, já foi.
Agora se acontecer um erro ao vivo, parece mágica. Todos param para ver o que está acontecendo. Por isso, a melhor saída para Liliana seria a de falar que depois voltaria com mais informações, ainda que os colegas do meio midiático percebessem que faltou uma parte da notícia. Mas o público não se daria conta. O caso não tomaria tal repercussão e Liliana não precisaria se estressar ainda mais com a situação.
O importante agora é que o público entenda que isso pode acontecer com qualquer um, até com Galvão Bueno ou William Bonner. E que, sabendo disso, não marque a Liliana como a "repórter que teve um branco na entrada ao vivo". Liliana, minha solidariedade a você. Nós sabemos como é duro ser jornalista de TV e fazer diversas entradas ao vivo, sempre com imensa responsabilidade. Um forte abraço.
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Não sei se cabe isso, mas morri de dó dela, deu aflição ao ver o semblante dela na hora. Não sei se você se recorda Leandro, mas ocorreu isso outro dia com um reporter de descendência niponica que ao entrar ao vivo começou a gaguejar de tão nervoso que estava. Mas me solidarizo com todos, não sou reporter mas sou timido pacas e quando tive que falar em público, tive o famoso " branco " que durou uns 10 segundo mas pareciam horas.
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