segunda-feira, 3 de junho de 2013

TV aberta trata telespectador como trouxa: a péssima qualidade da programação diz tudo


Neste final de semana, Brasil e Inglaterra duelaram no novo estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro. Na transmissão da Rede Globo, Ronaldo, ex-centroavante da Seleção, apareceu como comentarista. Falou pouco e frases banais. Simplório ao extremo, sem nenhuma profundidade.

Acredito que para não agredir interesses comerciais e da Confederação Brasileira de Futebol, entidade que ele representa ante à organização da Copa aqui no ano que vem. Logo, Ronaldo não pode ser o comentarista de uma transmissão televisiva que envolva a Seleção Brasileira. Isso é um vício ético em sua origem. Alguém que representa uma entidade jamais falará mal dela, ainda mais na emissora líder de audiência do país.

Pois bem. Uma transmissão de esporte em TV aberta tem de tudo, menos jornalismo esportivo. O jornalismo propriamente dito é crítico por natureza. Tem de duvidar de tudo, desconfiar, criticar, colocar o dedo na ferida, fiscalizar, denunciar e, claro, elogiar quando necessário.

Numa transmissão em TV aberta, o que vemos é um mundo de Alice no País das Maravilhas. Tudo é perfeito, mágico, colorido. Não há defeitos, não há coisas erradas. O negócio fala mais alto, a parte comercial sempre vale mais. O evento é mais um espetáculo e menos um fato do qual o telespectador mereça informações corretas, precisas e uma análise crítica, racional, objetiva e isenta.

Saindo do futebol, vemos programas como os de João Kleber, na Rede TV!, que não acrescentam absolutamente nada ao intelecto popular. Pelo contrário, ainda mostram desvios de conduta (totalmente encenados, diga-se de passagem) em situações como teste de fidelidade.

O sensacionalismo ainda habita as telas em programas policiais como Brasil Urgente, de José Luiz Datena, na Bandeirantes e Cidade Alerta, com Marcelo Resende, na Rede Record. Não nos esqueçamos de um reality show de péssima categoria, como Big Brother Brasil, da Rede Globo.

Agora, a pergunta que não quer calar. Por que há tanto lixo na TV aberta? É o povo que gosta de ver coisas ruins e por isso as emissoras exibem ou as emissoras, de tanto exibirem porcarias, condicionam o telespectador a gostar de programação de baixo nível?

O telespectador não é idiota, troxa ou babaca. Mas as emissoras de TV aberta o tratam desta forma. A maioria, claro. Não podemos generalizar. Ainda existem alguns programas sérios e informativos como telejornais e alguns educativos na TV Cultura (Fundação Padre Ancheita).

O futebol está provando que o gosto pela programação de TV também não tem nada a ver com classe social. Muitos dirigentes sempre alegaram que não construíam estádios decentes porque os torcedores são vândalos e não sabem torcer. Quebram tudo e pulam nos assentos (quando eles existem). Mentira! Vimos em jogos do Brasil em Belo Horizonte e ontem no Rio de Janeiro que o povo brasileiro é civilizado e gosta de conforto.

Torceram de modo digno, ficaram sentados, usaram banheiros limpos e decentes. Claro, ainda faltam ajustes, mas esta é a prova de que o povo brasileiro gosta sim de conforto. E se gosta de conforto, também gosta de cultura, de assistir programas de qualidade. Porém, as emissoras abertas não oferecem. O motivo de tratarem o telespectador médio como uma pessoa sem a menor formação cultural e sem um gosto apurado não sabemos. Não acredito que as empresas que patrocinam estas emissoras têm o poder de interferir em programação.

Em uma especulação simples, podemos talvez imaginar que o interesse é dos governos, dos políticos. Eles é quem liberam as concessões para o funcionamento das emissoras. E é de interesse deles que a população seja sempre emburrecida. Vide a situação da educação pública no país.

Claro, pessoas sem educação, sem cultura são mais facilmente manipuláveis. Não conseguem subir na vida sem uma escolaridade decente. É difícil conseguirem boas vagas de emprego. Com isso, quanto mais pobres, mais dependem do Estado. E quanto mais dependem do Estado, mais fácil é para governantes e políticos conseguirem votos. Mas é apenas uma divagação. Se tem sentido ou não, você pode julgar, caro leitor.

Fato é que, por alguma razão, a maioria das emissoras de TV aberta trata o telespectador como um legítimo imbecil. Meu conselho. Se você não tem TV por assinatura, procure na internet algo que o agrade. Aliás, a internet tem tomado a audiência da TV aberta de modo relevante. Se não tem internet, desligue seu televisor e vá ler um livro, uma revista. Vai te trazer mais informação e mais cultura, sem sombra de dúvida. Um forte abraço.

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Um comentário:

  1. Sou viciado em futebol. Mas confesso que no domigno vibrei assistindo SAMPAIO CORREA X BRASILIENSE do que com o jogo do Maracanã Arena. Tenho procurado ver mais os programas da Tv Brasil, Tv Cultura e Tv Escola (documentários). Sempre ouço críticas as Tvs estatais mas elas são as melhores com programas bons e de muito bom nível. É uma pena, mas infelizmente o povo está tão embabacado que preferi assistir lixos do que ler um livro.

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