Certamente, após uma partida de futebol, você já parou uns minutinhos para assistir às entrevistas coletivas dos técnicos dos times. O melhor desse tipo de entrevista não é observar as declarações dadas pelos treinadores, mas sim as perguntas feitas pelos jornalistas. Em transmissões ao vivo e sem cortes, fica claro e evidente como faltam criatividade e profundidade a estes profissionais da imprensa.
Não é à toa que técnicos e jogadores ficam doidos da vida e começam a responder as questões de modo displicente. No geral, são questões repetitivas, rasas e algumas até bizarras. Após a vitória do Palmeiras por um a zero sobre o Santos na primeira partida da decisão do Campeonato Paulista deste ano, um repórter perguntou ao técnico do Verdão, Oswaldo de Oliveira, se a vitória tinha sido amarga.
Como assim, cara pálida? Já viu alguma vitória em decisão ser amarga? A pergunta foi motivada porque o time de Palestra Itália poderia ter vencido com um placar maior, após ter desperdiçado cobrança de pênalti, o que garantiria maior vantagem para o segundo confronto, na casa do adversário.
Ainda assim, repito: vitória amarga? Isso não existe. As outras perguntas, quase todas, giraram em torno do mesmo assunto. Repetitivas. Via-se a expressão de cansaço na cara do treinador alviverde ao responder a tanta baboseira. E o mesmo se dá, diariamente, com outros times, técnicos e jogadores.
Os repórteres são rasos. Insistentes em assuntos banais. Poucos analisam o jogo com profundidade tática e fazem perguntas inteligentes relacionadas a isso. Ou mesmo outras questões de cunho mais analítico. Só se prendem a fatos banais e repetem mil vezes as mesmas indagações.
O repórter precisa ser astuto, matreiro, esperto, perspicaz. E ter condições de, inclusive, analisar uma partida de futebol com um olhar crítico, envolvendo tudo que a cerca. As entrevistas coletivas são verdadeiras aulas de como não se faz jornalismo.
Por alguns anos, dediquei minha carreira ao jornalismo esportivo e, vez ou outra, ainda faço alguns trabalhos na área. Jamais fui raso. Caminhava na direção oposta ao fluxo. Quando todos faziam perguntas sobre um mesmo tema, eu ia pelo caminho contrário. E sempre obtive ótimas declarações. "Vitória amarga"? Nunca! Um forte abraço.
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