segunda-feira, 21 de outubro de 2013

A liberdade dada pela internet e pela falta de patrocinadores


Fazer programas e vídeos para a internet tem suas vantagens. A principal delas é a liberdade editorial. Na internet, você tem liberdade criativa e de conteúdo máximas, enquanto na TV convencional é exatamente o oposto. Se você tem um programa em uma emissora web, claro que essa condição também depende da direção da empresa, mas, geralmente, a liberdade é muito maior do que nas emissoras de TV abertas e por assinatura.

O humorista Felipe Neto, que já ganhou muito dinheiro na rede mundial de computadores, atesta o que digo. "Eu tinha o sonho de fazer TV, mas, quando fiz, perdi o tesão. Os anunciantes controlam tudo, você tem quase zero liberdade criativa. Eu vinha da internet, onde tinha 100% de liberdade", disse, em entrevista à jornalista Mônica Bergamo, do portal UOL.

Segundo a jornalista, o "Não Faz Sentido", canal do humorista no Youtube desde 2010, tem mais de 2,5 milhões de inscritos e 49 vídeos que somam quase 180 milhões de visualizações, a maior média por vídeo dos canais nacionais no site.

Portanto, a liberdade proporcionada pela internet é inegável. E pode render frutos financeiros e audiência. Vide o também humorístico Porta dos Fundos, outro exemplo de sucesso. Os atores já foram convidados para reproduzir o programa na TV, mas jamais teriam a liberdade que hoje ostentam na internet. Suas piadas satirizam a tudo e todos, com situações comuns do dia-a-dia e também uma dose de palavrões, que, efetivamente, também dizemos às vezes durante o dia. Normal. Eles não aceitaram os convites.

A falta de anunciantes é outro ponto que ajuda na liberdade. Se ninguém paga para sustentar sua atração no ar, também não pode querer interferir nela. Claro, os anunciantes são fundamentais para o sucesso de qualquer atração. Mas, a falta deles tem seu lado positivo.

É o que acontece no Esporte na Rede, programa que apresento semanalmente na emissora web UPTV. Não temos patrocinadores (infelizmente). Mas, ainda que tivéssemos, jamais iríamos nos sujeitar aos gostos do anunciante. Nunca iremos perder nossa liberdade editorial. E mais, podemos falar muita coisa que muita gente não pode, justamente por estar atrelada a patrocinadores.

Ou seja, ainda que uma empresa, comércio, indústria queira anunciar em uma atração, o patrocinador jamais deve querer interferir na produção do programa, em sua linha editorial ou na forma como é conduzido. Afinal, se o programa é bom o suficiente a ponto de atrair um interessado em anunciar, deve justamente ser coerente e manter seu formato e sua essência. Se foram esses aspectos que trouxeram investimentos, devem ser mantidos e solidificados.

Mas, com patrocinadores ou sem, como jornalista, confesso: nada no mundo paga a sensação deliciosa de poder dizer na TV (ainda que na web) o que penso. Expressar-me livremente, sem precisar ficar medindo palavras por receio de um anunciante não gostar. Nada paga esse prazer que, em última análise, é o ideal mais puro do jornalismo. Um forte abraço.

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