segunda-feira, 9 de junho de 2014

A importância da "bufada" de Patrícia Poeta e da caneta de Sandra Annenberg


Na última semana, as redes sociais foram bombardeadas com comentários sobre possíveis gafes em dois programas jornalísticos da Rede Globo. Primeiro, os internautas ridicularizaram Patrícia Poeta (na foto, à direita) por dar uma "bufada" ao lado do narrador Galvão Bueno. A jornalista não sabia que já estava no ar quando fez o gesto. Veja aqui o vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=nZWiqZ5Kn4A

Na mesma semana, Sandra Annenberg (na foto, à esquerda), uma das âncoras do Jornal Hoje, deixou cair sua caneta no fim da edição. Pôs-se a gargalhar e o companheiro de bancada, Evaristo Costa, muito elegantemente, sem perder o rebolado, disse que pegaria a caneta para ela. Mas não exagerou na dose da risada. Veja o vídeo aqui: https://www.youtube.com/watch?v=kKuzw96BMJs

Mais do que engraçados, os atos de ambas revelam algo interessante sobre o telejornalismo brasileiro. Ninguém aguenta mais os formatos quadrados e ultrapassados da maneira como a notícia é mostrada na TV.

Ou então, os temas escolhidos para serem exibidos pelos telejornais estão extremamente desinteressantes, visto que hoje, muita gente já se informa sobre os principais assuntos do dia pela internet, que pode ser acessada de um simples aparelho de telefonia móvel.

Nesse caso, o cotidiano ganha força sobre o conteúdo. Aposto que se eu pedir a você, amigo leitor, que me aponte uma reportagem exibida no Jornal Nacional no mesmo dia da "bufada" de Patrícia Poeta, você terá dificuldade para lembrar. Mas da "bufada", com certeza, você se lembrará. O mesmo vale para a caneta de Sandra Annenberg.

O jornalista Paulo Pacheco, do site Notícias da TV, ecreveu exatamente sobre isso. Leia aqui a íntegra do texto dele: http://noticiasdatv.uol.com.br/noticia/televisao/gafe-no-jornal-nacional-expoe-luta-por-sobrevivencia-diz-especialista-3663
Pacheco ouviu renomados mestres do jornalismo como o professor de telejornalismo da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), Antonio Brasil, e  Eugênio Bucci, docente de jornalismo da USP (Universidade de São Paulo).

Antonio entende que os jornalistas se transformaram em personagens, enquanto Bucci acredita que a quebra de formalidade é boa para o jornalismo e não compromete a credibilidade do mesmo.

Não acho que o jornalista queira se tornar personagem. Mas isso acontece mesmo sem querer. Até porque a bufada de Patrícia Poeta foi interpretada de diversas maneiras pelo público. Alguns realmente acharam que ela fazia aquecimento vocal (o exercício, tal qual como ela fez, é verdadeiramente recomendado por fonoaudiólogos e é feito daquela maneira). Outros entenderam que o gesto foi uma mostra de cansaço, estafa.

De qualquer forma, não se deve fazer nenhum tipo de gesto ou emitir qualquer som ou frase quando se faz um programa ao vivo e o retorno do comercial ou de um vídeo exibido é iminente. Ainda mais quando não se está no estúdio e em condições nas quais qualquer tipo de monitor de retorno ou comunicação com a emissora pode falhar. Esse foi o caso de Patrícia.

Em todo caso, o jornalismo foi o que menos se comentou na semana passada. Ninguém falou sobre alguma reportagem interessante vista no jornal, mas sim, de Patrícia bufando.

Pergunta que não quer calar: se o conteúdo de tais reportagens mostradas pelo telejornal é menos interessante que a bufada de Patrícia, por que tanta gente postou esse vídeo? Por que tanta gente comentou? Sinal de que, mesmo com esse conteúdo engessado, a audiência do jornal ainda é gigantesca. Por que a Patrícia é tão comentada? Porque trabalha numa líder de audiência. A TV ainda é vista, mas não é mais tão assimilada.

Antigamente, era comum alguém dizer o seguinte: "você viu que o preço de tal coisa vai subir?" "Não, não vi. Como você soube?" "Ah, mostrou no Jornal Nacional". Ou seja, uma notícia veiculada na TV, principalmente no Jornal Nacional, era tida como verdade absoluta e inquestionável.

Hoje, a frase é outra. "Você viu que o preço de tal coisa vai subir?" "Não vi, como você soube?" "Acabei de ler na internet. E aposto que a manipuladora da Globo não vai falar nada no Jornal Nacional". Ou seja, o telejornal tem seu conteúdo questionado, colocado em dúvida, antes mesmo de ir ao ar.

Por isso tem ficado tão desinteressante. Por isso a TV vem perdendo audiência e público para a internet. Antigamente, quando alguém ligava a TV, já estava no Canal 5, frequência da Globo aberta. Hoje, a Globo perdeu audiência porque, mesmo que alguém ligue a TV enquanto navega pela internet, não necessariamente está no 5 e sim, pode estar no canal 148 de uma TV por assinatura.

Hoje o conteúdo da TV importa menos. As pessoas querem saber mais de si mesmas, de seu cotidiano e menos de questões macro. Elas estão mais ligadas no microcosmo. Não vou criticar o formato atual da TV nem dos telejornais porque eu mesmo não saberia fazer diferente. É preciso que exista uma reflexão sobre como mudar forma e conteúdo das notícias na TV. Mas eu ainda não sei fazer diferente. É um desafio para todos da área. Pensar e discutir sobre a questão. Um forte abraço.

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Um comentário:

  1. Fala Leandro, como vai?
    O caso da Patrícia Poeta eu até vejo como mais infeliz.. a bufada fica estranha, acho que ainda mais ao telespectador leigo que pode interpretar como um sinal de falta de paciência ou estafa. Quanto à Annenberg, eu até achei simpático e ambos saíram da situação com certo estilo...

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