Desde que surgiu e tornou-se popular no mundo e no Brasil, a internet mudou o modo de viver das pessoas. Permitiu a quase real democracia da informação. Digo "quase" porque a rede mundial de computadores ainda não é acessível à maioria da população do globo. E em alguns países, como a China, sofre restrições de acesso. Mesmo assim, sua criação revolucionou a circulação do volume de informações e, praticamente, destruiu as fronteiras físicas e as distâncias.
A criação das redes sociais impulsionou e amplificou a distribuição das informações, já que, hoje, você consegue massificar qualquer pensamento, texto, foto ou vídeo para milhares e milhares de internautas, amigos seus ou não.
Sites de armazenamento de som e imagem como o Youtube são depositários dos mais diversos conteúdos, para o bem ou para o mal. Apesar da política de privacidade e de publicação do material, quase qualquer tipo de vídeo pode ser armazenado. Logo, existem coisas excelentes, com ótimo teor, coisas de utilidade pública, coisas bem humoradas e engraçadas e, claro, coisas sem serventia alguma.
Isso posto, vamos falar sobre a polêmica entrevista de um telespectador que atacou o programa Big Brother Brasil, da Rede Globo. A declaração foi concedida por um rapaz de nome Rafael ao repórter Vinícius Valverde. O depoimento foi gravado por um conhecido do rapaz e publicado no Youtube e nas redes sociais. Assista aqui:
http://www.youtube.com/watch?v=Qy_ELjDlVPA
http://www.youtube.com/watch?v=QzM7Juh3BOA
http://www.youtube.com/watch?v=luRUq1Z7Q7w
Coloquei os três links, para o caso de, um dia, removerem algum deles do site. Vamos lá. Primeiro, temos aí duas visões. Do repórter, que buscava fazer seu trabalho. E do telespectador que passava por um shopping e aceitou dar entrevista.
Bem, eu, como jornalista, quando vou pedir a declaração de alguma fonte ou entrevistado, pergunto se a pessoa pode dar um depoimento em vídeo para a câmera (com autorização gravada) e, em seguida, falo rápida e brevemente sobre o conteúdo que vou abordar.
Logo, se a pessoa não sabe falar sobre aquele assunto, se não tem opinião formada ou mesmo se não gosta, obviamente, recusa-se a dar entrevista. Pergunto: por que alguém que não gosta do programa aceitou falar com o repórter cujo microfone carrega em seu cubo (canopla) o lotipo do Big Brother?
Mais: por que um conhecido do rapaz estava, assim como que por coincidência, gravando a entrevista? Simplesmente para postar nas redes sociais? Não estou aqui para defender a Rede Globo e muito menos a atração denominada de reality show, a qual acho de péssimo gosto e qualidade. Nisso, concordo com o telespectador. Porém, a forma que ele usou para aparecer, aproveitando a presença do repórter, foi incorreta.
O rapaz tem toda razão quanto ao conteúdo do programa. É horrível. No entanto, ele poderia gravar um vídeo caseiro, como fez o conhecido, para expressar sua indignação, sem a presença do repórter.
Mas teria a mesma repercussão? Com certeza, não. Obviamente, o repórter iria interromper a entrevista como de fato o fez. Quando eu saio às ruas para desenvolver uma pauta, vou em busca de declarações relevantes para a reportagem. Quando alguém começa a dissertar sobre um tema que não é pertinente à minha pauta, termino de ouvir a pessoa, agradeço e, claro, não vou usar o material na edição.
Óbvio. É inocência demais acreditar que, um dia, a Rede Globo publicaria essa entrevista. É depor contra a própria empresa. Isso não existe! Uma coisa é você escrever sobre determinado assunto como faço neste espaço ou mesmo publicar o tal vídeo caseiro com sua opinião. Outra é você aproveitar uma situação para pagar de bom moço e de guardião da moral e dos bons costumes.
O repórter Vinícius Valverde foi até bem elegante. Registrou o depoimento e disse, acertadamente, que não podemos admirar a vista apenas pela janela. Temos de ter a mente mais aberta e ampla. A receita, ele mesmo já deu. Hoje, temos o controle remoto nas mãos.
Em vez de reclamar do programa (que, repito, também acho uma porcaria), vá ler um livro, desligue a TV ou mude de canal. Agora que tenho a possibilidade de pagar TV por assinatura, quase não vejo mais os canais abertos por entender que a programação é de péssima qualidade e feita sem nenhum critério.
Por exemplo. A TV aberta veicula porcaria porque o brasileiro gosta de ver ou o brasileiro vê porcaria porque é só isso que esses canais exibem? É como o slogan da Tostines, lembra? Vende mais porque é fresquinha ou é fresquinha porque vende mais?
É algo complicado de se definir e também uma longa discussão que daria linhas e linhas digitadas. Fica para uma próxima. Para finalizar, o que fez o telespectador é a prova cabal de que a Globo, por pior que seja sua programação, é um monstro na liderança da audiência deste país. Por isso, o "uso" do repórter para aparecer. Um forte abraço.
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